sábado, 29 de novembro de 2014

1 de dezembro de 1640

D. João IV, rei de Portugal

Em 1 de dezembro de 1640 foi restaurada a independência de Portugal.

A Restauração é uma data da maior relevância na já longa história de Portugal, um dos estados mais antigos do mundo. Interessa, nesta ocasião, sublinhar alguns aspetos que estão na origem daquela data. 

Em 1580, Portugal e Espanha passaram a ter, pela primeira vez, o mesmo monarca, D. Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal.

                                  




A subida ao trono de Portugal do Rei de Espanha só foi possível devido ao desastre de Alcácer-Quibir.






Nesta localidade do norte de Marrocos aconteceu uma batalha feroz entre três Reis: o Sultão de Marrocos, apoiado pelos otomanos, considerado usurpador por uma outra facção marroquina; o Rei legítimo de Marrocos, apoiado pelos portugueses; e El-Rei de Portugal, D. Sebastião (1554-1578), comandando um corpo expedicionário português, defendendo a legitimidade do Rei de Marrocos e desejoso de afastar o território marroquino da influência turca - a " batalha dos três Reis", como é conhecida no Reino de Marrocos, pois todos eles morreram durante aquele impiedoso confronto.

A morte de D. Sebastião de Portugal foi um acontecimento terrível para o país pois morreu sem deixar herdeiro, dando oportunidade ao candidato político-militar mais forte, D. Filipe II de Espanha, tornar-se também Rei de Portugal.
     
 Museu Nacional, Bogotá - Colômbia

Este ao assumir o trono português jurou nas Cortes de Tomar (1581) respeitar as leis e costumes portugueses, incluindo a nossa língua. Até cerca de 1620, os portugueses pareceram resignados com a união política, mas as sucessivas crises financeiras espanholas, a inflação, o aumento dos impostos, o encarecimento da mão-de-obra em determinadas regiões e o fraco apoio da coroa à manutenção do império português, no qual se sustentava grande parte da nossa atividade económica, aumentaram o descontentamento popular.                                                                                                                                       
                                                   































A monarquia de Espanha, em território português, como na restante Europa do século XVII, estava cada vez mais desprestigiada.

O clero e a nobreza nacionais, afastados do principal centro de decisão, em Madrid, sentiam-se subalternizados. As revoltas começaram a ser habituais, como a de Évora (1637-38). D. Filipe III, que subiu ao trono em 1621, acentuou o desrespeito pelas leis e costumes portugueses, contrariando dessa forma as promessas do seu avô e o seu próprio juramento, quando ascendeu ao trono de Portugal, o qual continuava, em termos formais, a ser um Reino e nunca uma província ou região espanhola.































As fotos foram tiradas no Museu Nacional de Arte do México durante a exposição Yo, El Rey (2015)




Deste modo organizou-se a conspiração que levou à aclamação de um novo e legítimo Rei de Portugal, na madrugada de 1 de dezembro de 1640.

Palácio da Ribeira

Um grupo de nobres, os quarenta conjurados, dirigiram-se à sede do governo no Palácio da Ribeira, que ficava no Terreiro do Paço, prenderam a Duquesa de Mântua, a odiada alta representante da coroa espanhola e mataram o seu homem de confiança, o traidor Miguel de Vasconcellos, atirando-o depois pela varanda abaixo, proclamando “Arraial, Arraial, por El-Rei de Portugal D. João IV”. Deu-se dessa maneira início à IV Dinastia, intitulada de Bragança, em honra do seu fundador, descendente do primeiro rei de Portugal e  conhecido pelo seu título de Duque de Bragança.

Quando era criança, na Madeira, era costume escrever-se a giz no portal das casas esta data histórica, 1640. Foi a primeira forma de graffiti que conheci, a qual não tinha um mau impacto no ambiente, pois era facilmente lavável.


No Palácio Fronteira, em Lisboa, há uma sala dedicada à Restauração com belos painéis em azulejo sobre as batalhas da Guerra da Restauração.



A Praça dos Restauradores, em Lisboa, dedicada à Restauração da Independência foi inaugurada em 1886.








As figuras de bronze representam a Vitória e a Liberdade. Os nomes no obelisco são os das batalhas da Restauração, através das quais Portugal derrotou a Espanha e afirmou a sua Independência.

“O Portugal dos Filipes é uma criação portuguesa”   Conversa com o historiador espanhol Fernando Bouza



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