Hoje visitei o gigantesco projecto de Nicolae Ceausescu: o palácio concebido para ser a sede de todo o poder político e administrativo da Roménia. A sua construção começou em 1984, baseado no projecto de uma jovem arquitecta.
Uma grande área de edifícios históricos, igrejas e habitações da capital romena foram arrasadas para dar lugar a este espaço tão vasto. Nicolae Ceausescu aproveitou os efeitos devastadores do terramoto (7,2 de magnitude) de 4 de março de 1977 para avançar os seus planos megalómanos de centralização política e administrativa.
Assim, foram contratados cerca de 700 arquitetos e mais de 20000 operários, os quais trabalharam em turnos durante 24 horas.
Encontra-se registado no Livro dos Recordes como o maior palácio, a segunda maior edificação administrativa, após o Pentágono e o maior e mais caro centro cívico-administrativo do mundo.
A escadaria de mármore, inspirada no Palácio de Inverno de St Petersburg foi refeita 3 vezes, para ficar ao gosto de Ceausescu, o qual não sendo muito alto, queria subir e descer com naturalidade e sem esforço as escadas, pois planeava receber ali os dignitários estrangeiros.
Da varanda observa-se a avenida inspirada nos Champs Elysées de Paris, cuja dimensão é, porém, maior, que a famosa avenida parisiense. Era daqui que o ditador planeava discursar... Nunca aconteceu. Aliás e de acordo com a guia, só uma vez foi utilizada para saudar multidões e pela estrela pop Michael Jackson, que ao dar as boas vindas aos fãs cometeu a estrondosa gafe "People of Budapest, I love you". Segundo consta, os romenos, tolerantes, não ligaram muito à tolice, pois adoraram o concerto.
Em 1989, quando se dá a queda do regime, cerca de 60% da construção estava finalizada. Contudo, como os materiais já estavam pagos o projeto continuou.
Palácio do Patriarcado
Em 1997, a Câmara dos Deputados da Roménia, a qual estivera previamente instalada no, hoje em dia, Palácio do Patriarcado, mudou-se para o Palácio do Povo, como é também conhecido.
Na construção foram empregues, quase inteiramente, materiais de origem romena. A guia mencionou as toneladas de mármore, cimento, aço, a quantidade de madeira, de cristal, tapetes e cabedal utilizados, assim como o peso dos cortinados.
O único material que não é de origem romena, trata-se do mogno, oferecido pelo presidente Mobutu do Zaire, mas que foi trabalhado por artífices romenos.
A sala Nicolae Titulescu só é utilizada para fins protocolares, tendo sido escolhido cor-de-rosa, porque nenhuma bandeira nacional inclui essa cor.
Sala C. A. Rosetti
Foi desenhada para ser uma sala de espetáculos para 600 pessoas.
Sala dos Direitos Humanos
Hoje em dia, há muitos salões que podem ser alugados para diversas iniciativas, entre as quais a realização de filmes, uma maneira de obter receita para pagar os enormes custos de manutenção.
Nos corredores e salas visitadas podem-se apreciar peças notáveis de mobiliário, lustres enormes, assim como alguns belos quadros.
Os excelentes pisos de mármore são cobertos por belos tapetes de grandes dimensões fabricados na Roménia e pareceu-me uma pena que não estejam cobertos por passadeiras para os protegerem do contínuo fluxo de visitantes, pois só o meu grupo (as visitas são todas guiadas e na minha as explicações foram em inglês) contaria com mais de trinta pessoas.
Um quadro de propaganda representando alegoricamente o ditador e a mulher como esperança para a paz
Atualmente, no Palácio do Povo da Roménia, rodeado por grandes prédios onde se localizam vários ministérios, funciona a Câmara dos Deputados, o Senado, o Supremo Tribunal e, desde 2004, o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC).
Após uma hora e quinze minutos de visita fiquei a saber, que só conhecera 3% de todo aquele espaço colossal e tinha andado 2 km.
https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/nicolae-ceausescu-em-portugal/
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