sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A biografia de Michelle Obama




Acabei de ler a auto-biografia de Michelle Obama. É uma obra inspiradora e otimista.  Está estruturada em três partes: "Eu, Nós e Mais". Na primeira parte revela pormenores da sua infância num bairro do South Side de Chicago e da família: um pai doente com esclerose múltipla, com grande sentido de dever e do que seria melhor para os seus dois filhos, a própria Michelle e o seu irmão mais velho Craig; e também uma mãe sempre disponível, que só começou a trabalhar fora de casa, quando os filhos já eram quase adultos. Os pais sempre valorizaram a educação e o exprimir-se de maneira correta, sem a utilização de gíria. Talvez por isso, refere-se a um episódio da adolescência, quando uma prima lhe disse que falava como os brancos.

Licenciou-se em Princeton, uma universidade de prestígio da chamada "Ivy League" e depois estudou Direito em Harvard. Foi advogada, numa prestigiada firma de advocacia de Chicago, onde conheceu Barack Obama, um estagiário cheio de recomendações e com fama de ser intelectual.

Na segunda parte, revela como é o marido: muito seguro de si, desinteressado em relação às coisas materiais, desorganizado e disponível para se dedicar a vários projetos ao mesmo tempo. Sublinha ter sido o maior apoio para a própria Michelle Obama escolher outra carreira de que gostasse, pois descobriu detestar ser advogada. Deixou então o emprego, onde ganhava bem, para trabalhar na Câmara Municipal de Chicago. Mais tarde, foi convidada para trabalhar na universidade de Chicago e no centro de saúde do mesmo estabelecimento universitário, funções exercidas com dedicação, numa altura que já era mãe de duas filhas. Confessa ter sentido,  por vezes, raiva do trabalho do marido em politica, porque o mantinha afastado da família por muito tempo, pelo que resolveram procurar aconselhamento matrimonial (quantas mulheres europeias com maridos famosos escreveriam sobre estes pormenores íntimos?)

A última parte, "Mais" coincide com o estatuto de Primeira Dama dos Estados Unidos e a sua dificuldade de adaptação, nos primeiros tempos. Gostei da afirmação de estar ainda hoje em dia a tornar-se Michelle Obama, sobretudo depois do que já alcançou, o que mostra abertura perante a vida e esperança no futuro. Assim, espera viver outras aventuras, pois, como diz, não devemos estagnar após a concretização de um objectivo. 


Das muitas visitas que fez a companhar o marido escreve apenas sobre a primeira ao Reino Unido e da gaffe que cometeu ao abraçar a Rainha a quem não é suposto tocar-se. Esse gesto de afeto surgiu na sequência do desabafo da Rainha em dizer-lhe como ela era tão alta e como os pés das duas já estavam a doer dos sapatos. Das últimas visitas que os Obama fizeram foi novamente aquele país e tinha sido acertado pelos serviços de protocolo, que viajariam de helicóptero de Londres para o Castelo de Windsor. Aí seriam recebidos pela rainha e o marido, o qual os conduziria de carro até ao Palácio. Ela deveria sentar-se com o Duque de Edimburgo à frente e atrás seguiria o marido com a rainha, só que esta trocou-lhe as voltas e disse para se sentar consigo atrás. Como a rainha a viu hesitar, perguntou-lhe se lhe tinham dito outra coisa não fazia mal nenhum, pois podia sentar-se onde quisesse.

Gostei muito do livro e da sua franqueza, o qual tem partes muito bem conseguidas, principalmente quando menciona a doença do pai, uma amiga que morreu muito jovem e a sua visita a África para conhecer a avó do marido e o seu desencanto por estar perante uma cultura, onde estariam as raízes, dos seus antepassados, mas que lhe dizia tão pouco como americana. 


A criação de uma horta foi o projeto para a Casa Branca de Michelle Obama como Primeira Dama. Simbolicamente, visou sublinhar a importância de uma alimentação saudável em especial para as crianças,  na luta contra a obesidade; e também a necessidade de praticar exercício físico constituiu outro aspecto a que deu relevo.


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