quarta-feira, 3 de julho de 2019

A casa é o reflexo dos donos...


Acredito que as casas são reflexo de quem lá habita e dizem muito sobre a personalidade das pessoas. Sou incapaz de ir morar para outra casa e deixar tudo como estava, sem dar um toque pessoal, realçar o que gosto mais e afastar o que me parece dispensável. Estou neste estado de espírito de experimentação nas primeiras semanas, até começar a criar um elo com o ambiente e sentir que não estou num hotel.

Com os jardins passa-se a mesma coisa, sejam os da frente da casa, vistos pelos convidados, como os das traseiras, só visitados por quem habita e trabalha na casa. Por isso, foi com alguma tristeza que vi parte dos jardins, de uma casa onde morei, estarem negligenciados, quando me empenhei tanto por recuperá-los...

Era adolescente e lembro-me do entusiasmo da minha mãe, quando convidava alguém para almoçar em casa, mesmo sendo da família. Uma vez foi um primo, cujos pais morreram cedo e vivera na casa com a minha avó, mãe e tias, até ir estudar medicina para Coimbra e aí casar e ter filhos. Um dia mencionei-o a um colega mais velho, que passava as férias em Eventos e soube que o Dr. Gabriel João da Silva era uma figura muito estimada pela população, tipo "João Semana", (até andava a cavalo), que a sua família falava sempre com muito apreço e respeito. Ora, quando esse primo foi à Madeira receber um prémio foi recebido como um príncipe lá em casa. Hoje em dia, muitas pessoas já não têm orgulho ou sentem prazer nas suas casas e, sobretudo, não se querem dar ao trabalho de cozinhar, por isso quase todos os convites são para restaurantes, como se fosse a mesma coisa..

Quando me casei, comecei a convidar colegas de trabalho do meu marido para o nosso pequeno apartamento de 3 assoalhadas, num segundo andar, sem elevador, em Algés. No entanto, cedo percebi que essa era uma tradição muito madeirense e que não se usava no continente.

Gosto muito de ler a revista Architectural Digest. Já assinei, agora vejo só online. Por vezes apresenta casas de sonho, outras vezes umas que são até repulsivas para o meu gosto. 


Quem é que se lembraria de ter uma casa de jantar assim? A mesa em mogno tem umas faixas em folha de ouro... e as cadeiras?. O que mete pena é que a vista é soberba...

Já em 2016 fiz um post intitulado Se o mau gosto pagasse imposto, onde se pode ver o salão, da mesma casa, (triplex em NY) com colunas coríntias em mármore com o capitel dourado...e com os donos em pose. Sabem a quem me refiro? Aqui vai mais...

E, já agora, vou acabar com palavras da Sophia: 
"A beleza não é cara. É geralmente menos cara do que a fealdade que quase sempre se chama luxo, monumentalismo, pretensão. A beleza é simplicidade, verdade, proporção, coisas que dependem muito mais da cultura e da dignidade do que do dinheiro".

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