terça-feira, 16 de março de 2021

O castelo Červený Kameň

"Castelo na Rocha Vermelha" é o que significa o nome deste castelo. 

Na fotografia da esquerda, parte da rocha original, onde construíram o primitivo castelo, no século XIII

Červený Kameň está localizado nos Pequenos Cárpatos, perto da cidade de Modra, conhecida pelo seu vinho e cerâmica pintada, a cerca de 30 km de Bratislava.

É um dos castelos da Renascença melhor preservados. No século XIII, fazia parte de uma cadeia de fortalezas construídas para a defesa do Reino da Hungria
.
Em 1528, tornou-se propriedade dos importantes banqueiros originários da cidade alemâ de Augsburg, os Fugger. Esta família teve relações com a coroa portuguesa, quando se abriu o comércio da Índia a companhias estrangeiras. Aliás, através do seu representante português Fernão de Noronha, foram os primeiros estrangeiros a investir no Brasil. Os descendentes aumentaram a fortuna familiar, investindo na exploração mineira (detinham praticamente o monopólio da exploração do cobre europeu) em Banská Bystrica, uma região eslovaca muito ligada a essa família.

A ligação dos Fugger à Casa de Habsburgo ficou bem expressa no financiamento a Carlos V como Imperador do Sacro-Império. No entanto, as sucessivas bancarrotas da monarquia espanhola acabaram por desferir um rude golpe nos negócios da família, que não pôde evitar a falência.

Durante o tempo em que esteve na posse dos Fugger, o castelo foi restaurado para defender a região dos ataques otomanos, constituindo também um armazém para os diferentes metais oriundos das minas. Mas uma residência Renascentista luxuosa foi também construída, contando então com os conhecimentos do artista Albrecht Dürer, cuja faceta como arquiteto é menos conhecida.

Vista do pátio interior do castelo do cimo de um bastião



Os quatro massivos baluartes são desta altura, assim como as galerias subterrâneas fortificadas, as quais tornaram este castelo impossível de conquistar.








Mária Fugger casou com um nobre Pállfy

Em 1590, a poderosa família nobre Pállfy tornou-se a dona do castelo, o qual foi remodelado para ser  uma residência de prestígio. Foram convidados muitos artistas italianos para decorá-lo e como esta família de viajantes era uma ávida colecionadora de arte, podemos hoje em dia ter uma ideia como viveram dos séculos XVI ao XX, pois só em 1945 é que o último Pálffy abandonou o castelo.

Um dos meus primeiros posts na Eslováquia foi quando andei à procura do palácio da família Pálffy, em Bratislava, onde Mozart tocara (Palácios e palacetes em Bratislava). Cheguei à conclusão que tinham 4 palacetes na capital e na visita guiada ao castelo de Červený Kameň, o guia disse-nos que possuiam cerca de 60 palacetes e castelos neste país. Gostei da história do brasão dos Pálffy e escrevi a sua história nesse post. Na visita ao castelo encontrei muitos...
 

 




Uma carruagem da família está em exposição no hall de entrada


O trenó revestido a ouro


Tapeçarias originais do século XVI

O museu tem em exposição muitas peças de mobília do século XVI ao XX. Obrigatória a visita a quem se interesse pela história do mobiliário. Gosto de ver móveis antigos e escrevi há uns anos sobre o estilo inglês no meu blogue. Aqui fui capaz de identificar algumas peças.


Nunca tinha visto tanta mobília original do século XVI, incluindo muitas arcas, que chamaria isabelinas. O guia informou-nos que em exposição nem está metade do espólio...


Quarto século XVI


Estilo Império feito em Moscovo


                                                 Um armário que é uma passagem secreta...

Cómoda com função de sanita



Estilo ró-có-có





Achei interessante o guia referir estilo Maria Antonieta em vez de Luís XVI..




As inconfundíveis cadeiras Queen Anne


Estilo da Secessão ou Arte Nova com fotografia da Imperatriz Sissi, com os seus longos cabelos.
A coleção de porcelanas é igualmente interessante 






O hall dos cavaleiros com entrada para a biblioteca. Por cima da porta o retrato do último Pálffy que viveu no palácio.





Na capela, o altar em madeira a imitar mármore com um relevo original da Última Ceia em mesa redonda.


Esta sala  decorada com muitos frescos pode ser alugada para casamentos civis

Detalhe da pintura da página do livro de honra 

Quando terminámos a visita do museu, subimos a um bastião e por último fomos visitar as caves, que hoje em dia podem ser alugadas para festas. Fiquei impressionada com o seu tamanho. São da época  da reconstrução do castelo no século XVI e o seu objetivo era armazenar cobre, ouro e prata das minas da família Fugger, mas com a guerra dos Trinta Anos e a dificuldde em exportar esses produtos, as caves nunca chegaram a ser utilizadas para esse efeito.



Impressionante é também a profundidade da cisterna, porém e ao contrário de outras que visitei não está ligada a qualquer história romântica...



Gostei muito de visitar este castelo com um guia muito profissional, com orgulho no que mostrava e explicava. A visita durou mais de duas horas. É dos locais que gostaria de regressar, antes da minha partida da Eslováquia.



1 comentário:

  1. Gostei bastante. O mobiliário é de facto impressionante, assim como as caves!

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