domingo, 30 de maio de 2021

Visita a duas cidades mineiras


Banská Štiavnica e Banská Bystrica

O nome da cidade Banská Štiavnica é composto por duas palavras, as quais, em eslovaco, significam mina (banská) e o nome das montanhas Štiavnica, resultantes de uma enorme caldeira criada pelo colapso de um muito antigo vulcão e eram por isso bastante ricas em minerais. Por sua vez Banská Bystrica também deve o seu nome às minas e ao rio local, chamado Bystrica.



Banská Štiavnica

No século XI, populações de origem alemã começaram a fixar-se no topo das serras, onde tinham descoberto ferro, perto da superficie, o que levou a um rápido desenvolvimento da cidade. No século XVII, é usada pólvora pela primeira vez nas minas, o que levou a um aumento de produção. No entanto, nos anos seguintes surgiram muitos obstáculos, uma vez que o minério encontrava-se cada vez a maior profundidade, a cerca de 300m e as minas eram frequentemente inundadas, o que dificultava enormemente a exploração. Criaram um sistema de grandes reservatórios (tajchy) à volta da área de onde extraíam água das minas depois usada para uso doméstico.


Os Tajchy estão muito bem integrados no ambiente florestal, dando beleza à paisagem

No século XVIII foram introduzidas novas tecnologias com a ajuda da Academia Mineira, fundada pela Imperatriz Maria Teresa em 1762, com alunos de toda a Europa, para frequentar a primeira escola superior tecnológica.

A fama da cidade e o seu centro histórico, valeram-lhe a inclusão na Lista de Património Mundial da Unesco, com muitos pontos de interesse, que requerem uma visita atenta.



O velho castelo e uma igreja fortificada, que se tornou uma fortaleza



O novo castelo construído no século XVI como defesa contra os otomanos.





A torre Klopačka do século XVII usada para chamar os mineiros  ao trabalho.









A estátua da Santíssima Trindade tem grande relevo na principal praça, uma homenagem aos mortos pela epidemia de Peste Negra, que dizimou a cidade em 1710.

Foi um prazer passear a pé pelo centro e admirar as bonitas construções restauradas feitas para os ricos empreendedores das minas.








A Igreja de Santa Catarina estava fechada





Por último fomos ao Calvário, uma construção do século XVIII, no cimo de um monte com muitas capelas com relevos relativos à vida de Cristo (muitos originais estavam em exposiçao no castelo).



Não chegámos ao cimo, mas a vista é fantástica.



Seguimos para Banská Bystrica, sempre acompanhados pelas montanhas dos Tatras Baixos.

Banská Bystrica

Chegámos à hora de almoço e fomos primeiro almoçar. Não foi dificil, pois a enorme praça da cidade está repleta de restaurantes, nos antigos edificios todos muito bem renovados. Depois, ao andar pela cidade, verificámos que todo o comércio estava fechado. Entrámos num posto de turismo e o senhor que lá estava só falava eslovaco e não conseguiu dar-nos informações...não havia mais ninguém. O museu também estava fechado assim como as igrejas. Foi uma visita pelo bonito espaço aberto, que tem o nome Praça da Revolta Nacional Eslovaca, que comemora a Revolução Eslovaca antifascista, durante a Segunda Guerra Mundial. Não tentámos visitar o museu, que celebra esse movimento revolucionário e fica um pouco afastado do centro, pois devia estar também fechado.
Contudo, valeu a pena o passeio, pois a restauração feita a algumas mansões dos donos das minas, são realmente interessantes e atraentes, até pelas suas diferentes cores, que privilegiam os tons pastel.
A primeira vez que ouvi falar desta cidade foi quando visitei o castelo de Červený Kameň, até agora o meu favorito e nos disseram que as enormes caves eram para armazenar minérios, sobretudo cobre para exportar para a Europa, quando os Fugger, proprietários das minas nesta região, se tornaram donos do castelo (as maiores caves que já vi são para armazenar vinho. Visitei-as na viagem a Quichinau, na Moldávia).



Em março deste ano nas caves do castelo Červený Kameň









Uma das bonitas casas na enorme praça é a casa da familia Thurzo, que se associou aos Fugger na exploração de minas. Muitos fatores permitiram o aumento da exploração mineira, principalmente nos séculos XV e XVI aos quais Portugal não esteve alheio. A procura de prata e ouro no comércio era grande para a cunhagem de moedas e de cobre para o fabrico de armamento e utensilios usados nas caravelas e naus portuguesas.









Viajar e explorar novos locais é também comparar. Se as igrejas fortificadas nos lembraram as da Roménia, Património Mundial da Unesco (Biertan, Viscri, Saschiz, Prejmer, e Câlnic ), a paisagem das montanhas lembrou-nos a bela Colónia Tovar na tão longínqua Venezuela, colonizada no século XIX também por gente emigrante oriunda da Alemanha. 


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