segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

1 dia em Milão

A ideia da visita a Milão surgiu após a compra dos bilhetes de avião para Bergamo. Depois do plano delineado, achámos que tínhamos tempo para um passeio até Milão.

Saímos de Bergamo, no sábado, no comboio das 8 horas e chegámos à estação central de Milão pontualmente cinquenta minutos depois.

Só tenho a lamentar ter perdido a minha máquina fotográfica, pelo que muito da nossa reportagem de Milão perdeu-se (felizmente só essa, porque tenho o hábito de passar logo as fotografias para o computador). Quem a encontrou goze bons momentos...

Milão tem um bom sistema de metro, com muitas estações e este foi o único meio de transporte utilizado. Impossível sair  na Praça do Duomo, onde começou a nossa visita e não ficarmos maravilhados com a beleza da catedral.




Hoje em dia é aconselhável fazer a compra de acesso a monumentos e museus online, mas apesar das tentativas não conseguimos. Como chegámos cedo, não tivemos problema na bilheteira e até resolvemos no local não visitar o telhado (de elevador), porque o tempo estava enublado. Quando terminámos a visita já havia uma grande quantidade de pessoas em fila.



O chão fascinou-me e fotografei todos os símbolos de zodiaco. O de peixes era especialmente bonito... paciência.








No final do século XIV, as duas basílicas de Milão estavam em estado muito precário. Por conseguinte o Arcebispo, com a aprovação do Senhor de Milão, Gian G. Visconti,  anunciou o começo dos trabalhos de uma nova catedral. Visconti impôs que fosse no estilo gótico então em moda na França e Alemanha e concedeu o uso do mármore da pedreira de Candoglia.

A catedral foi construída ao longo de diferentes etapas. No século XVI, a poderosa família Sforza também quis deixar a sua marca na catedral, ampliando alguns planos originais. A igreja foi consagrada em 1577, mas ainda estava inacabada. Já no século XIX, em 1805, uns dias depois de ter sido coroado no Duomo (catedral) de Milão como Rei de Itália, Napoleão mandou que fosse terminada no mais curto espaço de tempo e com o menor custo possível.


A Praça do Duomo no princípio do século XX (Museu do Duomo)

O Museu do Duomo, situado no Palácio Real, abriu em 1953 com o objetivo de mostrar   as obras de arte, que já não estão à mostra na catedral. 



Tintoreto. Apresentação de Jesus aos doutores


E uma grande coleção de tapeçarias...


Lembro-me do meu marido comentar, a brincar, que foi nesta imagem que Cecil B. DeMille se inspirou para Os Dez Mandamentos.



As Galerias Vittorio Emanuele II com o nome do primeiro Rei do Reino de Itália são um importante símbolo da prosperidade de Milão. O chão todo em mármore é riquíssimo e  fotografei muitas das suas curiosidades...
São consideradas o primeiro grande centro comercial de Itália. Foram construídas pelo arquiteto Giuseppe Mengoli, entre 1865 e 1877, o mesmo autor do plano da Praça do Duomo. Aqui encontram-se grandes marcas da moda italiana.





Se atravessarmos as galerias vamos ter à Piazza della Scala, a segunda mais famosa praça de Milão. Ao centro a estátua de Leonardo da Vinci.















Em exibiçãoThaïs








Continuámos o nosso percurso a pé em direção a Brera, uma zona na moda, segundo os guias. A ideia era visitar a Pinacoteca de Brera, situada num antigo colégio de jesuítas.


Tinha insistido com o meu marido para não comprar os bilhetes online, porque hoje em dia, devido à pandemia, é necessário indicar a hora de chegada e eu não queria estar pressionada num fim de semana relaxante a andar sempre com o pensamento nas horas (em Roma tivemos uma experiência desagradável. Pensávamos que os bilhetes para a Galeria Borghese indicavam a hora aproximada de chegada 9-11, mas não... Como fomos de metro e não atravessámos logo o parque demos uma grande volta e quando chegámos a antipática da funcionária da bilheteira- onde tínhamos de trocar o bilhete digital por um bilhete em papel - disse que só tinhamos 40m para visitar o museu. Isso depois não veio a acontecer...)

Conclusão: esta nossa intenção ficou frustrada, porque à hora de almoço já tinham sido vendidos todos os bilhetes ... mea culpa. Para os dececionados há um simpático restaurante Pizzacoteca di Brera...

Seguimos a pé até ao Castello Sforzesco, onde a família Sforza, Duques de Milão, viveu  (importantes patrocinadores de Leonardo da Vinci).












Estando na capital da moda italiana, não podíamos deixar de visitar Monte Napoleone. Apanhámos o metro.


Nunca tinha visto tantos Ferraris (4) e outros carros de luxo de uma só vez e na mesma rua.





Parecia que vários jogadores de futebol tinham ido às compras...







Algumas marcas não conhecia...







Perguntei ao meu marido, que conhece essas coisas de futebol, porque é que o clube de Milão se diz Milan e não Milano e fiquei a saber que é por motivos históricos, pois foi fundado por ingleses.






Não visitámos Santa Maria delle Gracie, a igreja onde se encontra o fresco A Última Ceia de Leonardo da Vinci. Em Paris, na exposição dedicada a Da Vinci vimos uma cópia de Marco d'Oggiono (ca 1470-1549), um dos seus díscipulos.


Ver uma cópia de A Última Ceia não é o mesmo que ver o original. Todavia, apenas 20 por cento da obra original continua intacta: Leonardo da Vinci não trabalhou com afresco, mas (teimosamente) com têmpera, que não absorveu bem a tinta. Devido ao uso dessa técnica experimental, assim como à humidade da parede (no refeitório do convento) onde a obra foi pintada, o original deteriorou-se de forma irrecuperável. Já na segunda metade do século XVI, a pintura estava muito destruída e os sucessivos restauros têm tido como base as cópias de seus díscipulos.

Sabia que até os pés de Cristo foram cortados para abrir uma porta no dito refeitório...?

Ao rejeitar a interpretação clássica, na qual os participantes são distribuídos ao redor de uma mesa, Leonardo da Vinci optou por colocá-los atrás de uma mesa retangular, com Jesus ao centro e assim podermos admirar todos os Apóstolos, o que veio a revolucionar a composição e a inspirar a arte ocidental,

Achei interessante que ninguém me tivesse perguntado se ia à ópera em Milão, o que teria adorado, certamente, mas várias pessoas perguntaram-me se ia ver A Última Ceia. Curioso...

Gostei muito de visitar Milão. Foi um sábado feliz. Regressámos a Bergamo no comboio das 18h para continuarmos a explorar essa bela cidade fortificada.

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