segunda-feira, 25 de julho de 2022

Székesfehérvár


Com este mapa dá para ver como é possível, vivendo em Bratislava, ir no mesmo dia de manhã a Viena e à tarde a Budapeste...vantagens de vivermos no centro da Europa...

Na viagem de carro que fizemos no sábado passado não fomos tão longe. Ficámos a 60 km de Budapeste, que conheci há alguns anos. Vou esperar pela vinda da minha irmã em setembro para rever a capital da Hungria.

De Bratislava seguimos até Herend (cerca de 2h) e depois almoçámos no lago Balaton. Daí fomos visitar uma cidade, que não consigo pronunciar- tem 14 letras e 3 acentos: Székesfehérvár.
Porquê o interesse da visita?

Desde que cheguei a Bratislava, comecei a ler sobre a capital da Eslováquia. Aprendi que fez parte do  Reino da Hungria, e daí do império austro-húngaro e que devido à cidade onde se realizavam as coroações ter sido tomada pelos otomanos, a capital mudou-se para Bratislava, então chamada Pressburg. As coroações começaram a realizar-se na igreja de S. Martinho em Bratislava, onde durante 267 anos foram coroados 10 reis, 1 rainha e 7 rainhas consortes.


A cidade tomada pelos otomanos era Székesfehérvár, que durante a Idade Média, era uma residência real e, portanto, uma das mais importantes da Hungria. Permaneceu sob administração otomana durante 145 anos, até 1688. Os turcos destruiram a maior parte da cidade, incluindo a catedral (que depois sofreu um grande incêndio) e o palácio real, saquearam os túmulos dos reis e construíram muitas mesquitas. Nos séculos XVI e XVII parecia uma cidade muçulmana.
A partir do reinado de Maria Teresa começou a reconstrução da cidade.


O Jardim das Ruínas da Basilica Real é um Memorial Nacional

Em 1018, o primeiro rei da Hungria, Estevão I, também conhecido por S. Estevão (depois da sua canonização em 1083),  mudou-se de Esztergom para Székesfehérvár, situada numa importante rota de comércio e mandou construir a Basílica da Assunção da Bendita Virgem Maria, onde durante cinco séculos era o local sagrado mais importante da Hungria, onde foram coroados 38 reis e sepultados 15. Diz-se que no tempo de Matias Corvino a Basílica foi aumentada e daria para 8000 fiéis.






Depois da libertação da Hungria foi construida a Catedral de Santo Estêvão, que data de 1777 e fica próxima do local da antiga igreja da coroação. Ao lado podemos ver a Capela de Santa Ana, o único monumento gótico que sobreviveu. Foi mandada construir no reinado de  Matias Corvino (1464-1490).
Infelizmente estavam ambas fechadas, com uma vedação que dava a entender que estão a decorrer obras. No centro de turismo já nos tinham avisado.

A única igreja que encontrámos aberta foi a de S. João Nepomuceno. Uma senhora simpática mostrou-nos a sacristia, em estilo rócócó, mas não percebiamos nada do que dizia nem o nome da igreja. Só descobrimos depois de termos o mapa.

Estátua de bronze da vendedora Tia Kati (2001). Parece que dá sorte mexer-lhe no nariz, razão pela qual está mais brilhante.

Andámos a pé pela principal rua da cidade, onde não passam carros-rua Fő.

Praça Városház

O Palácio Episcopal é do século XVIII
Para a sua construção foram usadas pedras da antiga catedral da coroação.


Curiosidade: neste palácio encontra-se o piano que pertenceu ao conde Géza Zichy (1849 - 1924), que se tornou um pianista conhecido e até tocou com Liszt. Tinha a particularidade de tocar com uma só mão, pois perdera um braço na adolescência num acidente de caça.


Esta fonte, inaugurada em 1943, é uma homenagem
 ao significado histórico de Székesfehérvár


A cruz no cimo simboliza a conversão ao cristianismo e a coroa o privilégio da cidade como local de coroação. Os leões sustentam o escudo de armas da cidade. Estão gravadas datas importantes:

1001- a coroação do Rei Estevão

1688- a libertação do domínio otomano

1938- 900º aniversário da morte do Rei Estevão


O monumento ao rei Matias Corvino foi inaugurado no 500º aniversário da sua morte, em 1990
Gostaria de ter visto esta tapeçaria, que segundo li está no gabinete 
do Presidente da Câmara Municipal

Chama-se Cenas da História de Székesfehérvár e foi desenhada pelo pintor István Pekary (1905-1981).
A árvore da vida no centro apresenta quatro momentos históricos importantes:

1-O Rei Estevão observa a construção da Basílica; 2- O Touro de Ouro de 1222. O rei André II foi forçado a aceitar o Touro de Ouro, um dos primeiros exemplos de limites constitucionais de um monarca europeu. Ao lado do Rei um frade lê o documento, que tem um grande selo dourado; 3- A libertação da cidade do domínio otomano em 1688; 4- Maria Teresa no trono.

Em 1939, esta tapeçaria foi o orgulho do pavilhão húngaro na Exposição Mundial de 1939, em Nova Iorque. Contudo, com a II Guerra Mundial foi guardada pelo Presidente da Câmara de Nova Iorque até ser devolvida à Hungria escondida num caixote de madeira.



Interessantes os sinais de comércio nas lojas...









Os banhos de Árpad
Abriram em 1905 e eram como que um spa de hoje em dia




Farmácia-museu do século XVIII


Confesso que apetecia refrescar-me nesta fonte. Quando vi estes soldados aparecerem tão agasalhados, para um qualquer festival medieval até senti pena...


A torre do relógio tem mais de 200 anos. Foi reconstruída diversas vezes e as suas paredes incorporam parte das muralhas do castelo medieval.
No entanto, o relógio só foi inaugurado em 2002.

Ás 10h da manhã, e depois de duas em duas horas, aparecem figuras importantes da história da Hungria: O rei Estevão com o filho Imre; São Ladislau; Santa Isabel e Santa Margarida; o Rei Matias com a Rainha Beatriz, acompanhados por música.




O relógio de flores é um simbolo da cidade e é mantido pelo mesmo relojoeiro.
Ao fundo estátua de um guerreiro com escudo e espada no cimo de uma coluna

Gostámos de visitar esta pequena cidade outrora tão importante. Não sei se devido ao imenso calor todo o comércio e galerias estavam fechados.

Seguimos diretos para Bratislava e demorámos menos de 2 h.

Referências:


23 de julho de 2022

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