Conclave de Robert Harris

 

O Cardeal Lomeli, decano do Colégio de Cardeais, o responsável pelo Conclave que vai escolher um novo Papa, é a personagem principal. Entre os 118 cardeais elegíveis, há os tradicionalistas, os moderados, os mais progressistas e os ambiciosos, o conjunto que julgamos representar na realidade os diferentes grupos ou sensibilidades que no Vaticano elegem um novo Papa.

Na preparação para o encontro surgiu um novo cardeal, que ninguém conhecia, pois tinha sido nomeado in pectore, (do peito) ou seja em segredo, com o objetivo de proteger a sua identidade.

A sequência do romance é muito simples: o Papa morre, (encontrei muitas semelhanças com o atual Papa Francisco) e dentro das portas fechadas à chave da capela Sistina, os cardeais de todo o mundo juntam-se para votar da forma mais secreta que se pode imaginar, com os boletins queimados após cada votação. Há um primeiro voto, um segundo e as rivalidade tornam-se patentes, surgindo problemas relacionados com a personalidade de alguns cardeais elegíveis, que são investigados pelo próprio Lomeli, que se revela um arguto detetive. A escolha de um novo Papa, (Habemus papam), que tradicionalmente parece ocorrer à 4a eleição, chega à oitava ...

O conhecimento do autor sobre o Vaticano, as leis que regem o Conclave e a história de outros Conclaves é impressionante. Logo no ínicio, quando estavam a tratar do embalsamento do Papa, refere o do Papa Pio XII que correu mal e o corpo fermentou e explodiu dentro do caixão. Parecia-me uma história macabra, que nunca tinha ouvido falar, mas é verdadeira...

A atenção ao pormenor e as descrições dos locais, onde se passa a ação tornam a história quase real, tão convincente se tornam as personagens. Na Capela Sistina, faz uma bonita analogia entre os frescos de Miguel Ângelo e os pensamentos de Lomeli. Na casa de Santa Marta, onde tomam as refeições e dormem, as conversas fluem como se estivessemos a assistir. O final é a parte menos realista, mas muito humana ... e mais não digo para não estragar o mistério de quem ainda não leu.