terça-feira, 25 de outubro de 2022

Loja de Vimes na Camacha fechou

Uma amiga deu-me uma triste noticia: a icónica loja de vimes do centro da Camacha, na Ilha da Madeira, fechou permanentemente devido à falta de encomendas.

Desde que sou «gente» houve sempre na minha casa cadeiras de vime. Tanto na rua como dentro de casa.


Os meus pais e irmã no Funchal, em 1955


                                                     A minha irmã em 1945


Quando casei, mandei vir da Madeira 4 cadeiras de vime. E elas andaram comigo nas minhas andanças pelo mundo. Portanto, estiveram em várias latitudes, múltiplos climas, com mudanças prolongadas  e, hoje em dia, com mais de 40 anos, continuam úteis e bonitas.  Permaneceram na Turquia, na Guiné, nos Estados Unidos da América e na Venezuela. Depois regressámos a Lisboa e já não saíram mais. 




A estas cadeiras juntei outras 4, que a minha mãe comprou de propósito para a casa de Lisboa, quando nos mudámos, em 1976. 








Há 35 anos, os meus filhos na mesma cadeira...(foi consertada há 3 anos, em Lisboa)




Na minha casa de Lisboa só tenho para crianças, onde os meus netos se sentam para ver TV ou brincar.


Em 2016, levei a família à Camacha para verem os nossos vimes.





Cadeira bordadeira no Parque Temático da Madeira em Santana




 E gostei de ver que no tradicional chá do Reid´s ainda eram utilizadas cadeiras de vime. Este ano fiquei muito dececionada com este hotel, onde ninguém na receção falava português. É um insulto.



Mas, onde fiquei instalada, no Savoy, tinham muitas decorações de muito bom gosto utilizando vimes.



A almoçar na varanda do apartamento em Caracas em 2008, nas cadeiras compradas em 1976. Ao fundo as cadeiras de 1982.



Este ano as mesmas cadeiras deram as boas vindas ao novo membro da família do meu filho, o Pascoal, há cerca de um mês.

Creio que hoje em dia já não se ensina aos jovens a técnica de trabalhar os vimes e quem sabe fazer está a envelhecer. Também a concorrência de lojas de móveis baratos para usar e deitar fora, não ajuda. O facto de a bagagem de porão ser paga à parte e encarecer o preço da viagem desencoraja a circulação de certos produtos como os de vime. Lembro-me que, em 1982, as minhas cadeiras vieram da Madeira como parte da bagagem a que tinha direito.
Além disso vivemos numa sociedade de consumo, que muitas pessoas só querem o que vêm nas revistas e a socialite ou os chamados influencer têm, mesmo que não seja de bom gosto.

Comigo e na família os vimes vão estar sempre presentes e tenho arranjado recantos da casa muito confortáveis e sem serem iguais aos que toda a gente tem...


Madeira, Jardim Botânico, 2022


Pequeno cesto de vindimas usado para arranjo de flores e suporte para guardanapo em vimes


Flores e vimes, SEMPRE!

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