terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Canção Fluvial


 Barquinhos do Tejo,
dizei-me de longe
não as coisas de hoje,
mas as coisas de ontem:
rostos que não vejo
do que existe e foge,
que apenas se sonhem
e que mal se contem,
barquinhos do Tejo.

De que praia, que rocha, que monte,
barquinhos do Tejo,
em que mar, em que céu, o desejo
avista horizonte?

(1957)

Cecília Meireles. Poemas de Viagens. Global 2017.

Foto na praia de Santo Amaro, Oeiras 28/12/2022

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