terça-feira, 12 de setembro de 2023

Homenagem à vida


 A Mãe do meu marido

Maria Hortense 6.3.1930 - 8.9.2023

A Maria Hortense  nasceu em Belém, Lisboa, no dia 6 de março de 1930. Era a segunda de 4 irmãs. A Luísa, mais velha, morreu jovem e as outras duas irmãs, Felisbela e Alice vivem em Sintra.

A Hortense era uma ferrenha lisboeta e quem a conhecia sabia que se dirigia aos taxistas dizendo o nome das ruas no percurso que queria fazer. Contava histórias da inauguração do Estádio Nacional, da Exposição do Mundo Português, momentos que viveu intensamente.

Casou jovem, mas o casamento não correspondeu à imagem romântica que tinha dos filmes com Errol Fynn, Clark Gable, Gary Cooper e acabou em separação. Sofreu por ser mulher separada no Portugal, antes do 25 de abril. A educação do seu único filho, Fernando foi a sua prioridade, na qual alcançou sucesso.

O 25 de abril e o Dia da Mulher em 8 de março eram datas que gostou sempre de recordar. Aliás, tinha uma memória excelente para datas, lembrando-se dos aniversários de toda a gente.

Todavia, a família era a sua principal atenção, querendo ter sempre notícias dos netos Bernardo e Joana e, mais recentemente, adorava ver as fotografias dos quatro bisnetos: Charlie, Bia, Teddy  e Carmo.

A Maria Hortense foi uma lutadora e gostava de bons restaurantes, cinema, teatro e também de momentos calmos em casa onde via TV e fazia crochet e tricot. Adorava a vida.




Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta

Continuará o jardim, o céu e o mar,

E como hoje igualmente hão-de bailar

As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar

Em que eu tantas vezes passei,

Haverá longos poentes sobre o mar,

Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,

Será o mesmo jardim à minha porta,

E os cabelos doirados da floresta,

Como se eu não estivesse morta.

  

Sophia de Mello Breyner Andresen




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