quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

D. Carlota Joaquina

 


Carlota Joaquina no Museu de Artes Decorativas Ricardo Espírito Santo

Retrato de Goya da sua mãe, Maria Luisa de Parma,  no Museu do Prado (1789).

Carlota Joaquina (1775-1830), a infanta de Espanha, que casou com o futuro rei de Portugal D. João VI, não foi uma mulher bonita ou interessante (aprendemos isso na História), o que aliado ao seu comportamento pouco convencional e ambições politicas a tornaram uma das figuras históricas mais detestáveis, que a propaganda liberal acentuou de forma impiedosa.

 Raul Brandão (1867-1930) dá-nos uma descrição pormenorizada e muito cruel em El-Rei Junot, que me deixou a rir sozinha...

"A mãe foi destas mulheres que, mesmo envolvida num trapo, exalam volúpia. Bela não, mas a boca é lascívia, os olhos, que Goya pintou, loucura, os cabelos violência. A filha saiu feia e devassa - saiu ordinária. É moda: na Rússia, na Espanha, na Itália reina a devassidão e a luxúria. Na França a infâmia empoa-se e chama-se galanteria. O pior é que esta mulher é feia, má, vulgar...Qualquer mulher do povo, por grosseira que seja, exala simpatia. Impregnou-a a desgraça. Ela não. Seus filhos são deste, daquele, da balbúrdia e do acaso..."

e continua:

" Fealdade e volúpia, com magnificos cabelos. Quer sorrir, cheia de jóias e plumas, mostra os dentes podres. Mais diamantes-um deslumbramento- carrega-se de diamantes como uma rainha de lenda: veste-se de sedas e fica pior, com um ombro mais baixo que outro, o nariz vermelho e coxa ainda por cima. Laura Junot afirma que lhe viu os braços sujos: felizmente esse grave ponto de história está hoje elucidado: era pêlo." 

Pois é, pior é difícil.

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