Vila Viçosa recebeu de D. Afonso III (1248-1279) a sua carta de foral, em 1270.
D. Dinis (1279-1325) mandou edificar o castelo. No entanto, as obras só ficaram terminadas no reinado de D. Fernando.
Quando chegámos estava a acabar a missa das 11 horas e podemos admirar as Capelas, o revestimento de azulejos e as naves adornadas com colunas dóricas de mármore branco. Interessante e muito bem pensado os pequenos quadros com as breves e claras explicações das diferentes Capelas, Retábulos e Imagens em português e nas línguas inglesa, francesa e espanhola, iniciativa a ser seguida.
A igreja original é do tempo de D. Fernando, mas foi remodelada na transição do século XIV para o XV. As obras monumentais que deram lugar à igreja que hoje visitamos iniciaram-se em 1596, custeadas pela Casas de Avis e de Bragança. Mais tarde, houve ainda uma intervenção fundamental na recuperação da abóboda central, que ruiu após o terramoto de 1755.
No altar mor do século XVI encontra-se Nossa Senhora da Conceição, em pedra de ançã, oferecida pelo Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que a adquiriu em Inglaterra. A imagem admirável, tem ricas vestimentas, muitas delas oferecidas pelas rainhas.
A imagem de Nossa Senhora da Conceição foi proclamada Rainha e Padroeira de Portugal por D. João IV, o primeiro Rei da dinastia de Bragança, que lhe ofereceu a sua coroa. A partir de então, não mais os monarcas portugueses voltaram a usar a coroa real na cabeça.
A ida a Vila Viçosa tinha como objetivo principal ver a exposição bibliográfica "500 anos do Nascimento de Luís de Camões" e aproveitávamos para rever o Paço Ducal. Confesso que a informação logo na compra dos bilhetes, que não podíamos fotografar, deixou-nos desapontados. Aliás, trata-se de uma regra completamente ultrapassada em todos os países que tenho visitado nos últimos anos e também em Portugal. Depois a visita é feita quase na penumbra, pelo que muitos dos quadros e decorações não podem ser devidamente apreciados. Compreendemos que o pouco número de funcionários obriga que as visitas têm que ser acompanhadas por razões de segurança, contudo há que dotar as salas de luz apropriada - por exemplo os quadros de D. Carlos vêem-se muito mal e o que representa D. João IV, em frente ao de Dona Catarina de Bragança, quase não se vê.
No final acabámos por não esperar que nos viessem abrir a porta para ver o Landau com as marcas das balas que mataram o Rei D. Carlos e o Principe herdeiro, porque devido à falta de pessoal, tinhamos que esperar que a visita seguinte chegasse ao fim para nos abrirem essa porta...
Felizmente, havia bastante luz para apreciarmos a extraordinária coleção de obras de Luís de Camões, incluindo uma primeira edição. Aquela importante mostra de livros reunida numa ala do Palácio de Vila Viçosa está organizada por ordem cronológica, desde aquela época aos nossos dias, havendo ainda outros de autores contemporâneos do Poeta, assim como alguns mais tardios que o estudaram, o elogiaram e o editaram. As obras expostas mais antigas integravam a biblioteca reunida por D. Manuel II, que a deixou ao seu país. Tenho pena que a sua biblioteca não possa ser visitada. Só a vi num programa Visita Guiada. Aquele último Rei de Portugal, que morreu no exílio em Inglaterra, foi um notável bibliófilo, que se dedicou a comprar e a reunir primeiras edições com especial atenção para o século XVI português e a obra camoniana. De facto, Luís de Camões é um poeta universal, um humanista, um ícone do Renascimento, cuja obra evoca os tempos dos Descobrimentos Portugueses.
Apesar daqueles detalhes de organização, que a boa vontade e disposição dos funcionários procuram mitigar, gostámos de visitar, uma vez mais, o Palácio de Vila Viçosa, cuja construção se iniciou em 1501, uma iniciativa do quarto Duque de Bragança, D. Jaime. Todavia, há que modernizar, tendo como ideia que o investimento no Palácio Ducal de Vila Viçosa é manter um monumento intrinsecamente ligado à História de Portugal.
https://www.fcbraganca.pt/galeria/
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