domingo, 14 de fevereiro de 2016

A autobiografia de Agatha Christie







A autobiografia de Agatha Christie (1981-1976) começou a ser escrita quando a escritora tinha 60 anos. Levou 15 anos a escrevê-la e ainda viveu dez anos, antes que fosse publicada, um ano após a sua morte, em 1977. Em Portugal a edição desta obra é só de 2011.








O livro, com 694 páginas, é muito interessante. A escritora, que viveu quase o mesmo tempo que a minha avó Maria (1892-1975), teve uma vida cheia de oportunidades únicas, que resolveu aproveitar até a data que terminou a sua autobiografia.




Agatha Christie fala-nos sobre a sua infância feliz, no final do século XIX, as suas viagens a França para aprender francês, o ensino da música e canto, pelos quais era muito entusiasta, as duas guerras mundiais, das quais dá o seu testemunho, os seus dois casamentos e as viagens efectuadas com ambos os maridos, cheias de aventuras.


Em Paris com 16 anos

A autobiografia revela a sua face mais extravagante e uma imaginação prodigiosa, que começou na adolescência com as histórias, consequência das que a mãe lhe contava e dos seus amigos imaginários.

Confesso que conhecia alguma das obras de Agatha Christie, mas não imaginava uma vida tão interessante. Logo no prólogo Agatha Christie afirma: "autobiografia é uma palavra demasiado grandiosa. Sugere um estudo premeditado da vida inteira de uma pessoa. Implica nomes, datas e locais em perfeita ordem cronológica. O que eu quero fazer é mergulhar a mão num caixote de brindes e tirar um punhado de memórias sortidas".

Na verdade, um dos poucos episódios que conhecia da sua vida e cheguei a utilizá-lo como base para um teste, quando era professora, não é relatado na sua autobiografia, apesar de se referir que a exposição aos media lhe causava grande incómodo e conta que, às vezes, tinha lapsos de memória: 




"Agatha Christie (1891-1976) is one of the world´s best-known and best-loved authors. Her famous detectives, Hercule Poirot and Miss Marple, and her brilliantly constructed plots have caught the imagination of generations of readers. Although she lived to an old age and wrote many books, she didn´t reveal much about her personal life.

In December 1926 an incident occurred, which would have made a captivating detective story in itself. At the time of the success with her first novel, she disappeared for ten days. She was extremely distressed because she had found out that her husband was having an affair with another woman and wanted a divorce. She was sleeping badly, she couldn´t write and she was eating very little.

On Friday 3rd December, Agatha told her secretary and companion, Carlo (Miss Charlotte Fisher) that she wanted a day alone. When Carlo returned in the evening, she found that the garage doors were open and the maids were looking frightened. According to them, Mrs Christie went downstairs at about eleven in the evening, got her car keys and drove without saying anything to anybody.

Next morning the police found Agatha´s car in a ditch with its lights on. There was no trace of Agatha.

The mystery ended ten days later when Agatha was found alive and well in Harrogate, a health spa in Yorkshire. Her husband explained to the waiting reporters that she had lost her memory. But to this day, nobody really knows what happened during those missing ten days."



Abbs, Brian, Freebairn, Ingrid. Blueprint.Longman, 1989.


A autobiografia de Agatha Christie foi uma prenda de natal, de uma amiga especial, que tem o dom de dar presentes muito personalizados. Ao ler a obra, pensou logo que teria de ser a minha prenda de natal e acertou em cheio. Obrigada, G.

Em Lisboa, já tenho uma razoável colecção de biografias (gosto muito deste género literário, pois aprende-se muito sobre a época, além de se ficar a conhecer a vida de indivíduos notáveis) de mulheres que foram muito especiais, cada uma à sua maneira. Ainda a semana passada recordei Katharine Graham. Pessoas que não passaram só pela vida, VIVERAM..



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