terça-feira, 17 de setembro de 2019

O Palácio Anadia em Mangualde





Visitei o Palácio Anadia nas recentes férias em Portugal e gostei muito. A casa dos Paes de Amaral remonta a finais do século XVI. Durante um século sofreu transformações, tornando-a num dos mais importantes palácios barrocos portugueses. Nos princípios do século XIX, o Palácio de Mangualde ficou a ser conhecido por Palácio Anadia, após o casamento de Paes do Amaral com a condessa de Anadia.



O Rei D. Luíz I visitou o palácio em 1822 por ocasião da inauguração do Caminho de Ferro da Beira Alta.







É fantástico o trabalho de azulejaria pombalina (azul e branco), que revestem a escadaria e vários salões.





A Sala de Baile, é revestida a azulejaria rococó com o característico trabalho em concha e um amarelo forte adicionado ao tradicional azul e branco pombalino. São atribuídos ao Mestre Manuel da Silva (escola de Coimbra, c. 1770), representando “O Mundo às Avessas”, inspirados em ilustrações  de Oudry. Em 1755, Jean Baptiste Oudry ilustrara uma reedição da obra de La Fontaine, que inspirara os magníficos azulejos, que podemos admirar no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Tudo isto faz com que este palácio se revele também um exemplo magnifico da época áurea da arte do azulejo em Portugal.
Quando fiz uma formação sobre azulejos em Portugal, teria adorado ver estes azulejos, pois enriqueceriam o trabalho, elaborado e apresentado com a Violeta.




Neste "mundo às avessas": o homem é guiado pelo burro e carrega o fardo; o homem carrega o cavalo na luta; a mulher está armada e o marido leva o filho ao colo; a aluna dá uns açoites à professora...Há uma extravagante sátira social e cultural da sociedade bastante hierarquizada da época, antogonizando costumes, através da total inversão de papéis. Estamos, sem dúvida, perante uns raros painéis de azulejo .



Na Sala dos Biscuits, uma coleção única em Portugal. Por iniciativa do Rei Carlos III de Espanha e Carlos VII de Nápoles foi criada a Real Fábrica de Nápoles em 1743, que produzia estátuas em porcelana não vidrada- os chamados biscuits, que se tornaram moda entre a aristocracia.




A família do Palácio de Anadia tinha uma grande ligação a Nápoles, pois dois dos seus membros foram Embaixadores do Reino de Portugal em Nápoles, durante quatro décadas. Daí a notável coleção, que deu o nome à sala com bonito mobiliário estilo D. José, em especial o contador e a cristaleira.






Digamos que a única deceção que tive na visita a este palácio foi ver a sala de jantar. Não é revestida de azulejos, mas é muito bonita.



Quando vi o site oficial admirei-me por a mesa não estar posta. Na visita verifiquei que adicionaram uns pratos de sopa com o monograma da família, mas fiquei espantada por o ver sobre a mesa, sem um prato raso por baixo e pior ainda os guardanapos à direita...também nunca escolheria uma toalha daquela cor... são gostos...

A visita tem de ser marcada e é feita com uma guia, a qual era competente e simpática.  Esqueci-me do catálogo numa cadeira para  tirar uma fotografia. Depois de contactada enviou-o por correio.

Ao rever as fotografias dos passeios em Portugal, recordei este palácio, que vale muito a pena visitar.


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