sábado, 21 de maio de 2022

Madalena Sá e Costa: Memórias




Quando a minha filha veio visitar-nos a Bratislava, há duas semanas, perguntou ao pai o que gostaria que ela lhe trouxesse e ele lembrou-se logo do livro de memórias da grande violoncelista portuguesa, que morreu no passado mês de abril, no Porto, aos 106 anos.


Madalena Sá e Costa e a sua irmã, a pianista Helena Sá e Costa (1913-2006), que também deixou um livro de memórias: Uma Vida Em Concerto Helena Sá e Costa - Memórias tiveram uma vida dedicada à música por influência dos seus pais e avô: o compositor e pianista Luiz Costa e a mãe, a pianista Leonilda Moreira de Sá; e o avô materno, o violinista Bernardo Moreira de Sá, o primeiro diretor do Conservatório de Música do Porto. O seu avô tinha um 'Guadagnini' e, quando ia almoçar a casa dele, fugia para a sala, onde estava guardado esse violino e tocava umas notas, mas quando os pais lhe perguntaram qual o instrumento que queria estudar escolheu o violoncelo por influência de Guilhermina Suggia.

O trio Portugália com a irmã e o violinista Henri Mouton

A família e a música, que se ouvia todos os dias, tiveram uma enorme importância no seu crescimento. Recorda a alegria que sentiam, quando a mãe a chamava e aos irmãos para os serões musicais em casa, quando o pai tocava a sua última composição.
A educação musical veio em primeiro plano, complementada com cultura geral, com professores em casa de Português, Línguas, Geografia, Ciências, Matemática e História de Arte.

O convívio familiar com grandes mestres portugueses como Vianna da Motta, Guilhermina Suggia, Fernando Lopes Graça, Frederico de Freitas  tiveram grande importância na sua formação.

Concluiu o curso de violoncelo no Conservatório Nacional em 1940. Completou a sua formação na Alemanha, França e Suiça.

Além da atividade de concertista com a irmã, uma parte da sua vida artística foi preenchida com música de câmara, tendo realizado muitos concertos com diversos artistas.

Foi professora no Conservatório de Música do Porto e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, em Braga, onde formou dezenas de gerações de músicos.

Gostei de ler as suas memórias, numa linguagem coloquial e despretensiosa como quem lembra reminiscências em família.

Começou a escrever as suas memórias em 2003 e pensava terminar com uma homenagem a Pablo Casals, mas com a morte da irmã em 2006, achou que tinha que terminar com um capitulo a evocar a sua memória e «ação como pianista».


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