quinta-feira, 20 de abril de 2023

Recuperação de Notre Dame

 

A promessa do Presidente Macron que a restauração de Notre Dame estaria terminada em 2024, precisamente 5 anos após a tragédia de 15 de abril de 2019 e ainda «mais bonita do que antes» deixou muitos de boca aberta, incrédulos ... O artigo da BBC é revelador.

Foi lançado um concurso para apresentação de planos para o novo pináculo. Daí saíram ideias tão variadas como: não reconstruir (porquê gastar milhões de euros na catedral, com tantos necessitados?); criar uma obra inovadora do século XXI; e, o que julgo mais óbvio e acertado, a reconstrução para ficar como estava antes do  incêndio. Aliás, a Catedral de Notre Dame precisava, já antes do incêndio de 2019, de grandes obras de restauração. 

Estive em Paris, em janeiro de 2020, nove meses após o incêndio, que fez o pináculo colapsar, num cenário dantesco, que vi pela televisão. Já nessa altura pareceu-me que os trabalhos seguiam a bom ritmo. Antes tinha lido que a maior parte das obras de arte da Catedral tinham sido salvas a tempo e os esforços dos corajosos bombeiros fizeram com que os muros e os sinos não desabassem; mais, os magníficos vitrais resisitiram ao calor das labaredas, pois os bombeiros tiveram o cuidado de não injectar água sobre aquelas tão icónicas obras de arte.




Fotografia da net


Para o ano quero voltar a Paris para rever a belíssima catedral gótica, a qual ao longo dos seus 850 anos tem sido como que  a alma de França, como nos conta Agnès Poirier no seu livro de 2020: Notre Dame The Soul of France.


O galo no cimo do pináculo de Notre Dame contém 3 reliquias: da Coroa de Espinhos, de São Denis e Santa Genoveva

Só quando o galo, que caiu do cimo do pináculo e foi encontrado intacto dias depois do incêndio, estiver posto novamente no seu lugar, poderemos assistir à sua reinauguração, esperando que vai estar ainda mais bonita. Até lá Paris e o mundo espera...

De Gaulle a sair de Notre Dame

Durante a Libertação de Paris, em agosto de 1944, De Gaulle desceu o Champs Élysées em direção a Notre Dame, onde politicos, militares e membros da Resistência o esperavam para um Te Deum, quando se começaram a ouvir tiros contra a multidão vindos do interior da catedral. De Gaulle não desistiu e entrou e esta imagem permaneceu na memória de muitos como prova de grande coragem.


Luís XIII  (1601-1643) consagrou a sua coroa à Virgem Maria em Notre Dame.
Pintura de Ingres (1780-1867) influenciada pela de Rafael na Galeria dos Mestres Antigos, em Dresden 

Luís XIV deixou o Louvre para viver em Versailles, um erro estratégico que saiu caro a Luis XVI, 100 anos depois. Este último monarca raramente ia a Paris e quando o fazia era para ir a uma missa a Notre Dame escoltado por imensos guardas, que não permitiam que fosse visto (pag 56), alienando assim a população de Paris.

Curioso saber que, em 1789, após a tomada da Bastilha e durante o período de Terror de Robespierre, os revolucionários associavam a catedral às suas conquistas e o Te Deum ecoava na catedral, assim como canções revolucionárias. Noutra altura os 28 reis na fachada da catedral perderam a cabeça.... mas Napoleão mandou restaurar a catedral e até foi lá coroado


Jacques-Louis David (1748-1825) réplica (1822) da  Coroação de Napoleão exposta na Sala da Coroação em Versailles. O original (1808), exposto no Louvre, foi inspirado no quadro de Rubens A Coroação de Maria de Medici.
Napoleão gostou muito da obra, dizendo que parecia que se andava dentro do quadro, mas o que mais apreciou foi a sua mãe figurar na obra de David, apesar de não ter estado na cerimónia.

A obra de Victor Hugo (1831) foi muito importante no despertar da consciència da Idade Média e da reconstrução feita  no século XIX por Viollet-le-Duc, ganhando um pináculo, gárgulas e a galeria dos reis na fachada.

O romance, passado na Idade Média,  com o intuito de conscientizar o público para a necessidade de se conservar a Catedral de Notre Dame popularizou-se e foi adaptado à ópera, cinema e desenhos animados.

Depois do incêndio esta obra foi reeditada e vendeu-se, em poucos dias, mais do que acontecia habitualmente num ano.




Apesar de Notre Dame ter sido reconstruída no século XIX, os novos sinos (oito), só foram encomendados para a celebração dos 850 anos da catedral, em 2013. Depois da revolução francesa (1789), nove dos dez sinos foram derretidos para fazer balas de canhão.




O Te Deum Laudamus, (a Vós, ó Deus, louvamos) é um hino cristão, cujo texto foi musicado por diversos compositores, entre eles o fancês Marc-Antoine Charpentier (1643 - 1704).


https://www.bbc.com/news/world-europe-65256801

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