quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A Sociedade de Geografia de Lisboa



A Sociedade de Geografia de Lisboa foi fundada em 1875, tendo tido várias sedes antes de se fixar na Rua das Portas de Santo Antão, anexa ao Coliseu dos Recreios, num edificio construído em 1897. Quando se mudaram, só existia a fachada. Foi então chamado o  reconhecido arquiteto José Luís Monteiro (1848-1942), para a decoração do interior. Já tivera grande sucesso com a bela gare do Rossio, para mim um dos mais bonitos edicios da capital (e também o Palácio Biester em Sintra, que visitei recentemente).

O grande impulsionador da criação da Sociedade de Geografia de Lisboa foi Luciano Cordeiro (1844-1900), o qual apresentou  ao Rei D. Luís um requerimento que propunha a fundação desta Sociedade, à semelhança das que existiam já em Paris, Berlim, Londres, Viena e Roma, com o objetivo de estudar e realizar a exploração cientifica em África, o embrião das expedições de Serpa Pinto, Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo.







Constituída por três andares, encontramos no primeiro piso, no hall de entrada, o conhecido quadro de José Veloso Salgado (1864-1945) Vasco da Gama perante o Samorim de Calecute (1898), a sala de estar e o bar-restaurante, onde nas vitrines, se encontravam várias edições antigas de Os Lusíadas.



No segundo andar destaca-se a Sala de Lisboa onde funciona a Biblioteca, contendo inúmeros volumes, cartas cartográficas, plantas geográficas e manuscritos.







No terceiro piso encontra-se a Sala da Índia com mobiliário indo-português.






Os retratos de D. Carlos e D. Amélia que inauguraram a sede atual da Sociedade de Geografia de Lisboa

A história destes globos é muito interessante. Foram comprados pelo Conde de Tarouca, Embaixador de Portugal em Haia num leilão e, posteriormente, D. João V  decidiu adquiri-los e colocou-os no Paço da Ribeira. Apesar do palácio ter ficado destruído com o terramoto, os globos salvaram-se e foram para o Arsenal do Exército em Lisboa, onde ficaram esquecidos, mais de um século. Foi então que um sócio alertou Luciano Cordeiro para a sua existência e situação precária, prontos para serem abatidos.
Foram restaurados (já algumas vezes) e passaram a pertencer ao espólio da Sociedade.


A Sala dos Padrões exibe os famosos padrões em pedra, colocados pelos descobridores portugueses de quatrocentos ao longo da costa de África à medida que Portugal reclamava para si os novos territórios descobertos. Contém um padrão colocado por Diogo Cão em 1485.




A urna de Afonso de Albuquerque









A Sala de Portugal  é  a imagem de marca da Sociedade: um enorme salão polivalente com dois andares de galerias sustentadas por estruturas metálicas com pilares. 


O acesso às galerias é feito por escadarias com um lindo corrimão de ferro fundido. É nesta bela sala, testemunha da arquitetura de ferro e vidro dos finais do séc. XIX, que decorrem as grandes reuniões da Sociedade de Geografia, congressos, conferências e onde está instalado o Museu Etnográfico, contendo peças, muitas oriundas de coleções particulares doadas à Sociedade, evidenciando dessa forma,  a presença portuguesa nos vários continentes. 




O tecto em abóboda era todo em vidro, mas foi tapado, pois verificou-se que a luz danificava os objetos expostos.

(foto da net)




A maioria dos objetos foram doações, sobretudo no século XIX, feitas por sócios e amigos da Sociedade de Geografia de Lisboa.



Na Sala do Algarve há um mapa espetacular. É de Ventura Pereira e foi apresentado na Grande Exposição Internacional de Paris, em 1931.




Vitral comemorativo da travessia aérea do Atlântico Sul entre Lisboa e Rio de Janeiro, realizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922.





Manhã bem passada. Nunca tinha visitado esta grande e histórica instituição portuguesa.


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