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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O Palácio Biester em Sintra

 



Foi  D. Fernando II quem tornou Sintra um local idílico, após transformar um mosteiro em ruínas no cimo de uma colina no Palácio da Pena e ao mandar criar um parque envolvente, também uma sua inovação. Esse conjunto constitui, ainda hoje em dia, o  expoente máximo do romantismo em Portugal.
Na segunda metade do século XIX, uma burguesia endinheirada segue o exemplo da aristocracia e começa a construir chalets ao estilo alpino ou inspirados nos chateaux do Loire.




O chalet Biester foi o primeiro a ser construído. Resultou de uma encomenda de Amélia de Freitas Chamiço e Frederico Biester ao arquiteto José Luís Monteiro, o mesmo que concebeu a gare do Rossio.


Amélia de Freitas Chamiço (1843-1900)
Frederico Biester (1833-1899)

Tanto Amélia como Frederico eram de famílias muito abastadas. Frederico, com raízes na Alemanha,  era um industrial de sucesso e Amélia era filha e sobrinha de dois dos grandes banqueiros da segunda metade do século XIX, que fundaram os Bancos Totta e o Nacional Ultramarino. O seu pai, Fortunato de Oliveira Chamiço Júnior,  adquiriu o Palácio Ratton  em 1878 (hoje em dia Tribunal Constitucional) onde viviam, permanentemente, na capital. Sintra  era só utilizada três meses por ano, de junho a agosto, quando Lisboa se tornava demasiado quente. Depois seguiam para Cascais, outra estância na moda, após D. Luís ter mandado adaptar a Cidadela a Paço Real.



Não é só o local escolhido para construir o chalet Biester, que é magnífico com vista para o mar e a serra.


A Biblioteca







Sala da Música














Sala de Estar




Salão de Festas

A própria arquitetura da casa, os seus estuques, trabalhos de madeira, pinturas (de Manini), cerâmicas (Bordalo Pinheiro) fazem pensar que a família levou uma vida de sonho e felicidade, mas a realidade é por vezes cruel e não corresponde ao imaginado...


O Hospital Santana na Parede, hoje em dia 

O casal teve uma única filha, que morreu muito cedo vitima de tuberculose óssea. Os pais decidem mandar construir um sanatório na Parede, para o qual contam com a ajuda do médico amigo Dr Sousa Martins. No entanto, não chegam a ver concretizado esse projeto, porque morreram ambos da mesma terrível doença: tuberculose.



Só sobreviveu uma pessoa da família, uma tia chamada Claudina de Freitas Guimarães Chamiço, a qual, aos 80 anos, se tornou a única herdeira, riquíssima, pois herdou a fortuna do marido e da sobrinha. Foi uma benemérita da Santa Casa da Misericórdia.





 
Escadaria de acesso ao primeiro andar: aposentos privados e capela



Quarto principal e vista da baywindow

  
Varanda do primeiro andar que dá acesso à capela 



O Parque Biester com os seus jardins, miradouros, recantos românticos tem que ser apreciado. Há uma sala de chá ao meio dos jardins, junto às estufas, para se fazer uma pausa...

Nós optámos entrar pela parte de cima, na estrada da Pena, onde fica a casa. Apanhámos um táxi junto ao Palácio da Vila e depois percorremos os jardins, saindo perto do centro histórico, onde tínhamos deixado o carro. Entrando pelos jardins é uma grande e íngreme subida até a casa.



Para termos a noção de como os jardins eram importantes, os Biester compraram um lote de terreno perto da casa, o chalet do Relógio, onde ficou instalado o paisagista François Nogré... Hoje em dia é uma residencial. Não confundir com a Quinta do Relógio, no centro, onde D. Carlos e D. Amélia passaram a lua de mel. Parece que está a ser restaurado. Pode ser que depois abra ao público...
Segundo nos disse a taxista, o Palácio Biester esteve à venda por 19 milhões de euros, mas como não foi vendido, resolveram abri-lo ao público. Excelente ideia! 





Eduardo Laia. Palácio Biester. A Arte e o Espírito. Soartes, 2022


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