terça-feira, 11 de junho de 2024

Em Tasquente

A capital do Uzbequistão foi fundada A.C. e no século XI passou a chamar-se Tashkent, ou seja cidade da pedra. Antes chamava-se Chach. Prosperou, em grande medida devido à Rota da Seda, graças à sua localização estratégica a meio caminho entre a Europa e a China. Dali partiam ou paravam caravanas, que seguiam para o vale de Fergana e Casgar em direção à China. Após ter sido destruída por Genghis Khan em 1219, reergueu-se e desenvolveu-se em consequência daquela mesma situação geográfica.

A cidade de cerca de três milhões de habitantes (Lisboa tem pouco mais de quinhentos mil) representa um testemunho da resistência e determinação do país em envolver-se na modernidade, procurando preservar a sua herança, misturando o antigo com o novo, oferecendo aos visitantes uma experiência muito interessante. 

Tasquente (Tashkent), sobretudo a sua parte histórica, ficou muito destruída, devido a um terrível terramoto em 1966, por isso não parece tão antiga como realmente é. Na sequência da sua reconstrução passou a constituir como que um modelo urbano soviético. Assim, o percurso de visitas à União Soviética por parte de dignatários de outros países, nomedamente do então chamado terceiro mundo, passou a incluir no seu roteiro uma passagem pela atual capital do Uzbequistão. 

As ruas largas ladeadas de árvores dâo à cidade uma sombra muito agradável neste calor de quase 40 graus e o nome de 'cidade jardim' (sad gorod). 

E lá chegámos a Tasquente (Tashkent) em voos da Turkish Airlines: Lisboa-Istambul-Tasquente. No total foram cerca de 10 horas, sem mencionar o tempo de espera nos aeroportos...Fomos muito bem recebidos tanto no guichet dos passaportes como pelo motorista que relacionaram de imediato a nossa nacionalidade com Cristiano Ronaldo. 

Depois de um pequeno descanso no hotel, começámos logo a explorar a cidade.

Complexo Khast Imam

A Mesquita Hazrat Imam  é o maior local de oração de Tasquente e foi construída em 2007, em apenas quatro meses. O governo de então quis mostrar o que o Islão deveria ser. Conta com colunas de madeira de sândalo da Índia, mármore verde da Turquia e azulejos azuis do Irão.


A principal atração desta praça é a pequena biblioteca Muyi Mubarak no centro, que contém o mais antigo Corão do mundo. O Corão de Otomão está manchado com sangue do próprio califa Otomão, pois, segundo a tradição, foi assassinado, quando estava a lê-lo, em 656.
(foto da net)


Diz-se que Otomão ofereceu cinco cópias do Corão. Uma parte de uma dessas cópias está em Istambul no Palácio Topkapi.

É interessante saber como uma cópia está em Tasquente. Quando o conquistador medieval Tamerlão,   a encontrou no Iraque, trouxe-a para a sua capital, Samarcanda, onde permaneceu até que os russos conquistaram a cidade em 1868 e a levaram para a Biblioteca Imperial em São Petersburgo. Contudo, após a revolução Bolshevique, Lenine, ansioso de ganhar o apoio muçulmano, em 1924, devolveu-a ao Uzbequistão.

Na biblioteca, que chegou a ser uma madrassa existe ainda um exemplar do Corão do século XV e miniaturas do Corão, que serviam de amuleto. 


  

A Cúpula azul da Madrassa (escola religiosa) do Cã Barak é do século XVI. 


Hoje em dia é um centro de artesanato. 


O Mausoléu do Santo Abu Bakr Kaffal Shashi foi dos primeiros edifícios desta zona histórica da capital uzbeque à volta da qual foram construídos mais edificios. O santo não foi só um teólogo, mas também poeta e pensador. O primeiro mausoléu edificado, após a sua morte no século X, não sobreviveu e no século XVI criou-se o atual.

O Instituto Islâmico do Imã al-Bukhari fica situado neste grande complexo, tendo sido inaugurado em 1971. Aquele sábio muçulmano, que viveu no século IX, compilou muitas das tradições ligadas a afirmações e práticas do profeta Maomé, consideradas fundamentais para a interpretação do Alcorão e chamadas Hádice. 



Em seguida visitámos o Bazar Chorsu, com a sua enorme cúpula azul. Lá vende-se de tudo...





2 variedades de cenouras usadas no prato tipico plov.

Os bonitos padrões dos vestidos tipicos foram o que mais me impressionou, depois de admirar todas as frutas e legumes fresquissimos.




Fomos de metro ao Museu de Arte Aplicada. 





A primeira mulher astronauta e Gagarin.




A minha prima e eu no Museu de Arte Aplicada, uma antiga casa de um embaixador russo.


O meu filho no Teatro Alisher Navoiy este ano para assistir a  um espetáculo de ballet

Após uma volta pelo Teatro Navoiy, aberto em 1947, e que tem o nome do poeta, escritor, pintor e político do século XV, chegámos à Praça de Tamerlão, onde terminámos a visita do primeiro dia em Tasquente.


Adivinhem quem veio jantar.... 


Um amigo do meu filho, que já esteve em Portugal, convidou-nos para jantar. 

Tasquente, 10 e 17 de junho 

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