terça-feira, 29 de outubro de 2024

Caillebotte no Museu de Orsay

 



Auto-retrato de Caillebotte pintado alguns meses antes da sua morte, aos 45 anos.

Gustave Caillebotte (1848-1894) foi um pintor francês impressionista. A assinalar os 130 anos da sua morte o Museu de Orsay organizou esta exposição Caillebotte Peindre les hommes, para lhe prestar homenagem.





Caillebotte nasceu no seio de uma família abastada. Ajudou financeiramente muitos artistas da sua época e comprou muitas das suas obras. Monet ofereceu-lhe o enorme quadro Almoço na Erva, como agradecimento por ter usado sem pagar o estúdio de Caillebotte.
No seu testamento Caillebotte doou uma grande coleção ao governo francês- 68 pinturas de vários artistas: Pissarro (19), Claude Monet (14), Renoir (10), Sisley (9), Edgar Degas (7), Paul Cézanne (5), e Manet (4), as quais graças à sua generosidade irão constituir a base de um museu sobre o impressionismo, numa altura que este movimento artístico ainda era olhado de soslaio. Caillebotte não sentiu necessidade de doar algumas das suas próprias obras, talvez por modéstia...


O pintor estipulou que os quadros deveriam ser expostos no Palácio do Luxemburgo, no entanto os termos do testamento tiveram de ser negociados com Renoir, seu procurador, o qual juntamente com um irmão do artista incluiram na doação duas pinturas de Caillebotte (Les raboteurs de parquet e Vue de toits -Effet de neige).


Les raboteurs de parquet

Caillebotte era mais conhecido por ser um patrono das artes, do que pintor.  Nunca sentiu a pressão de ter de vender os seus quadros para sobreviver. Os temas das suas obras são sobretudo cenas de vida doméstica com membros da sua família. Durante a sua vida ofereceu muitos quadros seus a amigos e empregados. Depois da sua morte essas ofertas estavam em sótãos e, pior ainda, a sua correspondência foi deitada fora por uma cunhada...Se não tivesse escrito com frequência a Monet e Pissarro, provavelmente, hoje em dia só existiria o seu testamento...
Todavia, surgiu do esquecimento em 1955, quando o filho do dono da Chrysler decidiu comprar um quadro seu mostrando uma rua de Paris com chuva, adquirido, mais tarde, pelo Art Institute of Chicago.


Na década de 70 do século passado intensificou-se a procura de obras de pintores franceses impressionistas, as quais eram dificeis de encontrar e muito caras. Foi então que se lembraram de Caillebotte, esse pintor negligenciado...Organizaram-se exposições nos EUA e, em 1994 por ocasião do centenário da sua morte, uma grande retrospetiva em Paris...









Na década de 1880 começou a pintar menos, quando adquiriu uma propriedade em Petit Gennevilliers, perto de Argenteuil e para lá se mudou permanentemente em 1888, dedicando o seu tempo à jardinagem e  ao desenho de barcos para regatas.

Uma semana antes da sua morte repentina, escreveu a Monet, recomendando-lhe um tipo de estufa. Antes, enviara outra carta a desculpar-se por não poder ir a Giverny, porque uma orquídea rara dera flor nesse dia e só durava cerca de 3 dias...



Apesar de ainda sabermos pouco sobre a sua vida, esta biografia ilustrada, escrita por um seu descendente e publicada este ano, está muito interessante. Recorreu a arquivos da cidade, à correspondência com outros pintores e a muitas fotografias, um hobby do irmão de Gustave, Martial.


https://www.maisoncaillebotte.fr/le-domaine/la-maison-452.html

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