A Casa-Museu Dr Anastácio Gonçalves

A Ceifa de Silva Porto, o "divino mestre" do naturalismo português.

Obra emblemática considerada Tesouro Nacional

A Praia de António Ramalho.

Nos dois quadros nota-se claramente como a figura humana está inserida na paisagem

Retrato do Dr Anastácio Gonçalves no roteiro da Casa-Museu (janeiro 2002).

A pintura de Malhoa de 1932 foi retirada para restauro.

O Dr. Anastácio Gonçalves nasceu em Alcanena em 1888. Era oriundo de uma família endinheirada, proveniente da indústria de curtumes. Sempre foi um brilhante aluno, interessado por diversas matérias. Adorava viajar sobretudo para visitar museus. Fez muitas viagens à volta do mundo. Só não conhecia a América do Sul e a Austrália. Tinha uma rica biblioteca, pois era culto e bem informado. Lia os autores clássicos na língua original. Licenciou-se em medicina em 1913 e especializou-se em oftalmologia.

Serviu na Grande Guerra e foi condecorado por valiosos serviços prestados nas trincheiras e por se ter distinguido na Batalha de La Lys pela sua coragem e dedicação.

A prática de medicina levou-o ao contacto com reconhecidas individualidades do mundo da ciência, literatura e arte como Ricardo Jorge, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro. Também era seu cliente Calouste Gulbenkian, que morava muito perto, no Hotel Aviz e visitava a sua casa para ver as novas aquisições do médico. Consta que este foi dos poucos portugueses que visitou Gulbenkian na sua casa em Paris, na Avenida Iéna 51 e ficou deslumbrado com a coleção de arte que encontrou.

Em 1965, solicitou autorização à PIDE para visitar a Rússia pela segunda vez. Da primeira vez a excursão a Leninegrado para visitar o museu Hermitage calhou num dia feriado e não conseguiu concretizar o seu objetivo. No dia 14 de setembro realizou o seu sonho, mas o seu coração não resistiu à emoção e morreu nessa noite no quarto de hotel.

O Herrmitage

(felizmente nós já não precisámos de pedir autorização à PIDE para visitar São Petersburgo)

Em testamento legou ao estado português a casa onde residia, assim como a coleção de arte. Era sua ideia que fosse criado um pequeno museu como o Soane de Londres, o que veio a concretizar-se só em 1980 (a burocracia é pesada)...

A Casa-Museu Dr Anastácio Gonçalves foi adquirida em 1932. Foi mandada construir pelo pintor Malhoa, em 1904. 

O plano é do arquiteto  Norte Júnior, a quem se deve igualmente o projeto de vários palacetes, prédios e moradias das Avenidas Novas, nomeadamente na 5 de outubro, que vai da Maternidade Alfredo da Costa até à Cidade Universitária. Em 1905 recebeu o Prémio Valmor.

A Coleção

O espólio da Casa-Museu compreende pintura, escultura, porcelana chinesa, mobiliário e ourivesaria.

Mário Augusto (1895-1941) O Rio Jamor. 1926

A maior coleção de pintura é portuguesa e naturalista, sendo Silva Porto (1850-1893), um dos fundadores do Grupo do Leão, o mais representado, a par de Malhoa, Columbano, João Vaz, António Ramalho, Carlos Reis...

Maria Lucília Moita. Cadeira Vermelha (1928-2011)

Carlos Reis (1863-1940) Azenha

António Ramalho. Pintor Silva Porto

A bela escultura arte nova Eva de João da Silva (1890-1960)

Porcelana Chinesa. Aquários Século XVIII

A história destes dois aquários do século XVIII, é muito interessante. Como disse o colecionador, "colecionar é um vicio" e uma obstinação. Um dia em visita à Quinta das Baldrucas, em Azeitão, o Dr Anastácio expressou o desejo de comprá-los para a sua coleção de porcelana chinesa, mas o proprietário recusou o pedido. Disse que o que estava á venda era a propriedade com o seu recheio e não a venda de peças isoladas. O que fez o Dr, Anastácio? Comprou a quinta e trouxe os aquários, como queria. Esta história foi contada na primeira visita que fiz há anos, antes das intervenções de fundo na moradia e foi confirmada ontem.

O interior do aquário, para os peixinhos se sentirem acompanhados...

Destaque-se a beleza e raridade desta papeleira miniatura do século XVIII. Conhece-se apenas um outro exemplar semelhante em Inglaterra.

E este contador pintado na Holanda por um discípulo de Rubens

Sendo uma apreciadora de tapetes, gostei muito deste Bucara no escritório

E para terminar este Evangeliário do século XVIII da Ucrânia

(latão prateado e dourado)

 Referências:

O Programa Visita Guiada de Paula Moura Pinheiro com Ana Mântua

O Roteiro da Casa-Museu

Lembrando Rubens

Peter Paul Rubens (1577-1640) nasceu em 28 de junho, há 448 anos. Foi um dos grandes pintores europeus, artista e diplomata famoso da época barroca.

O Museu de História de Arte de Viena possui no seu acervo muitas obras de Rubens.

Autoretrato. 1638-40

Na Sala Rubens

Triptico de Santo Ildefonso. 1630-2

Os Quatro Rios do Paraíso. 1615

A Anunciação 1610

A Festa de Vénus. 1636-7

Em maio de 2023, antes de regressar a Portugal, passámos um dia no museu, que fica na Praça Maria Teresa.

A pintura mostra o momento em que Salomé apresenta a cabeça decepada de João Batista a Herodes.
A Festa de Herodes. Galeria Nacional da Escócia.

O Combate de Hércules com o Leão e Retrato de Giovanna Pavese. Galeria de Pintura Europeia. Bucareste

No Palácio de Belém encontramos Cristo Triunfante da Morte e do Pecado, pintura atribuída à sua oficina e integrada na coleção do Museu Nacional de Arte Antiga.

A Fuga para o Egito e Amores de Centauros

No Museu Gulbenkian, Lisboa

Contador do séulo XVII com cenas do Novo Testamento. Escola de Rubens.

Casa-Museu Dr Anastácio Gonçalves, Lisboa

O Herói da Virtude coroado pela Deusa da Vitória.

Galeria dos Mestres Antigos. Dresden

Paisagem de Outono com a Vista de Het Steen de Manhã. 1636

Galeria Nacional. Londres

As Três Graças. Palácio Pitti, Florença

Juízo Final e Caça ao Leão. Munique, Antiga Pinacoteca

Grande pintura de altar (4x6 metros) para igreja em Antuérpia

Madona adorada por Santos. 1628

Foi uma visita completamente inesperada. Estavamos em Frankfurt, no aeroporto, e enquanto esperávamos pelo voo seguinte resolvemos ir dar uma volta pela cidade...

Quando era jovem, confesso, não apreciava muito Rubens e o seu estilo extravagante e colorido, mas felizmente com a idade as pessoas mudam...

Citação 7

"Desde que Marcel Duchamp, que - quem dúvida?- era um génio, revolucionou os padrões artísticos do Ocidente estabelecendo que uma sanita também era uma obra de arte se assim o decidia o artista, já tudo foi possível no âmbito da pintura e da escultura, até que um magnata pague doze milhões e meio de euros por um tubarão preservado em formol num recipiente de vidro e que o autor dessa brincadeira, Damien Hirst, seja hoje reverenciado não como o extraordinário vendedor de embustes que é, mas sim como um grande artista do nosso tempo".

 Mário Vargas Llosa. A Civilização do Espetáculo. Quetzal 2012 pag 45

Meu Matalote e Amigo Luís de Camões

 Na Sala de Exposições do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações

Somos recebidos à grande, com a obra de Columbano Camões e as Tágides, 

 do Museu de Grão Vasco

Columbano. Estudo para Camões e as Tágides. Casa Museu Dr Anastácio Gonçalves

Busto de Camões de autor desconhecido. Palácio Nacional da Ajuda

Primeira edição de Os Lusíadas. 1572. Academia das Ciências de Lisboa

José Simões de Almeida (Tio). Camões. Mármore, 1892.

"Cópia Fidelíssima" do Retrato de Camões- Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Columbano. Desenho a Lápis de Camões. Museu do Chiado

D. Sebastião. Escultura em Mármore de José Simões de Almeida (Tio). 1877. Palácio da Ajuda

Cristovão de Morais (séc XVI) Retrato de D. Sebastião. Museu Nacional de Arte Antiga

BACO

É muitas vezes associado à criação poética...

As Nove Musas e o Triunfo de Baco Séc IV.

Museu Nacional de Arqueologia

VÉNUS

Almada Negreiros. Nu 1926

Centro de Arte Moderna Gulbenkian

Columbano. Estudo para a Morte de Inês de Castro.

 Museu de Grão Vasco

VELHO DO RESTELO

José Malhoa Partida de Vasco da Gama para a Ìndia 1888

EGEAC-Museu de Lisboa

Miguel Ângelo Lupi. Partida de Vasco da Gama para a Ìndia. 1880

Museu do Chiado

Cândido da Costa Pinto.

Retrato de Vasco da Gama

Museu da Marinha

ILHA DE MOÇAMBIQUE

Uma das primeiras paragens de Gama na costa oriental de Àfrica

Géricault. Retrato de Joseph. 1808 Palácio Nacional da Ajuda

Veloso Salgado. Cabeça de um Negro. Casa-Museu Dr Anastácio Gonçalves

A ILHA DOS AMORES

José Malhoa. A Ilha dos Amores. Museu Militar de Lisboa

MACHINA MUNDI

Protomathesis, 1532

Biblioteca Nacional de Portugal

Domingos Sequeira. Estudo para a Morte de Camões. 1824. 

Nuseu Nacional de Arte Antiga

Gostaria de ter mais conhecimentos sobre os Lusíadas para melhor avaliar a exposição, mas quando  estudei Camões no Liceu, não lhe dei a devida importância, que hoje sinto que o Grande Poeta merecia. Gostei desta abordagem a Camões e aos Lusíadas.

Uma exposição organizada pela Universidade de Lisboa, a "minha" universidade, onde me formei, não em Estudos Portugueses, mas em Filologia Germânica, em 1980. 

Embora não seja consensual, por falta de fontes documentais que o comprovem, Luís de Camões terá nascido em 1524 ou 1525. Para a celebração dos 500 anos do seu nascimento visitei a exposição bibliográfica no Palácio de Vila Viçosa, a exposição Épico e Trágico - Camões e os Românticos (MNAA) e, recentemente, no Museu Militar vi os Lusíados Ilustrados nas Salas Camões e Infante D. Henrique. 

Também comprei as três biografias de Camões como forma de  celebrar e recordar tão importante aniversário na História da Cultura Portuguesa.

Li recentemente o excelente texto do Professor Borges de Macedo da chamada Última Lição, proferida na Faculdade de Letras da UL por ocasião da sua Jubilação Académica (16-12-91): A Sociedade Portuguesa no Tempo de Camões

 Camões era um notável humanista, reunindo na sua Epopeia vastos conhecimentos sobre inúmeras matérias, algumas das quais só poderiam ser descritas por alguém que as viveu.

A exposição mostra excelentes quadros, sobretudo inspirados nos Lusíadas, dos finais século XIX e princípios do XX.