Com as suas largas avenidas, edifícios robustos e maciços,
Kiev, quando se chega, mostra o seu passado soviético. Essa impressão resulta
sobretudo do facto de ter sido vítima de terrível destruição durante a Segunda
Guerra Mundial e reconstruída segundo padrões, que pouco ou nada devem ter
respeitado a traça antiga. Assim, as Igrejas no cimo de colinas e os
respectivos patrimónios constituem, hoje em dia, a evocação de tempos medievais,
quando foi fundada uma localidade nas margens do rio Dniepre. Daí assumir
particular significado a lenda que o Apóstolo Santo André cravou uma cruz num
dos seus montes, declarando ir ali nascer uma cidade.
A Catedral de Santa Sofia, recordando a antiga Hagia Sofia de Constantinopla em Istambul, onde se fundou a primeira escola e biblioteca da cidade, constituiu ao longo de séculos um centro de aprendizagem e cultura. Também foi o principal centro político, adjacente ao Palácio Real e local de coroações e outros ceremoniais. Ali se assinavam tratados e importantes dignatários estrangeiros eram recebidos.
Construída no século XI pelo príncipe Yaroslav, em celebração da sua vitória contra tribos inimigas e dessa maneira protegendo Kiev de ser destruída. Já se comemoraram os 1000 anos da sua existência.
Estátua do príncipe Yaroslav com a maquete da Catedral nas mãos, junto às antigas muralhas da cidade, Zoloti Varota, reconstruídas em 1982.
As cúpulas douradas e a torre sineira, assim como a cantina do mosteiro, uma padaria, a Casa Metropolita (Arcebispo), os portões ocidentais, uma estalagem e um seminário foram todos construídos no século XVIII em estilo barroco.
Depois da Revolução russa de 1917 e as campanhas anti-religosas
que se seguiram, a Catedral chegou a ser ameaçada de destruição, mas conseguiu
ser salva, destino feliz que não teve o Mosteiro
de S. Miguel, destruído em 1935.
A Catedral é um dos símbolos da cidade e o primeiro
monumento ucraniano a ser inscrito no Património Mundial da Humanidade da
UNESCO, assim como o Mosteiro de
Pecherska Lavra.
O original do
século XII, em honra do Arcanjo S. Miguel, santo padroeiro de Kiev, foi destruído pelos soviéticos. Esta
cópia concluiu-se em 2001 e a sua história fascinante está explicada no museu,
na torre sineira .
Também é recente a
reconstrução na praça, onde está a estátua da Santa Olga (casada com o governante
da Rússia de Kiev Igor I, contribuiu de forma decisiva para implantar o
cristianismo naquela região da Europa), do Apóstolo André e os Santos Cirilo e
Métodio.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros foi construído pelos soviéticos onde se encontrava uma igreja destruída por Estaline em 1934.
O rico interior da igreja de S. André
É o mosteiro mais antigo da Ucrânia e um dos lugares santos da religião ortodoxa.
Lavra é um
mosteiro de monges e Pecherska significa “cavernas”. Foi criado em 1051 quando
o cristianismo ortodoxo foi adotado pela Rússia de Kiev (uma confederação de
tribos eslavas do Leste Europeu dos séculos IX ao XII, que reivindicavam a
Rússia de Kiev como referência ancestral e cultural. Em meados do século XI, estendia-se
do mar Báltico no norte ao mar Negro).
Os fundadores S.Teodósio e Santo António retiraram-se para aquele local ermo, bastante afastado da cidade no século XI. Ali como eremitas viviam em cavernas e ganharam fama de santidade. Com o tempo outros se lhe juntaram, adotando o mesmo estilo de vida, criando, aos poucos, um complexo de corredores e salas subterrâneas, onde rezavam, estudavam e viviam. Ao morrer os seus corpos eram depositados em partes dessas catacumbas e alguns ficaram intactos, sem serem embalsamados, razão pela qual os crentes ainda hoje em dia acham que se tratam de santos - desses 118 monges, 33 estão intactos e 14 parcialmente.
O número de monges, com o tempo, aumentou muito e o mosteiro prosperou ainda mais já fora das catacumbas, com a construção da catedral da Assunção, no século XI, a segunda igreja de Kiev inspirada pela arte bizantina.
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