domingo, 3 de outubro de 2021

A casa-museu de Haydn em Viena

 


Esta é a casa onde o compositor Joseph Haydn (1732-1809) passou os últimos doze anos da sua vida. A sua obra converteu-o numa das mais importantes figuras musicais do seu tempo e na história da música ocidental.

Ao contrário de Mozart, de quem era amigo apesar da diferença de idades (Haydn era 24 anos mais velho), Haydn tornou-se famoso internacionalmente ainda em vida.

Quando morreu o seu patrono, o príncipe Nicolau Eszterházy e como o seu sucessor não mostrava a mesma apetência musical, Haydn ficou livre, já com cerca de 60 anos para ir a Inglaterra e aí dirigir as suas obras e criar outras. O Príncipe de Gales, futuro Jorge IV, era um grande apreciador da sua música. No entanto, recusou ficar a viver em Londres (ao contrário por exemplo de Handel) regressando a Viena, à casa que comprara, entretanto, nos arredores da capital.

Quando os amigos o tentaram dissuadir de ir  a Inglaterra, pois não falava inglês terá dito " A minha linguagem é compreendida em todo o mundo".


Este clavicórdio pertenceu a Haydn. Em 1914 foi adquirido para a coleção do museu


Este fortepiano foi usado por Haydn nos últimos anos da sua vida. Em 1906, foi entregue ao museu.

Duas das suas obras mais famosas, que continuam hoje em dia a ser frequentemente tocadas e gravadas, foram compostas nesta casa: A Criação e As Estações. Em 2015, tive o prazer de assistir ao vivo à A Criação, em Caracas, com uma excelente exibição de Susana Gaspar e, em 2018, em Bucareste.


Litografia da última aparição pública de Haydn em 27 de março de 1808, para assistir à sua obra A Criação, no Hall de Concertos da Velha Universidade.







Antes de ir visitar a casa- museu de Haydn tinha tentado visitar este fantástico hall para concertos, mas estava fechado, assim como o da Academia Austríaca de Ciências, em frente. Antes de terem sido construídas as grandes salas de espetáculo, ouvia-se música nos palácios da aristocracia ou em instituições como estas. Felizmente a igreja dos jesuitas, ao lado estava aberta e pude comtemplar a sua magnificência.


A última sala da casa-museu é dedicada a Brahms por dois motivos: Brahms, nascido em 1833, era um grande admirador da música de Haydn; o seu apartamento já não existe pois foi demolido em 1907. Por estas razões, em 1980 decidiram incluir mobilia do seu apartamento nesta casa.


Interessante a cadeira com uma pauta de música e o retrato de Brahms sem barba


Depois de conhecer os palácios da família Esterházy em Eisenstadt  (Áustria) e Fertod (Hungria), onde Haydn trabalhou e viveu quase trinta anos, quando era diretor musical da família Erterházy com uma orquestra à sua disposição, faltava-me conhecer a casa onde passou os últimos anos da sua vida. Gostei muito. Muita informação. Pena que não esteja da mesma forma como quando a habitou, pois a mobília e muitos objetos foram leiloados logo a seguir à sua morte (incluindo um papagaio, que trouxera de Londres). Todavia, ao contrário do seu grande amigo Mozart, atualmente mais famoso, quando morreu, era profundamente respeitado, muito admirado e era uma figura paternal para muitos jovens músicos, entre os quais o genial Beethoven, que naquela mesma casa teve lições do grande Joseph Haydn. 


A casa-museu de Haydn fica na Haydngasse, 19, metro Zieglergasse (linha 3)


A estátua de Haydn da autoria do escultor austriaco Heinrich Natter (1844-1892) está situada na movimentada rua de comércio Mariahilfer em frente à igreja do século XVII, conhecida por igreja de Haydn. A sua pose é algo doutoral olhando de cima para a rua, com uma pena numa mão e uma pauta na outra.
O monumento é muito mais simples do que os de Mozart e Beethoven também em Viena.



O escultor Heinrich Natter é também o autor de um busto do Imperador Francisco José no Museu do Mobiliário de Viena. Consta que este último terá dito quando a estátua de Haydn foi revelada: «sempre que for a Schönbrunn posso rever a estátua de Haydn com prazer» (o monumento ficava no caminho para o palácio Schönbrunn, antes de ser mudado para o local atual )



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