O Palácio Esterházy em Fertöd na Hungria, chamado por vezes de "Versailles húngaro", é um grandioso palácio, o maior monumento rocócó daquele país, construído pelo príncipe Nikolaus Esterházy (1714-1790).
Na semana passada visitámos outro palácio daquela família em Eisenstadt, Áustria. É interessante que pelo caminho que seguimos ao sairmos da Eslováquia, em direção à Hungria, entrámos na Áustria e voltámos novamente à Hungria. Constata-se, com frequência, o aparecimento de sinalização na estrada com a direção de Viena e Budapeste, dando-nos conta que vivemos neste país bem central com fronteira com aqueles dois países e tão próximo das suas capitais - dessa forma o passado e o antigo Império Habsburgo vem sempre à memória. ( A República Checa, a Ucrânia e a Polónia também têm fronteiras com a Eslováquia).
O príncípe Nicolau estava habituado a passar muito tempo livre num pavilhão de caça no mesmo local, o qual seria o núcleo em volta do qual o palácio foi construído. Em 1766, começou a ser habitado, mas os trabalhos continuaram por mais alguns anos.
A época de ouro do palácio terminou com a morte do príncipe Nicolau em 1790. A família abandonou-o para ir viver em Eisenstadt e Viena. Só um século mais tarde é que um herdeiro voltou a mostrar interesse pelo Versailles húngaro, voltando a habitá-lo com a família e essa decisão obrigou-o a muitos trabalhos de renovação.
E de Esterházy pintado no tecto da casa de jantar de verão
O chão é em bonito mármore de Carrara. Por baixo havia aquecimento instalado no século XIX, quando o palácio sofreu uma grande renovação.
Sala de Concertos no primeiro andar. No tempo do príncipe Nicolau este palácio era o maior centro cultural do país. A orquestra era dirigida pelo próprio Haydn, que estreou aqui muitas das suas obras. As janelas são em forma de violinos.
A primitiva capela era dedicada a Santo António
A última sala que visitamos é uma pequena exposição de mobiliário, alguns retratos de membros da família Esterházy e uma amostra de porcelana oriental, da Áustria (Augarten), Alemanha (Meissen) e Hungria (Herend). É proibido tirar fotografias.
À conversa com Joseph Haydn nos jardins do palácio
As circunstâncias em que foi composta a Sinfonia n.º 45 dita “do Adeus” de Haydn são bem conhecidas, uma vez que foram relatadas pelo próprio compositor aos seus biógrafos, ainda que muitos anos depois do sucedido. Em 1772, o Príncipe Nikolaus Esterházy, patrono do compositor, decidiu prolongar a estadia no seu palácio favorito de veraneio, Esterházy, na Hungria rural. Esta situação não agradou aos músicos que haviam deixado as suas famílias em Eisenstadt, a residência mais perto da corte, tendo pedido a Haydn que intercedesse por eles junto do príncipe.
O Mestre de Capela terá então composto o célebre final em que os músicos gradualmente apagam a vela da sua estante e se retiram, até só restarem dois violinos em palco, que terminam o andamento em surdina. A mensagem terá sido tão perceptível, que no dia seguinte toda a corte do príncipe regressou a Eisenstadt.
Depois da II Guerra Mundial o exército soviético estabeleceu um hospital militar no palácio e muitas decorações ficaram destruídas.
Este graffiti numa parede feito por um soldado russo é dessa época.
Mais tarde o palácio foi nacionalizado. Presentemente pertence a uma fundação dos monumentos nacionais húngaros.
É de lamentar que não haja explicação nas salas sobre o que está exposto. A visita tem de ser feita em grupo e a guia só fala em húngaro para os visitantes (felizmente, foi simpática e deu-nos breves explicações em inglês, nos intervalos das suas exposições, depois de perguntar se eu tinha dúvidas, que ela respondia, retorqui como poderia ter dúvidas se não tinha percebido nada do que dissera...tratou-se de um curso intensivo e compulsivo de húngaro - não se percebe, é um país da UE, mas pelos vistos não gosta ou não faz por receber turistas estrangeiros, pois a obrigatoriedade de ao visitar-se um monumento ter que seguir um guia, que só dá explicações na língua nacional recordam outros tempos e regimes...até parecia que a guia estava proibida de falar "estrangeiro").
Outra coisa que me espantou foi não haver uma loja, nem catálogo, apenas duas folhas plastificadas em língua inglesa, que no final temos que devolver. Não se pode comprar um livro que seja, nada. Parece os museus em Portugal há 20 anos... Têm um palácio daquela grandeza e não sabem aproveitar... O da Áustria não é assim. Apesar dos melhores livros só serem em alemão, comprámos umas pequenas brochuras em inglês.
Encontrei este video, onde é possível ver algumas salas fechadas agora ao público:
Admirei-me por não se ver ninguém com máscara nem fora nem dentro do palácio. "Tudo ao molho e fé em Deus".
Há coincidências...
Diz-se que o palácio em Fertőd, é o Versailles húngaro...
O meu marido ao chegar a casa arrumou a mochila, tirou tudo o que lá estava e encontrou a planta de Versailles de 2019 (em português) e do Trianon (em inglês) da nossa última viagem ao estrangeiro, antes da pandemia (estas viagens aqui à volta não contam)...
Curiosidade: O pavilhão Bagatela
A Imperatriz Maria Theresa visitou o palácio de Fertőd em 1773, para assistir à opera. O novo palácio brilhou: os jardins estavam iluminados com 24 000 lanternas chinesas fixadas nas árvores, houve um baile de máscaras no Salão Oriental e até os músicos tinham traje chinês, mas parece ter sido o espetáculo de fogo de artificio o ponto alto: a rainha tocou num botão e surgiram lá no alto as letras V M T (Vivat Maria Theresa).
Foi construído um pavilhão chinês de diversão e diz-se que quando a rainha o visitou, perguntou quanto teria custado tudo aquilo, ao que lhe responderam : "Ah, uma bagatela", nome pelo qual ficou conhecido o tal pavilhão (Bagatelle, em alemão)
Nota: Este post tem 2 vídeos. Para os ver no telemóvel tem de usar a opção "VER VERSÃO da WEB"
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