sexta-feira, 1 de abril de 2022

Os 100 anos da morte de Carlos de Áustria

O último Imperador da Áustria morreu na Madeira a 1 de abril de 1922.

O Museu de Fotografia da Madeira - Atelier Vicente’s inaugurou a exposição temporária “Carlos de Áustria – Centenário do falecimento do Imperador” aberta  ao público a partir de ontem, 31 de março até 22 de abril de 2022, a qual reúne um conjunto de imagens captadas pelos Perestrellos Photographos entre 1921 e 1922, por ocasião da estadia de Carlos de Habsburgo (1887-1922) e família na ilha da Madeira.

Também na Sé do Funchal estão em exposição cartazes, que celebram a vida de Carlos de Áustria.


Carlos de Habsburgo foi o último Imperador da Áustria de 1916 até 1918, também Rei da Hungria e Croácia como Carlos IV e Rei da Boémia como Carlos III.


Ontem, às 21h, reallizou-se na Sé Catedral do Funchal um concerto em homenagem ao Imperador pela Orquestra Clássica da Madeira, uma iniciativa da Embaixada da Hungria. O maestro convidado foi Tibor Boganyi.



A autora do livro Carlos e Zita de Habsburgo, Elizabeth Montfort, esteve na Madeira para assistir ao lançamento da versão portuguesa.do livro

Carlos de Habsburgo ascendeu ao trono após a morte do seu tio-avô Francisco José I. Como já referi neste blog, Rudolfo, o herdeiro do trono, suicidou-se e  o seu tio, o Arquiduque Francisco Fernando foi assassinado em Sarajevo, pelo que coube a Carlos de Habsburgo ascender ao trono.
Lembro que a sua tia-avó, a Imperatriz Sissi  passou alguns tempos na Madeira, para recuperar de problemas de saúde: em  (1860-61) quando tinha 23 anos e mais tarde, em 1893, com 56 anos.



Da primeira estadia há uma estátua que representa a Imperatriz Sissi junto ao Casino, que se situa na antiga Quinta onde ficou instalada.






Com a dissolução do Império Habsburgo, o Imperador e a sua família viveram exilados na Madeira a partir de 19 de novembro de 1921. Inicialmente, hospedaram-se na “Villa Victoria”, quinta anexa ao Reid’s Palace Hotel, mas, em fevereiro de 1922, mudaram-se para a Quinta Rocha Machado, no  Monte (atualmente conhecida por “Quinta Jardins do Imperador").
A sua estada foi curta, em virtude de Carlos de Habsburgo ter adoecido com uma dupla pneumonia gripal, não tendo resistido a essa doença no dia 1 de abril de 1922, quando tinha apenas 34 anos. O imperador está sepultado na Igreja do Monte.

O facto de Carlos de Áustria ter vivido os últimos meses da sua vida em Portugal não é a ínica relação com o nosso país, ao qual estava ligado por razões familiares. Era neto da Infanta D. Maria Ana, filha da nossa Rainha D. Maria II e do Rei consorte D. Fernando II. O seu avô paterno foi casado com D. Maria Teresa de Bragança, filha de D. Miguel de Portugal. Por seu lado, pelo casamento com a última Imperatriz da Áustria, Zita,  estabeleceu mais uma relação de parentesco com Portugal, pois esta era filha do Duque de Parma e da sua segunda mulher, a Infanta D. Maria Antónia de Bragança, filha de D. Miguel e irmã de D. Maria Teresa de Bragança.

Em 3 de outubro de 2004, Carlos de Áustria foi beatificado pelo papa João Paulo II.

Os 8 filhos dos Imperadores Carlos e Zita




O filho mais velho, Otto (1912-2011) foi eurodeputado e temos o seu livro autografado e com uma dedicatória para o meu marido em português...










A fotografia de Carlos de Habsburgo na Sé do Funchal.

Tenho a certeza que se mostrassemos a sua fotografia a muitos madeirenses reconheceriam o último Imperador da Áustria. Para meu espanto, o mesmo não aconteceu em Viena, quando visitei a Karls Kirche, que mostrava num altar uma fotografia semelhante: nem a funcionária nem um padre sabiam a quem se referia aquele retrato tão visível e claramente diferente de outras imagens muito mais antigas. 

A área atual da Áustria corresponderá, em grande parte, aos territórios da Casa de Habsburg, uma das mais antigas dinastias reais europeias e que fez de Viena o centro do seu império e uma das cidades mais afamadas da Europa. Em 1918, o império austríaco deixou de existir e aquele país e a sua capital perderam a influência e também a velha aúrea que detiveram, durante séculos; entre 1938 e 1945 foi anexada pelo regime nazi. Apesar de já não ter o estatuto imperial, até porque é um país neutral, a Áustria vale a pena visitar e Viena, com muitos dos seus edifícios e palácos num estilo neo-clássico pesado e solene, mantém reminiscências desse passado.   


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