D. João IV, rei de Portugal |
Em 1 de dezembro de 1640 foi restaurada a independência de Portugal.
A Restauração é uma data da maior relevância na já longa história de Portugal, um dos estados mais antigos do mundo. Interessa, nesta ocasião, sublinhar alguns aspetos que estão na origem daquela data.
A subida ao trono de Portugal do Rei de Espanha só foi possível devido ao desastre de Alcácer-Quibir.
Nesta localidade do norte de Marrocos aconteceu uma batalha feroz entre três Reis: o Sultão de Marrocos, apoiado pelos otomanos, considerado usurpador por uma outra facção marroquina; o Rei legítimo de Marrocos, apoiado pelos portugueses; e El-Rei de Portugal, D. Sebastião (1554-1578), comandando um corpo expedicionário português, defendendo a legitimidade do Rei de Marrocos e desejoso de afastar o território marroquino da influência turca - a " batalha dos três Reis", como é conhecida no Reino de Marrocos, pois todos eles morreram durante aquele impiedoso confronto.
A morte de D. Sebastião de Portugal foi um acontecimento terrível para o país pois morreu sem deixar herdeiro, dando oportunidade ao candidato político-militar mais forte, D. Filipe II de Espanha, tornar-se também Rei de Portugal.
Este ao assumir o trono português jurou nas Cortes de Tomar (1581) respeitar as leis e costumes portugueses, incluindo a nossa língua. Até cerca de 1620, os portugueses pareceram resignados com a união política, mas as sucessivas crises financeiras espanholas, a inflação, o aumento dos impostos, o encarecimento da mão-de-obra em determinadas regiões e o fraco apoio da coroa à manutenção do império português, no qual se sustentava grande parte da nossa atividade económica, aumentaram o descontentamento popular.
A monarquia de Espanha, em território português, como na restante Europa do século XVII, estava cada vez mais desprestigiada.
O clero e a nobreza nacionais, afastados do principal centro de decisão, em Madrid, sentiam-se subalternizados. As revoltas começaram a ser habituais, como a de Évora (1637-38). D. Filipe III, que subiu ao trono em 1621, acentuou o desrespeito pelas leis e costumes portugueses, contrariando dessa forma as promessas do seu avô e o seu próprio juramento, quando ascendeu ao trono de Portugal, o qual continuava, em termos formais, a ser um Reino e nunca uma província ou região espanhola.
As fotos foram tiradas no Museu Nacional de Arte do México durante a exposição Yo, El Rey (2015)
Deste modo organizou-se a conspiração que levou à aclamação de um novo e legítimo Rei de Portugal, na madrugada de 1 de dezembro de 1640.
As fotos foram tiradas no Museu Nacional de Arte do México durante a exposição Yo, El Rey (2015)
Deste modo organizou-se a conspiração que levou à aclamação de um novo e legítimo Rei de Portugal, na madrugada de 1 de dezembro de 1640.
Palácio da Ribeira
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Um grupo de nobres, os quarenta conjurados, dirigiram-se à sede do governo no Palácio da Ribeira, que ficava no Terreiro do Paço, prenderam a Duquesa de Mântua, a odiada alta representante da coroa espanhola e mataram o seu homem de confiança, o traidor Miguel de Vasconcellos, atirando-o depois pela varanda abaixo, proclamando “Arraial, Arraial, por El-Rei de Portugal D. João IV”. Deu-se dessa maneira início à IV Dinastia, intitulada de Bragança, em honra do seu fundador, descendente do primeiro rei de Portugal e conhecido pelo seu título de Duque de Bragança.
Quando era criança, na Madeira, era costume escrever-se a giz no portal das casas esta data histórica, 1640. Foi a primeira forma de graffiti que conheci, a qual não tinha um mau impacto no ambiente, pois era facilmente lavável.
Quando era criança, na Madeira, era costume escrever-se a giz no portal das casas esta data histórica, 1640. Foi a primeira forma de graffiti que conheci, a qual não tinha um mau impacto no ambiente, pois era facilmente lavável.
No Palácio Fronteira, em Lisboa, há uma sala dedicada à Restauração com belos painéis em azulejo sobre as batalhas da Guerra da Restauração.
A Praça dos Restauradores, em Lisboa, dedicada à Restauração da Independência foi inaugurada em 1886.
As figuras de bronze representam a Vitória e a Liberdade. Os nomes no obelisco são os das batalhas da Restauração, através das quais Portugal derrotou a Espanha e afirmou a sua Independência.
“O Portugal dos Filipes é uma criação portuguesa” Conversa com o historiador espanhol Fernando Bouza
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