Hoje fui ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) ver a exposição A Cidade Global. Gostei muito e havia bastante gente a visitá-la. Tratou-se também do primeiro domingo, que a entrada nos museus voltou a ser gratuita.
Nos finais do século XV, Lisboa tornou-se uma das principais cidades europeias, centro de um império comercial, que ligava directamente a Europa à África, à Ìndia, ao Médio Oriente e já ao próprio Brasil.
A história desta exposição como que recua a 1866, quando o pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti avalia um quadro numa loja de antiguidades em Londres. Os grandes colecionadores procuravam trabalhos de grandes mestres, como El Greco, Vélasquez e Goya. Apesar de não reconhecer a cidade representada, Rossetti acreditou que a sua origem seria ibérica. Passados 150 anos, as historiadoras Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe identificaram a pintura comprada por Rossetti (entretanto dividida em duas partes, ainda no século XIX) como sendo uma vista da Rua Nova dos Mercadores, a qual foi totalmente destruída pelo terramoto de 1755. Esta rua (paralela ao Terreiro do Paço, segundo mapa da época) chamada a "rua mais rica do mundo", construiu-se estrategicamente próxima do Tejo, do Palácio Real, da Casa da Guiné e da Casa da Índia, grandes armazéns onde as mercadorias de África e Ásia eram vendidas. Aliás, aquele terrível terramoto, seguido de maremoto e incêndios, constituíram, no seu conjunto, um cataclismo avassalador que destruiu quase toda a Lisboa, as suas casas, palácios, incluindo, claro está, objectos nelas guardados e documentação histórica.
Na exposição, além destas duas pinturas, que têm causado alguma polémica e de outro quadro pertencente à Fundação Berardo O Chafariz Real, são apresentadas ainda outras pinturas da época, peças de mobiliário, porcelana, tapeçarias e até um enorme rinoceronte (D. Manuel I chegou a ser dono de um desses animais, quase desconhecidos na Europa desse tempo) para ilustrar o cosmopolitismo e exotismo de Lisboa do século XVI, que atraia tantos mercadores e visitantes estrangeiros.
A Casa-Museu Medeiros e Almeida emprestou uma taça de porcelana da China, decorada com simbologia real portuguesa, datada do reinado do imperador Jiajing (1522-1566) da dinastia Ming.
Uma exposição a não perder!
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