A Maria Hortense nasceu
em Belém, Lisboa, no dia 6 de março de 1930. Era a segunda de 4 irmãs. A Luísa,
mais velha, morreu jovem e as outras duas irmãs, Felisbela e Alice vivem em
Sintra.
A Hortense era uma ferrenha lisboeta e quem a conhecia sabia
que se dirigia aos taxistas dizendo o nome das ruas no percurso que queria
fazer. Contava histórias da inauguração do Estádio Nacional, da Exposição do
Mundo Português, momentos que viveu intensamente.
Casou jovem, mas o casamento não correspondeu à imagem
romântica que tinha dos filmes com Errol Fynn, Clark Gable, Gary Cooper e
acabou em separação. Sofreu por ser mulher separada no Portugal, antes do 25 de
abril. A educação do seu único filho, Fernando foi a sua prioridade, na qual
alcançou sucesso.
O 25 de abril e o Dia da Mulher em 8 de março eram datas que
gostou sempre de recordar. Aliás, tinha uma memória excelente para datas,
lembrando-se dos aniversários de toda a gente.
Todavia, a família era a sua principal atenção, querendo ter sempre notícias dos netos Bernardo e Joana e, mais recentemente, adorava ver as fotografias dos quatro bisnetos: Charlie, Bia, Teddy e Carmo.
A Maria Hortense foi uma lutadora e gostava de bons
restaurantes, cinema, teatro e também de momentos calmos em casa onde via TV e
fazia crochet e tricot. Adorava a vida.
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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