Ontem de manhã acabei de ler o livro que estava a ler muito entusiasmada: Rua de Paris em Dia de Chuva. Gostei muito e é dos romances que nos deixam uma sensação de vazio, quando acabamos de ler. É sobre o pintor impressionista Gustave Caillebotte. A autora, Isabel Rio Novo, mistura biografia com ficção e saíu um excelente texto, que valoriza o seu trabalho como professora de Escrita Criativa e de História de Arte.
Partilho com a escritora o fascínio por Caillebotte, cujo nome e obra só conheci recentemente na última viagem a Paris e ao Museu de Orsay. Já tive oportunidade de aqui o mencionar e até me fez aprender a jogar bezique...
À tarde fui ao Museu Medeiros e Almeida ver a exposição sobre porcelanas Vista Alegre, na altura em que se comemoram os 200 anos da fundação (1824-2024) daquela empresa. Faz todo o sentido, porque Margarida Pinto Basto, (conhecida por Titita pela família e amigos), casada com António de Medeiros e Almeida, era da família dos fundadores da fábrica da Vista Alegre. O Museu está em obras exceto a receção, a loja e a sala onde estão as peças da Vista Alegre. A visita foi acompanhada por uma guia bem simpática e conhecedora da história da família e, sobretudo, do espólio exposto, que nos deu explicações detalhadas.
Achei intrigante o cartaz com uma reprodução semelhante a um prato, que pertencia à minha sogra. Trata-se de uma reprodução de porcelana chinesa do Instituto de Museus e o cartaz é retirado do desenho de um serviço de jantar feito de propósito para o casamento de Margarida Pinto Basto em 1924, ano que corresponde ao centenário da fundação da fábrica da Vista Alegre.
Segundo nos disseram a dona da casa gostava especialmente da porcelana chinesa com essa decoração e por isso foi fabricado um serviço da Vista Alegre com motivos muito semelhantes.
Fotografia da família Pinto Basto e mesa com o serviço Vista Alegre
Perguntei porque estava a mesa posta com um prato de sopa e outro de consomé intercalados e disseram-me que foi a maneira que encontraram para poder expor os dois. O centro de mesa feito para condizer com o serviço é dos anos 40.
Ao contrário da exposição no
Palácio da Ajuda, que segue a ordem cronológica e começa com vidros, pois quando a fábrica da Vista Alegre foi fundada ainda não se tinha descoberto o caulino necessário para o fabrico de porcelana, o que só veio a acontecer cinco anos depois, esta mostra começa com a porcelana.

Peça com o retrato do fundador da Vista Alegre
Peça com o desenho da capela da Vista Alegre nos terrenos da fábrica em Ílhavo
Há muitas peças interessantes, como um prato do serviço oferecido à Rainha Isabel II, quando visitou Portugal em 1957, o da comemoração do 4ºcentenário da descoberta do Brasil, pratos comemorativos do quinto centenário da morte de Camões, uma coleção de paliteiros, jarrões e uma peça que nunca tinha visto: um apanhador de moscas
No final, os vidros. Gostei especialmente destes copos com uma vista de Sintra e outra do aqueduto.
Quando acabámos de ver a exposição fomos a pé até ao Terreiro do Paço. Os estrangeiros estavam deleitados com o pôr de sol e os útimos raios sobre o amarelo dos edificios e ouvi um a falar ao telemóvel a dizer: "This is absolutely beautiful"...
E um dia que começou com o final de um bonito livro, continuou com a beleza das artes decorativas e acabou com música numa casa de fados...