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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A Biografia de António Gedeão



O pseudónimo António Gedeão surgiu em 1956, quando Rómulo de Carvalho (1906-1997), então com 50 anos, publicou o seu primeiro livro de poesia Movimento Perpétuo e não queria que se conhecesse a sua identidade como poeta.
(pag. 86)

Rómulo de Carvalho foi colocado, pela primeira vez, como professor de Física e Química no Liceu Camões, em Lisboa. Aí atribuíram-lhe a alcunha de Príncipe Perfeito, pois desde o início que se tornou notado e aplaudido pelo seu empenho no ensino. Depois de uma curta passagem pelo Liceu Pedro Nunes também na capital, viveu em Coimbra onde iniciou a atividade de redação de manuais escolares e livros de divulgação científica. Regressou a Lisboa e ao ensino no Liceu Pedro Nunes, onde se reformou, em 1975. Depois de Sophia de Mello Breyner foi talvez o poeta que mais li na minha adolescência, antes do 25 de abril de 1974.
Gostei muito de ler a sua biografia, escrita pela filha, Cristina Carvalho.


Estive também a rever a História de Portugal contada a uma criança e dedicada ao seu primeiro filho e reli, uma vez mais, algumas das suas belas poesias...




PASTORAL

Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.

Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.

Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
bainha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.
Outras acerosas,
redondas, agudas,
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.
Nas formas presentes,
nos atos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.

Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.

É dessas que eu sou.

em Teatro do Mundo de 1958 ( pag 65) 


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