Este é o título de um poema de Victor Matos e Sá (1927-1975). Licenciado e doutorado em Filosofia, foi docente na Universidade de Coimbra. Não o conhecia. Estou a ler Memórias Minhas de Manuel Alegre e ele a páginas tantas diz: "Misturava as leituras, ora Rilke ora Aragon, ora Camões ora Pessoa, mas sobretudo um poeta hoje esquecido, que me abriu novos caminhos: Victor Matos e Sá, com o seu Horizonte dos Dias". Curiosa, uma pesquisa na internet levou-me ao poema, que transcrevo parte em baixo. Aliás, poderia ter sido dedicado a Zelensky se o poeta o tivesse conhecido. Imaginei essa dedicatória ao assistir, hoje, ao lastimável encontro entre os Presidentes Trump e Zelensky: o primeiro, arrogante, ignorante e, como é habitual, mal educado; e o segundo, digno, procurando resistir à tentativa de humilhação dos norte-americanos.
É preciso que saibam
É preciso que saibam: este rosto
não está à venda. Há quarenta
e cinco anos que o trago apenas
para dar e receber o espanto
do amor e do tempo, do eco e da rosa
e a violenta companhia
insubstituível do mundo.
Os amigos mortos e sepultados
sob este sorriso, também não estão
à venda – é com eles que entro
na força dos versos em que falo
de nós todos. Estes olhos
já leram Platão (entre outros)
já viram chegar a noite
nas grandes cidades, corpos proibidos
homens e mulheres sem paixão
moribundos face a face com o absurdo
de um tempo já maior de quanto há neles
.........
Algo que me deixou especialmente chocada: a atitude do presidente norte-americano não reflecte a ideia dos Estados Unidos que conheci bem, nos cinco anos que lá vivi. Aliás, é-me difícil entender como é que um país com algumas das melhores universidades do mundo e bibliotecas em todas as localidades elege um homem de negócios mais conhecido pelas suas falências do que pela sua inteligência.
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