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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Lisboa em dia frio com sol


Ontem de manhã acabei de ler o livro que estava a ler muito entusiasmada: Rua de Paris em Dia de Chuva. Gostei muito e é dos romances que nos deixam uma sensação de vazio, quando acabamos de ler. É sobre o pintor impressionista Gustave Caillebotte. A autora, Isabel Rio Novo, mistura biografia com ficção e saíu um excelente texto, que valoriza o seu trabalho como professora de Escrita Criativa e de História de Arte.

Partilho com a escritora o fascínio por Caillebotte, cujo nome e obra só conheci recentemente na última viagem a Paris e ao Museu de Orsay. Já tive oportunidade de aqui o mencionar e até me fez aprender a jogar bezique...


À tarde fui ao Museu Medeiros e Almeida ver a exposição sobre porcelanas Vista Alegre, na altura em que se comemoram os 200 anos da fundação (1824-2024) daquela empresa. Faz todo o sentido, porque Margarida Pinto Basto, (conhecida por Titita pela família e amigos), casada com António de Medeiros e Almeida, era da família dos fundadores da fábrica da Vista Alegre. O Museu está em obras exceto a receção, a loja e a sala onde estão as peças da Vista Alegre. A visita foi acompanhada por uma guia bem simpática e conhecedora da história da família e, sobretudo, do espólio exposto, que nos deu explicações detalhadas.     



Achei intrigante o cartaz com uma reprodução semelhante a um prato, que pertencia à minha sogra. Trata-se de uma reprodução de porcelana chinesa do Instituto de Museus e o cartaz é retirado do desenho de um serviço de jantar feito de propósito para o casamento de Margarida Pinto Basto em 1924, ano que corresponde ao centenário da fundação da fábrica da Vista Alegre.







Segundo nos disseram a dona da casa gostava especialmente da porcelana chinesa com essa decoração e por isso foi fabricado um serviço da Vista Alegre com motivos muito semelhantes.






Fotografia da família Pinto Basto e mesa com o serviço Vista Alegre

Perguntei porque estava a mesa posta com um prato de sopa e outro de consomé intercalados e disseram-me que foi a maneira que encontraram para poder expor os dois. O centro de mesa feito para condizer com o serviço é dos anos 40.

Ao contrário da exposição no Palácio da Ajuda, que segue a ordem cronológica e começa com vidros, pois quando a fábrica da Vista Alegre foi fundada ainda não se tinha descoberto o caulino necessário para o fabrico de porcelana, o que só veio a acontecer cinco anos depois, esta mostra começa com a porcelana.

Peça com o retrato do fundador da Vista Alegre


Peça com o desenho da capela da Vista Alegre nos terrenos da fábrica em Ílhavo

Há muitas peças interessantes, como um prato do serviço oferecido à Rainha Isabel II, quando visitou Portugal em 1957, o da comemoração do 4ºcentenário da descoberta do Brasil, pratos comemorativos do quinto centenário da morte de Camões, uma coleção de paliteiros, jarrões e uma peça que nunca tinha visto: um apanhador de moscas




No final, os vidros. Gostei especialmente destes copos com uma vista de Sintra e outra do aqueduto.

Quando acabámos de ver a exposição fomos a pé até ao Terreiro do Paço. Os estrangeiros estavam deleitados com o pôr de sol e os útimos raios sobre o amarelo dos edificios e ouvi um a falar ao telemóvel a dizer: "This is absolutely beautiful"...



E um dia que começou com o final de um bonito livro, continuou com a beleza das artes decorativas e acabou com música numa casa de fados...

sábado, 11 de janeiro de 2025

My Mother and I


My Mother and I escrito pela biógrafa de assuntos da realeza britânica, Ingrid Seward e publicado pela Simon & Schuster em 2024. Revela a relação entre a Rainha Isabel II e o Rei Carlos III, assunto sempre fascinante, pois foca a infância, quando o rei atual passava longas horas com as percetoras, pois na época o dever da mãe como monarca obrigava-a a ausências frequentes. Menciona também os tempos de adolescência em colégio interno muito rigoroso. E, evidentemente, aborda desde os problemas familiares com a primeira mulher, que levaram a divórcio, o asumir a relação com a atual, às conturbadas afirmações do filho mais novo em livro e entrevistas.

No inicio do livro li histórias que já conhecia de outras obras, mas depois apresenta alguns pormenores inéditos e é sempre bom ler em inglês para manter o contacto direto com a língua. Gostei da expressão " with whom she never gelled", para dizer "com quem não se entendia bem". Escrita fluente de fácil leitura...Uma agradável novidade biográfica de 2024 a juntar aos meus outros livros acerca da realeza britânica.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A Biografia de António Gedeão



O pseudónimo António Gedeão surgiu em 1956, quando Rómulo de Carvalho (1906-1997), então com 50 anos, publicou o seu primeiro livro de poesia Movimento Perpétuo e não queria que se conhecesse a sua identidade como poeta.
(pag. 86)

Rómulo de Carvalho foi colocado, pela primeira vez, como professor de Física e Química no Liceu Camões, em Lisboa. Aí atribuíram-lhe a alcunha de Príncipe Perfeito, pois desde o início que se tornou notado e aplaudido pelo seu empenho no ensino. Depois de uma curta passagem pelo Liceu Pedro Nunes também na capital, viveu em Coimbra onde iniciou a atividade de redação de manuais escolares e livros de divulgação científica. Regressou a Lisboa e ao ensino no Liceu Pedro Nunes, onde se reformou, em 1975. Depois de Sophia de Mello Breyner foi talvez o poeta que mais li na minha adolescência, antes do 25 de abril de 1974.
Gostei muito de ler a sua biografia, escrita pela filha, Cristina Carvalho.


Estive também a rever a História de Portugal contada a uma criança e dedicada ao seu primeiro filho e reli, uma vez mais, algumas das suas belas poesias...




PASTORAL

Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.

Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.

Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
bainha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.
Outras acerosas,
redondas, agudas,
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.
Nas formas presentes,
nos atos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.

Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.

É dessas que eu sou.

em Teatro do Mundo de 1958 ( pag 65) 


sábado, 4 de janeiro de 2025

4 janeiro




 A minha Mãe (4-jan 1918- 19-abril 2001)
Fotografia tirada em dezembro de 1999

Hoje faria 106 anos

4 de janeiro é uma data que nunca esqueço...

RIP, Adília Lopes

20-6-1960 - 30-12-2024

Morreu a poetisa Adília Lopes aos 64 anos. Escrevia com este pseudónimo, mas o seu nome era Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira. Começou a publicar poesia em 1984.


ARTE POÉTICA

Escrever um poema
é como apanhar um peixe
com as mãos
nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Feliz Ano Novo


 Com o meu cacto de Natal

Ai esta abundância...

 

Hoje, fui novamente ao supermercado. Somos, agora, onze pessoas incluindo crianças e assim há produtos que é preciso comprar com frequência, como por exemplo legumes para sopa. Não gosto de ir a restaurantes nestes dias festivos. Há que usufruír as decorações natalicias e estarmos todos juntos em casa.

Deparei-me então hoje com esta abundância de marisco num supermercado local. Fez-me sorrir e lembrar as minhas idas ao supermercado na Eslováquia, onde a secção de peixe era menor do que a dos limões em Portugal. Por vezes percorria 14 km para ir ver as escolhas na Áustria, mas é outro país sem mar e, portanto, a oferta de peixe e marisco era igualmente bastante reduzida...

Saudades das peixarias em Portugal... Já passou um ano desde o meu regresso, mas ainda gosto de admirar os peixes expostos, hoje com uma mostra especial de camarão para o Ano Novo.

Feliz Reveillon...


domingo, 29 de dezembro de 2024