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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

No Monte Saint-Michel



Por vezes as melhores fotografias de um passeio surgem sem termos planeado. Esta aconteceu à saída, no autocarro (felizmente o vidro não estava sujo).

Há muito tempo que dizia que tinha de visitar o monte Saint Michel. Com a ida a Paris chegou a oportunidade. Segundo nos informámos, há excursões diárias a partir de Paris. O local de encontro não é o mais central, mas fomos até lá de metro. A partida é às 7 horas da manhã, o que significa ligar o despertador bem cedo. No caminho apanhámos muito trânsito, porque numa parte do percurso estavam a alcatroar a estrada e só chegámos ao meio-dia. O autocarro estaciona num parque de estacionamento e depois vai-se de shuttle até à entrada (a pé são 45 minutos). Ficámos na "ilha" até âs 15.45h , tempo suficiente para subir os 300 degraus para chegar à abadia, lá bem no alto. Estava muita gente incluindo crianças e adolescentes em idade escolar (fizemos a visita numa terça-feira). Quando chegámos nem se via o cimo do monte, devido ao nevoeiro, porém, felizmente, o  tempo melhorou e de cinzento o céu passou a azul.

Como dizia o guia: na Normandia habitualmente vivemos as 4 estações num só dia...(nos Açores diz-se o mesmo...).



O Monte Saint Michel fica na "fronteira" entre a Bretanha e a Normandia. Já tinha visitado esta região do norte da França, quando estive em Rouen, a sua capital e fomos conhecer também a bela vila de  Honfleur, as praias do desembarque e Bayeux.


Andámos sempre por caminhos com bonitas paisagens e com muito gado.





As bolas nas árvores são mistletoe (visco)


No Monte Saint Michel só há uma rua, estreita, mas cheia de comércio e restaurantes. 

Comprei uns panos do verdadeiro "jacquard français"...



 
No cimo do mosteiro a imagem dourada de S. Miguel








O Mont Saint Michel está representado nas célebres tapeçarias de Bayeux do séc XI.
The Bayeux Tapestry pag 19.




Le mont St-Michel
22 outubro 2024

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Caillebotte no Museu de Orsay

 



Auto-retrato de Caillebotte pintado alguns meses antes da sua morte, aos 45 anos.

Gustave Caillebotte (1848-1894) foi um pintor francês impressionista. A assinalar os 130 anos da sua morte o Museu de Orsay organizou esta exposição Caillebotte Peindre les hommes, para lhe prestar homenagem.





Caillebotte nasceu no seio de uma família abastada. Ajudou financeiramente muitos artistas da sua época e comprou muitas das suas obras. Monet ofereceu-lhe o enorme quadro Almoço na Erva, como agradecimento por ter usado sem pagar o estúdio de Caillebotte.
No seu testamento Caillebotte doou uma grande coleção ao governo francês- 68 pinturas de vários artistas: Pissarro (19), Claude Monet (14), Renoir (10), Sisley (9), Edgar Degas (7), Paul Cézanne (5), e Manet (4), as quais graças à sua generosidade irão constituir a base de um museu sobre o impressionismo, numa altura que este movimento artístico ainda era olhado de soslaio. Caillebotte não sentiu necessidade de doar algumas das suas próprias obras, talvez por modéstia...


O pintor estipulou que os quadros deveriam ser expostos no Palácio do Luxemburgo, no entanto os termos do testamento tiveram de ser negociados com Renoir, seu procurador, o qual juntamente com um irmão do artista incluiram na doação duas pinturas de Caillebotte (Les raboteurs de parquet e Vue de toits -Effet de neige).


Les raboteurs de parquet

Caillebotte era mais conhecido por ser um patrono das artes, do que pintor.  Nunca sentiu a pressão de ter de vender os seus quadros para sobreviver. Os temas das suas obras são sobretudo cenas de vida doméstica com membros da sua família. Durante a sua vida ofereceu muitos quadros seus a amigos e empregados. Depois da sua morte essas ofertas estavam em sótãos e, pior ainda, a sua correspondência foi deitada fora por uma cunhada...Se não tivesse escrito com frequência a Monet e Pissarro, provavelmente, hoje em dia só existiria o seu testamento...
Todavia, surgiu do esquecimento em 1955, quando o filho do dono da Chrysler decidiu comprar um quadro seu mostrando uma rua de Paris com chuva, adquirido, mais tarde, pelo Art Institute of Chicago.


Na década de 70 do século passado intensificou-se a procura de obras de pintores franceses impressionistas, as quais eram dificeis de encontrar e muito caras. Foi então que se lembraram de Caillebotte, esse pintor negligenciado...Organizaram-se exposições nos EUA e, em 1994 por ocasião do centenário da sua morte, uma grande retrospetiva em Paris...









Na década de 1880 começou a pintar menos, quando adquiriu uma propriedade em Petit Gennevilliers, perto de Argenteuil e para lá se mudou permanentemente em 1888, dedicando o seu tempo à jardinagem e  ao desenho de barcos para regatas.

Uma semana antes da sua morte repentina, escreveu a Monet, recomendando-lhe um tipo de estufa. Antes, enviara outra carta a desculpar-se por não poder ir a Giverny, porque uma orquídea rara dera flor nesse dia e só durava cerca de 3 dias...



Apesar de ainda sabermos pouco sobre a sua vida, esta biografia ilustrada, escrita por um seu descendente e publicada este ano, está muito interessante. Recorreu a arquivos da cidade, à correspondência com outros pintores e a muitas fotografias, um hobby do irmão de Gustave, Martial.


https://www.maisoncaillebotte.fr/le-domaine/la-maison-452.html

domingo, 27 de outubro de 2024

O Museu Jacquemart André em Paris

 


O museu, situado no Boulevard Haussmann (relativamente próximo do Arco do Triunfo), é privado e constitui como que a memória de um palacete luxuoso do século XIX, com decoração da época e pintura e peças decorativas adquiridas por Édouard André, então herdeiro de uma das maiores fortunas de França. 



Foi inaugurado em 1913, após a morte da mulher de Édouard, Nélie. 

Nunca o tinha visitado antes, mas uma amiga recomendou-me.







As explicações das peças são dadas ao pormenor. Saliento este contador indo-português do século XVII.









E duas paisagens de Canaletto





Contudo, não foi, com certeza, a casa em si a atrair tantos visitantes e muitos franceses, mas a exposição temporária, com muita publicidade (inclusive no metro) sobre "Obras primas da Galeria Borghese".

Felizmente, já visitei esse museu em Roma, durante o confinamento. Recordo-me como  fiquei maravilhada com as esculturas de Bernini no rés-do-chão, mas essas são enormes e difíceis de transportar para uma exposição temporária... De Bernini só a pintura de um seu auto-retrato nesta exposição em Paris. 

Mas recordei muitas obras magníficas.








De Rafael: La Fornarina (1518) e
Senhora com Unicónio (c 1506)

O Enterro e Retrato de Homem, de Rafael (Galeria Borghese)
 não estavam em Paris

Botticelli
Caravaggio

Lorenzo Lotto: Retrato de Mercurio Bua.



Nesse retrato, com a paisagem de Treviso ao fundo, há um detalhe fascinante: S. Jorge a matar o dragão, como prova de devoção ao santo.









Leonardo da Vinci- Leda e o Cisne


A mais antiga representação da Villa Borghese (1636) no museu em Roma



Foi uma visita que valeu bem a pena a espera- mais de 1  hora para comprar os bilhetes.