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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Catarina de Áustria




Acabei de ler a semana passada o livro de Annemarie Jordan sobre a rainha de Portugal Catarina de Áustria. Comprei-o quando visitei a exposição A Cidade Global, no MNAA, em Lisboa. Annemarie Jordan é co-autora do livro que se tornou tema da exposição.










Filipe, o Belo


Joana de Castela






















Catarina de Áustria (1507-1578) era filha de Filipe, o Belo, arquiduque da Áustria e Duque da Borgonha e de Joana de Castela, rainha de Espanha a quem muitos começaram a chamar Louca. Nasceu órfã de pai, falecido, em 1506. Era neta dos monarcas católicos Isabel, rainha de Castela e D. Fernando II, rei de Aragão.

D. João III

Era a irmã mais nova do imperador Carlos V ( e Carlos I de Espanha) o qual, estrategicamente, a colocou no trono português, casando-a, em 1525, com o Rei de Portugal D. João III, como forma de garantir a estabilidade política na Península Ibérica, do ponto de vista espanhol. O mesmo acontecera com as suas irmãs: Leonor de Áustria, rainha de Portugal  (foi a terceira mulher de D. Manuel I) e França; Isabel de Áustria, rainha de Dinamarca; e Maria da Hungria, regente dos Países Baixos, colocadas em pontos nevrálgicos da Europa, como forma de conseguir valiosas alianças, pois mantiveram-se fieis ao irmão, o imperador Carlos V, durante todo o reinado deste último.




Até ao casamento, D. Catarina viveu completamente isolada dos irmãos. Passou a infância e a juventude em Tordesilhas, onde vivia com a mãe, cujo papel  na educação da filha foi muito mais influente do que previamente se pensava, ao ponto de levantar a questão se Joana teria ficado mesmo mentalmente incapacitada, após a morte do marido, como se pensava.

D. Catarina recebeu uma educação sólida: era fluente em latim, lia grego e sabia ler e escrever em espanhol e escrevia poesia. Aprendeu a tocar e a ser uma excelente dançarina.

Carlos V


Carlos V ordenou aos oficiais da corte  que tratassem do enxoval e dote da irmã, servindo-se para tal dos bens da mãe em Tordesilhas. A própria viagem de Catarina e da sua comitiva de Tordesilhas para Portugal foram liquidadas pelo irmão, que mandou derreter prata do tesouro da sua mãe. Mesmo assim muitas jóias pertencentes a Joana de Castela, algumas delas ofertas do marido, faziam parte do enxoval de D. Catarina, assim como uma baixela retirada do tesouro de sua mãe. Parte do seu rico guarda-roupa fora também apropriado dos bens de Joana.

Antes da sua partida para Portugal, levou consigo um conjunto de livros com iluminuras e, em 1540, comprou 230 livros em Milão encadernados a ouro. Além dos livros, D. Catarina tornou-se coleccionadora de peças de mobiliário e objectos decorativos exóticos vindos do oriente. Outra moda renascentista era a colecção de retratos de família, que desempenhavam a função das fotografias digitais de hoje em dia e podiam assim ser trocados entre familiares. A pintura e a escultura desempenharam um papel secundário nas colecções de D. Catarina, talvez à semelhança da pouca importância que a sua mãe lhes dava (com exceção para os retratos e pinturas religiosas). Um dos aspectos em que divergia da mãe era na compra de animais exóticos, aliás uma moda iniciada em Portugal pelo seu sogro, D. Manuel I. Contudo, as tapeçarias flamengas constituíram o elemento mais importante do colecionismo de D. Catarina. Algumas pertenciam à sua mãe e trouxe-as de Tordesilhas, mas em Portugal aumentou a sua coleção. Decorou os palácios, onde vivia em Portugal: o Palácio Real em Lisboa e as residências reais em Sintra e Almeirim.

"Em 1580, Filipe II estava ansioso por recuperar tanto quanto fosse possível do património da Coroa portuguesa, e foi por esse motivo que ordenou que o seu general, o duque de Alba, confirmasse o que restava do tesouro da Coroa. Muitas peças valiosas de joalharia e tapeçaria flamengas tinham sido roubadas pelo pretendente ao trono, D. António Prior do Crato..." (pag 178).
Se alguns tesouros ainda restavam em 1755, o terramoto ditou o fim destes.

Do seu casamento com o rei D. João III teve nove filhos, mas nenhum lhe sobreviveu. Conseguiu casar a sua filha Dona Maria Manuela  com o então príncipe Filipe II de Espanha. Mas a súbita morte de Maria Manuela, após  o nascimento do filho D. Carlos, pôs fim ao seu curto reinado como princesa das Astúrias.

Joana de Áustria



Esperava-se que o casamento do seu filho D. João com Joana de Áustria, a filha mais nova do imperador Carlos V e Isabel de Portugal solucionasse uma eventual crise politica, uma vez que o Infante D. João era o único herdeiro sobrevivente. A morte inesperada desse príncipe da Casa de Avis deixou o seu filho, que não tinha nascido ainda, D. Sebastião, futuro Rei de Portugal, como único herdeiro do trono. Após a morte do marido, D. João III, D. Catarina assume a regência do Reino de Portugal, em nome do neto até 1562.







D. Sebastião



D. Catarina recontruiu a capela-mor do mosteiro dos Jerónimos, que se tornou no panteão dedicado à dinastia de Avis.

Devido aos problemas com o seu neto e outros de natureza politica, decidiu ir viver para Espanha. Todavia, devido às pressões da Corte Portuguesa, viu-se obrigada a mudar a sua decisão e permaneceu em Portugal, no palácio de Xabregas, mandado construir pelo seu marido.

D. Catarina morre no ano que o seu neto, D. Sebastião, inicia a cruzada contra os mouros de Marrocos, sendo derrotado na batalha de Alcácer Quibir...



Gosto sempre de ler biografias. Quando são sobre a História de Portugal revêem-se personalidades relevantes. São nomes que, muitas vezes, constituem referências desde a infância. E dessa maneira fica-se com uma ideia mais aproximada como contribuíram para a vida portuguesa na época em que viveram e como as suas acções podem ter influenciado a própria evolução do país.








Aqui esqueceram-se das aspas em "old"








2 comentários:

  1. Já li este livro e é realmente uma obra de referência para conhecermos D.Catarina e o tempo em que viveu. Também gosto de biografias. Comprei a do D. Fernando II depois de ter lido a tua opinião sobre o livro.
    Neste momento ando à procura de dois livros (em português ou em espanhol)- Carlos V (depois de ter visto a sua vida numa série espanhola fiquei apaixonada por este homem; o outro livro é sobre os reis Católicas.

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  2. Olá prima, fui à procura do livro porque tinha a sensação que já tinha lido mas não encontrei. Foi provavelmente um romance histórico passado na mesma época que comentei com o Fernando e ele esteve a desvendar toda a essa cronologia. Importante o teu resumo para ajudar a fixar os factos. Gostei

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