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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Azevinho ou Visco?

Os posts do meu blog são muitas vezes influenciados por leituras, que me levam a pesquisar um pouco para depois escrever. O de hoje teve a sua origem na imagem de um azevinho na página oficial de uma câmara municipal portuguesa e convidava as pessoas a ir lá dar o "tradicional beijo debaixo do azevinho". Ora nem esta é uma tradição portuguesa nem a inglesa "a kiss under the mistletoe" se refere ao azevinho (holly, em inglês). Como sabemos este é um arbusto que pode crescer até formar uma autêntica árvore, mas as suas folhas são espinhosas e não dava jeito nenhum se meter debaixo do azevinho para receber um beijo e ficar toda arranhada...

 

Azevinho

Visco

O mistletoe (visco em português) corresponde a uma planta parasita, que cresce em ramos de diferentes árvores e tem bagas brancas com aspeto viscoso. 

No inverno, quando as árvores já estão despidas das suas folhas, nota-se o visco que se mantém verde.




A origem da importância  do visco remonta à mitologia nórdica:

A morte de Balder

Balder, o mais belo e favorito dos deuses nórdicos, teve um sonho a anunciar a sua morte. A sua mãe, Frigg, conseguiu que todas as criaturas vivas jurassem que não lhe faziam mal Os deuses atiraram-lhe então todo o tipo de objetos afiados e confirmaram alegremente a sua imunidade No entanto, esqueceram-se de falar com uma planta insignificante, o visco. Foi desse modo que o deus Loki fez uma seta afiada de visco e matou Balder.

O visco tem propriedades medicinais e desde há muito que está associado à vida e fertilidade, assim como ao amor e amizade.

 Todavia, não se sabe de facto qual a relação daquela lenda mitológica com o costume de dar um beijo debaixo do mistletoe, tradição que só apareceu em Inglaterra no século XVIII. 

gravura de 1794

The mistletoe is still hung up in farm-houses and kitchens at Christmas, and the young men have the privilege of kissing the girls under it, plucking each time a berry from the bush. When the berries are all plucked the privilege ceases.

 Washington Irving. The Sketch Book. 1820 ( capitulo sobre a Véspera de Natal).


Charles Dickens no livro The Pickwick Papers, publicado em 1837 também menciona o visco.




O mistletoe era colocado numa zona estratégica de passagem e assim dizia a tradição que se podia beijar quem por lá passasse A recusa dava má sorte. Depois do beijo apanhava-se uma baga da planta e quando estas acabavam terminava a beijoquice. Compreendo que este seria um bom pretexto numa sociedade puritana como a Vitoriana. Hoje em dia enfeitam-se bolas com fins decorativos as quais se colocam em locais bem visiveis como numa janela saliente, num candeeiro do teto ou por cima de uma porta larga. E beijar ou não beijar não é a questão...


Aqui, na Eslováquia vê-se muito visco. Também, quando fui ao mercado de Natal na Áustria tinham à venda e a amiga que foi connosco comprou, mas eu prefiro o azevinho e os verdes de Natal, de preferência com cheiro, e camélias, que adoro.


https://time.com/5471873/mistletoe-kiss-christmas/

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