Camilo Castelo Branco in Júlio Pomar.
Estudos Para o Romance de Camilo de Aquilino Ribeiro. artemágica 2005.
"Pois estando Camilo num baile no Porto, bailando com uma senhora casada, escuta o que ela lhe diz:
-Sabe? O meu marido é muito ciumento e só me permite dançar com homens muito feios! O escritor sorriu-lhe e observou:- Pois é um bom sistema. Eu faço o mesmo".
José Viale Moutinho. Vielas biográficas pouco frequentadas in JL
Quem for a S. Miguel de Seide vai encontrar na casa onde viveu Camilo com Ana Plácido e os seus três filhos um ambiente Camiliano, com móveis que pertenceram ao escritor, assim como diversos objetos pessoais. É como se de repente surgisse aquele conhecido autor de chapéu de cartola num dos cantos da casa. O guia, que nos acompanhou na visita, contribui para criar essa atmosfera, pois mostrou ser profundo conhecedor da história da casa e da vida e obra de Camilo, citando por vezes de cor passagens dos seus livros.
A casa-museu de Camilo Castelo Branco em Seide
Camilo, Ana Plácido e Manuel, o filho que nasceu quando Ana Plácido era casada com Pinheiro Alves, e herdou a casa de campo em Seide, mandada construir pelo marido de Ana Plácido.
A cozinha
O quarto do filho Jorge, que tinha problemas de saúde mental, mas desenhava muito bem.
No centro de estudos Camilianos encontra-se uma exposição dos seus trabalhos.
O quarto do filho Nuno e da sua mulher
O escritório de Camilo, com uma bela estante de livros e a sua secretária.
História de Portugal de Henrique Schaeffer
O quarto de Camilo fica ao lado. Dá ideia que em noites de angústia e insónia se levantava e ia escrever. A cama de Ana Plácido, na mesma divisão, separada por um cortinado...
Banheira sofisticada com aquecedor de água
Sala de estar com a cadeira de baloiço, onde Camilo se suicidou em 1890, e o histórico relógio de pêndulo, que tão sarcasticamente é descrito em
Eusébio Macário.
Os retratos dos filhos Jorge e Nuno têm também uma história...
Conta-se que no hotel onde Camilo se hospedara estava também instalado um pintor espanhol, não especialmente talentoso, que tinha perdido todo o seu dinheiro a jogar à roleta. A dona do estabelecimento, uma ex-artista chamada Ernestina, decidiu pôr na rua o artista caloteiro de forma humilhante defronte dos outros hóspedes, entre os quais se encontrava Camilo. Este ao ouvir a forma tão ofensiva do despedimento, levantou-se e disse que tinha trazido do Porto cem mil reis com o pedido de serem entregues ao pintor, tarefa que não desempenhara ainda por mero esquecimento, entregando-lhe o maço de notas. O artista, mais tarde, muito agradecido, perante a generosidade do escritor, perguntou como poderia compensá-lo, ao que Camilo respondeu que pintasse um retrato dos seus filhos...


A loja do museu tem à venda bastantes livros, alguns dos quais nunca tinha ouvido falar. Camilo é o primeiro escritor português a viver só da escrita, tendo deixado obra vastíssima, desde romances, poesia a estudos históricos, tendo ainda colaborado com vários jornais ao longo de toda a sua vida. Na loja da casa-museu comprei os dois últimos exemplares de uma edicão fac-simile de duas novelas escritas por Ana Plácido.
Em frente à casa encontra-se o centro de estudos camilianos
Uma visita a não perder. Amanhã celebra-se o bicentenário do nascimento de Camilo e o telejornal da RTP1 das 13h será transmitido da casa de Camilo.