Ao recordar o dia de hoje, Sexta-Feira Santa, lembro-me como era um dia triste. A minha Avó Maria, muito devota, contava a história da Paixão de Cristo, que me emocionava muito. Não se ouvia música e os cinemas estavam fechados. Só depois da Missa da Ressureição é que voltava a alegria. Era uma espécie de Natal, sem prendas.
Recentemente, ao ler a biografia de "D. Beatriz de Portugal, A Infanta Esquecida (1504-1538)" de Ana Isabel Buescu, relembrei as histórias da minha avó pela Páscoa. O título que dei a este post é um subtítulo de um capítulo (pag 177).
Michelangelo (1475-1564). Pieta (Piedade). Basílica de S. Pedro. Vaticano
A residência ducal mais constante de D. Beatriz e o seu marido, Duques de Sabóia, era Chambéry, que tinha um poderoso foco de atracção- O Santo Sudário, "porventura a mais sagrada relíquia da Cristandade, que estava na posse dos duques de Sabóia, desde o século XV."
"Em 1502, os duques de Sabóia, Filiberto II e Margarida de Áustria, transferiram o Sudário para uma capela especialmente construída no castelo dos duques... em Agosto de 1509, o Capítulo da Santa Capela recebia um valiosíssimo cofre em prata maciça, finamente trabalhado a ouro, mandado executar e oferecido pela duquesa- viúva Margarida de Áustria para receber o Santo Sudário... Em 1510 ocorreram as cerimónias solenes da instituição da Confraria do Santo Sudário, na capela de Chambéry... Logo em 1522, pouco tempo após a sua chegada a Sabóia, D. Beatriz pôde venerar a santa relíquia. Em 1523, o seu filho Luís foi baptizado na capela, bem como Emanuel Filiberto, em 1528... Em 1578, Emanuel Filiberto, que fixara a sua capital em Turim, em 1563, ordenou a transladação solene da relíquia para a catedral, ficando o Santo Sudário depositado na Cappella della Sacra Síndone, intimamente associado aos dispositivos de prestígio da dinastia saboiana- tratava-se, verdadeiramente, de uma relíquia dinástica" ( pag 181).
De facto é difícil não encontrar Portugal ou Portugueses ligados aos mais importantes acontecimentos da História Ocidental e mesmo Mundial...como costuma dizer, exagerando, o meu marido. Aliás, o filho da Infanta Dona Beatriz, Emanuel Felisberto, revelou-se fundamental para consolidar a Casa de Saboia, de onde veio a primeira Rainha de Portugal, Dona Mafalda de Saboia, mulher de D. Afonso Henriques.
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