Carlota Joaquina no Museu de Artes Decorativas Ricardo Espírito Santo
Retrato de Goya da sua mãe, Maria Luisa de Parma, no Museu do Prado (1789).
Carlota Joaquina (1775-1830), a infanta de Espanha, que casou com o futuro rei de Portugal D. João VI, não foi uma mulher bonita ou interessante (aprendemos isso na História), o que aliado ao seu comportamento pouco convencional e ambições politicas a tornaram uma das figuras históricas mais detestáveis, que a propaganda liberal acentuou de forma impiedosa.
Raul Brandão (1867-1930) dá-nos uma descrição pormenorizada e muito cruel em El-Rei Junot, que me deixou a rir sozinha...
"A mãe foi destas mulheres que, mesmo envolvida num trapo, exalam volúpia. Bela não, mas a boca é lascívia, os olhos, que Goya pintou, loucura, os cabelos violência. A filha saiu feia e devassa - saiu ordinária. É moda: na Rússia, na Espanha, na Itália reina a devassidão e a luxúria. Na França a infâmia empoa-se e chama-se galanteria. O pior é que esta mulher é feia, má, vulgar...Qualquer mulher do povo, por grosseira que seja, exala simpatia. Impregnou-a a desgraça. Ela não. Seus filhos são deste, daquele, da balbúrdia e do acaso..."
e continua:
" Fealdade e volúpia, com magnificos cabelos. Quer sorrir, cheia de jóias e plumas, mostra os dentes podres. Mais diamantes-um deslumbramento- carrega-se de diamantes como uma rainha de lenda: veste-se de sedas e fica pior, com um ombro mais baixo que outro, o nariz vermelho e coxa ainda por cima. Laura Junot afirma que lhe viu os braços sujos: felizmente esse grave ponto de história está hoje elucidado: era pêlo."
Pois é, pior é difícil.
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