Uma amiga disse-me que estava a preparar para a escola um trabalho, que consistia em escolher um texto de qualquer tipo e com essa informação construir outro completamente diferente. Achei engraçado e também fiz esse exercício....do poema Barco Negro de David Mourão Ferreira, cantado por Amália Rodrigues, criei uma notícia de jornal...
Barco negro
De manhã, que medo, que me achasses feia
Acordei, tremendo, deitada na areia
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
Vi depois, numa rocha, uma cruz
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas
São loucas
São loucas
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
No vento que lança areia nos vidros
Na água que canta, no fogo mortiço
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
David Mourão-Ferreira
Pescadores resgatados na Madeira
Foi
localizada pela polícia marítima a embarcação com os cinco pescadores do “Barco
Negro”, que saíra de Câmara de Lobos na passada 3ª feira e que tinha
desaparecido no mar.
Depois
do alerta de que a embarcação não estabelecia qualquer comunicação com o
armador, há três dias, foi desencadeada sexta-feira uma operação de busca e
salvamento, envolvendo meios da Marinha de Guerra. As buscas foram coordenadas
pelo capitão David Ferreira, o qual, reconhecendo que a situação estivera bastante feia,
afirmou que os pescadores já desembarcaram e encontram-se bem, descansando um
pouco ao sol, já aliviados da aflição que passaram.
Mestre
Mourão, o responsável pela embarcação, que “anda há 35 anos no mar” contou que
faziam a pesca do espada preto a 12 milhas do Porto Moniz, na zona norte da
ilha da Madeira, quando foram surpreendidos por uma grande trovoada, que fazia
com que o barco dançasse à luz dos relâmpagos e “ondas de 5 metros que batiam como
loucas" e numa delas o barco "foi ao fundo". Sobreviveram numa
velha balsa, até serem resgatados este sábado.
O
“Barco Negro” era uma homenagem ao fado de Amália Rodrigues, que um dos
pescadores afirmou estar sempre “no meu peito, no meu coração”. Mencionou ainda
que "não deu tempo para nada", nem para utilizar os meios de socorro,
apenas para "lançar a balsa", que até caiu "ao contrário"
no mar, mas o “poeta”, nome como é conhecido um dos pescadores, saltou valente
para o mar e conseguiu voltá-la.
A
importância socioeconómica da pesca do peixe espado preto é muito grande,
representando mais de 50% das capturas piscatórias da Região. Os pescadores
estão preocupados com os meios de sobrevivência. Além do “Barco Negro” perderam
o palangre, um instrumento essencial para este tipo de arte de pesca à linha de
grande profundidade.
O
mestre da embarcação criticou ainda o facto da balsa não estar devidamente
apetrechada com água, mantimentos e elementos de localização suficientes, mas
elogiou a equipa de salvamento.
Na
vila de Câmara de Lobos a população veio à praia receber os pescadores como
heróis e vibraram, quando viram os seus braços acenando. Gerou-se uma onda de solidariedade para
ajudar os pescadores, enquanto não voltam ao mar.
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