Bilhete de entrada
Igualmente interessante é a visita aos 20 Salões de Estado
decorados à epoca dos Habsburgos do século XVIII e XIX. Lamentável, contudo, é o facto de só haver em língua alemã catálogos ou outros livros sobre o espólio do museu.
O nome do museu deriva da junção de Alberto com Cristina.
Quem eram eles?
O “Alberto” era o duque Alberto de Saxe-Teschen (1738-1822) vice-rei da Hungria e, mais tarde, governador dos Países Baixos Austríacos e a “Cristina” era a duquesa Maria Cristina (1742-1798) filha favorita da Imperatriz Maria Teresa de Áustria. Os dois viveram no Castelo de Bratislava, onde o duque encontrou espaço suficiente para a sua coleção de arte e a cidade de Pressburg (Bratislava) acolheu-os com prazer, pois atraíam a nobreza, com uma vida social intensa, chamando ainda e de maneira constante compositores famosos, que contribuíram para o florescimento cultural da cidade .
A Imperatriz Maria Teresa (1717-1780) foi coroada Rainha da Hungria em Bratislava e durante o seu reinado a cidade viveu uma época de ouro. Foi sucedida pelo filho, o Imperador José II, o qual mandou transferir o governo da Hungria para Buda. O duque Alberto de Saxe-Teschen deixou também o Castelo de Bratislava e a sua coleção de arte foi transferida e constitui, hoje em dia, a pedra angular do museu Albertina em Viena.
Devem estar a perguntar o que terá Lisboa, tão longe a ver
com tudo isto...
Manuel Teles da Silva Meneses e Castro (1691-1771), partiu de Lisboa, na companhia do irmão de D. João V, em 1730. Era filho de João Gomes da Silva, 4º conde de Tarouca (Lisboa, 1671-Viena, 1738) embaixador de D. João V na corte de Viena de 1726 até à sua morte. Manuel alistou-se no exército austríaco e lutou contra os turcos. Em recompensa recebeu o título de duque do Império pelo Imperador Carlos VI do Sacro Império Romano-Germânico.
Frequentador da corte vienense, Manuel ganhou a confiança do
Imperador e assistiu ao nascimento da arquiduquesa Maria Teresa. Pouco antes da sua morte, o Imperador confiou a Manuel a
importante tarefa de iniciar a jovem princesa nos assuntos políticos de Estado.
Coroada em 1740, a arquiduquesa pediu a Manuel que fosse sempre franco e aberto
com ela. Desta forma, Manuel veio a ser um dos confidentes mais próximos de Maria
Teresa, que o consultava frequentemente.
Manuel Silva-Tarouca foi amigo de Sebastião José de Carvalho e Melo, no período em que o futuro Marquês de Pombal desempenhou funções de Embaixador de Portugal junto à corte vienense (1745-1749).
Em Viena, Manuel da Silva-Tarouca comprou três propriedades em 1744, fez demolir as construções ali existentes e mandou edificar um Palácio, que mais tarde ficou conhecido como Palácio Cumberland, por lá ter morado o duque de Cumberland (hoje em dia é a Embaixada da República Checa).
Li a primeira vez sobre este palácio na biografia de Julia Grant.
Passados uns anos, vendeu-o à Imperatriz Maria Teresa e tornou-se proprietário de um edifício neoclássico, que remodelou e passou a ser a sua residência. Chamava-se Palácio Tarouca. Em 1794, o duque Alberto mudou-se para este palácio e tornou-o sede da sua coleção de arte. Aumentou o edifício, criando uma ala de Salões de Estado, o nascimento do Palácio Albertina, o qual foi sucessivamente melhorado pelos seus sucessores.
Até 1918, os Salões de Estado estavam no centro da representação e ceremonial dos Habsburgos. Em 1895, o último Habsburgo dono do palácio, o arquiduque Frederico, mandou decorar os chamados Apartamentos Espanhóis, onde a sua irmã, viúva do rei de Espanha viveu com o filho Afonso XIII.
Com o colapso da monarquia Habsburgo, as obras de arte e o palácio foram confiscados pela nova república da Áustria, mas o Albertina continuou como museu e a sua coleção tem aumentado com muitas doações. Hoje em dia, é um museu adaptado às exigências do século XXI e, sem dúvida, constitui um prazer visitá-lo.
Alguns dos extraordinários e únicos trabalhos artísticos em papel são extremamente sensíveis. Mudanças na temperatura, humidade e luz podem provocar danos irreparáveis, por isso em condições atmosféricas adversas os Salões de Estado, onde se encontram muitas obras de arte, para além da ala museológica, não recebem visitas. A famosa e belíssima lebre de Albrecht Dürer, de 1502, só pode ser exibida duas vezes de dez em dez anos, durante um período de 3 meses. Tive sorte de ver em exibição essa aguarela. É uma obra excecional. Parece estar à espera que os visitantes lhe ofereçam uma cenoura...
Em 2020, foi aberta uma nova seção do museu, o "Albertina Modern", em Karlsplatz, dedicado à arte moderna. Ainda não o visitei.
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