Chipre (9251 km²) é a terceira maior ilha do Mediterrâneo, depois da Sicília e da Sardenha. Geograficamente pertence à Ásia, embora cultural e historicamente seja um resultado complexo de elementos europeus e asiáticos, com os primeiros a predominar, atendendo ao seu passado helénico, à sua língua e aos dois terços de população de origem grega. No entanto, a ocupação britânica de 1878 a 1960 ainda se faz sentir, por exemplo, na condução pela esquerda e nas tomadas elétricas...
A República de Chipre é um país insular membro da UE desde 2004.
Em 1974, a Turquia invadiu Chipre e ocupou a parte norte da ilha, até hoje. Criou a chamada República Turca do Norte de Chipre, que não é internacionalmente reconhecida (de facto só o é pela própria Turquia).
O ano passado já tinha planeado uma visita a Chipre, mas a distância entre as diversas localidades fez-nos mudar de ideia (o mesmo motivo que tenho desincentivado o meu marido de visitar a Sicíla). Chipre é mais de dez vezes maior do que a ilha da Madeira (741 km²).
Mudou-se o plano. Em vez de se ir para o sueste e aterrarmos no aeroporto de Lanarca, optou-se pelo sudoeste e a zona de Pafos (que também tem uma aeroporto internacional).
E por aqui havia a intenção de se ficar sem grandes passeios, a descansar e a apanhar sol...
O hotel, à beira mar, está inserido num vasto conjunto de hotéis, todos de cor branca, sendo na sua maioria mais largos do que altos. Saindo da zona das piscinas, há um passeio marítimo bem arranjado, com muitas flores e é só atravessá-lo para se estar na praia, dividida em pequenas baías. A que ficava em frente ao hotel, tal como me pareceram as outras todas, tinha muita rocha à mistura com a areia, pelo que foi sempre preciso cuidado para não se magoar os pés. Vi poucas pessoas no mar, mas a temperatura era boa e as saudades de nadar maiores do que a preocupação com as pedras.
Do hotel, onde estava instalada, ao porto de pesca, onde havia muitos restaurantes de peixe, por onde jantei, eram cerca de 40 minutos a andar, na direção do ocidente. Aliás, todos os nossos passeios acabaram por ser nessa direção, de manhã por ser ao contrário da luz do sol e, ao fim da tarde, para assistir ao pôr do sol; porém, em sentido contrário, encontra-se paisagem semelhante: um passeio marítimo bem arranjado e hotéis não muito altos, entrelaçados uns nos outros...
Uma pena estarem a construir um prédio bastante alto, perto do porto. Estraga a harmonia. Ao princípio até pensei que estavam a demoli-lo, mas estão nos acabamentos...
Foi um fim de semana muito descansado: de manhã nadava na piscina interior, como está gravado em video pelo meu Visconti...
Depois ia à exterior e ao mar
Encontrei um saco mesmo a condizer com o meu novo fato de banho eslovaco...
Não esperava que em Pafos fosse encontrar tantos gatos nos souvenirs, como em Riga. Nesta última cidade é devido a uma lenda, contudo em Pafos é porque os gatos estão em todo o lado. Eram bonitos e bem tratados...
Resolvi ir ao Museu Bizantino, que fica na cidade alta e tivemos de chamar um táxi. Todo o tempo o taxista falava ao telefone e percebia, vagamente, que mencionava o museu. Indicou-nos o Etnográfico e o Arqueológico, mas de Bizantino nada e nós a "vermo-nos gregas" no meio daquela conversa. Parou e perguntou a um outro taxista; e lá percorremos a cidade para o outro lado. Disse que a rua era de sentido proibido, mas apontou a direção. Saímos, mas não era nenhum museu, sim uma igreja. Bem disse o homem, o que conhecia era o Bizantino de Nicósia..., aliás nós também conhecemos bem o MNAA, em Lisboa...
Felizmente, um senhor indicou-nos que ficava a 100 metros e lá fomos nós. Ao chegarmos, damos com uma funcionária muito mal disposta a dizer, que só tinhamos 20m, porque fechavam às 16h. Respondi-lhe como era possível se do hotel tinham telefonado e informaram-nos que fechava mais tarde. «Telefonaram? para aqui ninguém telefonou. Metam a mochila no armário e nada de fotos nem de telemóvel» Apeteceu-me ir embora, mas contive-me.
A atitude da senhora melhorou, quando lhe referi que queria sobretudo ver o ícone mais antigo de Chipre, do século VIII, a Agia Marina - até foi mostrar onde estava. Tinha 2 faces: de um lado via-se muito mal a santa, pois fora destruída no período árabe durante a fase iconoclasta e, do outro lado, um São Jorge, mais tardio. No final, a senhora até nos foi levar à paragem para regressarmos ao porto e, como não aparecia o autocarro, apanhámos um táxi, cujo motorista muito simpático, que conhecia bem Lisboa de há 40 anos quando trabalhava na marinha mercante, foi a segunda pessoa que se admirou de sermos portuguesas:«Ah! Vêm de tão longe, mas lá há muito do que aqui temos- sol e praia». É verdade...
Já que estávamos perto resolvemos ir ao parque arqueológico de Kato Pafos ver alguns mosaicos romanos. Depois de conhecermos o museu do Bardo em Tunis, o Arqueológico de Nápoles, Pompeia e Conímbriga, sabiamos que não iríamos ficar tão impressionadas e assim foi.
Recordei-me então da franqueza da minha mãe, quando na primeira vez que nos visitou na Turquia e a levámos a visitar muitos sitios arqueológicos. Um dia, ao chegar a casa, desabafou: «Olha filha, de pedras já basta. Só se me quiseres mostrar algumas casas bonitas e gente bem vestida»
Chipre é conhecida como a ilha onde nasceu Afrodite, a Vénus dos romanos e dos portugueses, pois, segundo Camões, a bela deusa premiou os navegadores lusitanos com um merecido descanso na Ilha dos Amores.
Poderia ter sido aqui, mas não é. Fica a 25 km do hotel e para não haver mais mal-entendidos com taxistas, comprei só o postal...
Confesso, no entanto, preferir ter visto a admirável versão de Botticelli do nascimento de Vénus nos Uffizi, o mês passado.
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