Riga, a capital da Letónia, cujo centro histórico foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, é especialmente notável pela sua arquitetura Arte Nova (Jugendstil), rivalizando com cidades como Viena, onde nasceu o movimento.
No final do século XIX, a velha cidade portuária, que pertencera à Liga Hanseática, era uma cidade importante do império russo e passava por um período de rápido crescimento económico. Riga foi descrita na época como uma cidade grande, vibrante e imponente, conhecida como Paris do Norte.
Um acontecimento importante na altura de grande prosperidade económica foi a abertura da Faculdade de Arquitetura em 1869, que formou uma nova geração de arquitetos.
Riga possui a maior concentração de edificios Arte Nova no mundo, construídos entre 1904 e 1914, quando a cidade se expandiu além das fortificações medievais para dar lugar a bonitos jardins e avenidas.
Após mais de 700 anos sob governos alemães, suecos e russos, a Letónia, declarou-se independente em 18 de novembro de 1918, mudando a sua referência cultural da Rússia para a Europa Ocidental. No entanto, este periodo de prosperidade foi sol de pouca dura, pois com a II Guerra Mundial foi anexada pelos soviéticos em 1940 e depois pelos nazis durante a II Guerra Mundial. Com a derrota do nazismo, a União Soviética retomou e concluiu o total controle do país. A Letónia reconquistou a sua independência apenas em 1991.
Quase todos os souvenirs em Riga têm um gato preto. Perguntei a razão e explicaram-me que existem muitas lendas relacionadas com gatos pretos. Entre as mais antigas, uma conta a história de um comerciante que viu o seu nome ser recusado para ser membro da Grande Corporação (guilda) da cidade. Enfurecido encomendou duas esculturas de gatos pretos com a cauda arqueada apontada para a casa do membro mais antigo da corporação. O protesto foi mal recebido, mas aos poucos foi tendo acesso à corporação e mudou a posição do gato para um ângulo mais simpático e correto...
A famosa Casa dos Gatos construída em 1909
Para mim, Riga também pode ser conhecida como a cidade das torres pontiagudas. São tão altas, que dá para nos orientarmos sem usar mapa.
A Torre da Pólvora, a única que permanece da muralha da cidade. Abriga o Museu da Guerra.
O Portão Sueco é o único dos oito originais que permanece.
Junto ao rio fica também o mercado. Muito original. São antigos hangares militares adaptados. Vi belíssima fruta, em especial uns mirtilos enormes... Vendia-se praticamente de tudo nos 4 pavilhões e no exterior, onde estavam as flores.
A estas três casas chamam Os Très Irmãos
Cada uma representa um estilo. A da direita é a mais antiga, do século XV com decorações góticas e renascentistas; a do meio representa o maneirismo holandês e a última, do século XVII, o barroco. O Museu de Arquitetura fica na primeira casa.
A Casa dos Cabeças Negras foi erguida no século XIV para a Irmandade dos Cabeças Negras, uma guilda de mercadores solteiros, armadores e estrangeiros em Riga.. Até os anos 90 do século passado permaneceu em ruínas, pois foi bombardeada pelos nazis em 1941 (Operação Barbarossa) e só foi recuperada completamente em 1999, sendo hoje em dia um museu.
Na mesma praça fica a CMR e a escultura de Rolando, muito comum na Idade Média como símbolo de prosperidade, liberdade e independência.
Não visitei museus em Riga. Toda a cidade é um museu ao ar livre. Os prédios estão em geral recuperados, bem conservados e é um prazer andar pelas ruas, mas aconselhável com a cabeça bem levantada, pois está cheia de belos edifícios sempre diferentes nos seus detalhes.
Quanto à zona onde se encontram mais edificios Arte Nova, merece um post à parte... (veja aqui)
Tínhamos programado uma ida ao Castelo de Bausca e ao Palácio Rundales e o meu marido até tinha ligado de casa a confirmar se estariam abertos na segunda-feira a seguir ao Domingo de Páscoa. Uma senhora simpática disse que demorávamos cerca de 1.15h de camioneta até ao castelo e depois podíamos apanhar um táxi para o palácio, conhecido como Versailles da Letónia. No entanto, preferimos ficar em Riga a gozar a cidade por mais tempo.
Chegámos a Riga num voo da Air Baltic a partir de Vilnius. (40 minutos). Gostei muito desta companhia. O avião era muito novo e tinha pequenos ecrãs com informação, como nos voos de longo curso. Quando aterrámos perguntei ao meu marido se havia manga para não ter de descer escadas, mas ele respondeu-me que parecia que era outro voo de manga à cava. Havia muitas escadas, não só no avião como no aeroporto (parece que as escadas rolantes não são muito apreciadas).
O nosso hotel ficava num antigo convento, ainda em obras de remodelação. Não se podia entrar pela porta principal e tínhamos de subir e descer escadas num sistema labiríntico, atravessando um pátio até chegar ao quarto... muitas escadas nesta viagem... felizmente o quarto era espaçoso e com decoração ao meu gosto.
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