Os rios Vilna e Neris em Vilnius
Segundo a lenda o Grande Duque Gediminas (c. 1275–1341) estava a caçar na área onde o rio Vilna desagua no Neris e, ao sentir-se muito cansado, resolveu descansar, adormecendo. Sonhou que um grande lobo em ferro estava a uivar no cimo do monte fazendo tanto barulho como se estivesse acompanhado por uma enorme alcateia. Quando acordou, Gediminas perguntou ao seu conselheiro pagão se haveria alguma explicação para o sucedido, o qual respondeu que o lobo em ferro simbolizava o castelo e a cidade, que o duque deveria erguer naquele local e o uivar o eco que a decisão teria no futuro.
O Grande Duque Vytautas (1350-1430) no sopé do castelo. A estátua original esteve no Pavilhão lituano, na Feira Internacional de Nova Iorque de 1939.
A torre de Gediminas é a parte restante do Castelo Superior no topo da Colina.
Achei engraçado que encontrámos um grupo de adolescentes, provavelmente à espera de quem orientasse a visita à fortificação e, ao verem-me com as minhas folhas de apontamentos, vieram em bando falar comigo, julgando talvez que seria a guia ou professora...
A Torre de Gediminas foi construída em madeira. No século XV foi reconstruída em tijolo. A última reconstrução é do século XX. Subimos e descemos de funicular.
Além das vistas através das janelas da torre e da varanda no cimo, vi uma exposição, que gostei muito e até achei comevedor: imagens do grande cordão humano da Lituània à Estónia, passando pela Letónia, em 23 de agosto de 1989. O Caminho do Báltico mostrou ao mundo, que os 650 km de comprimento desta cadeia de pessoas de mãos dadas simbolizava a luta pela liberdade, de forma pacifica, dos povos bálticos.
Uma nota de 50 Litas lituanos (2003), a antiga moeda da Lituânia. Na parte de trás, a Catedral de Vilnius, a Torre de Gediminas e A Encosta das Três Cruzes, simbolos de Vilnius.
A Catedral de Vilnius é a principal igreja católica da Lituânia. Dedicada aos santos Estanislau e Ladislau, foi reconstruída entre 1779 e 1783 no estilo neo-clássico, sobre os resquícios de uma antiga catedral gótica e mais tarde barroca, que parte desabou em 1769.Tem uma história marcada por numerosas destruições e reconstruções a partir de 1387, quando a Lituània se converteu ao cristianismo.
Durante o regime soviético a catedral foi transformada num armazém, mas em 1989, voltou a ser restabelecida como catedral. Não fiquei minimamente impressionada com o exterior nem pelo interior. Desde que vivi nos EUA o estilo greek revival causa-me indiferença. Colunas só na Grécia antiga...Em Vilnius encontrei muitos edificios neste estilo pesado.
Monte das Très Cruzes. Há uma lenda sobre 14 frades a pregar o Evangelho e a maldizer os deuses pagãos. A população enfurecida matou os frades: 7 foram decapitados na encosta e os outros 7 decapitados e deitados aos rios Neris e Vilnia. No século XIX, as cruzes de madeira construídas em memória destes frades ficaram destruidas e foram substituídas por um monumento em 1916, o qual, por sua vez, foi demolido pelos soviéticos, em 1950. Depois da independéncia os residentes de Vilnius quiseram que as Três Cruzes fossem restauradas. O monumento atual é de 1989.
O Palácio dos Grandes Duques foi originalmente construído no sec XV para os Grãos-Duques da Lituânia, futuros reis da Polónia. Foi o centro administrativo, politico e cultural da comunidade polaco-lituana (República das Duas Nações) e prosperou nos séculos XVI e XVII. Depois da invasão russa de 1655, sofreu um grande incêndio e esteve abandonado, durante 150 anos. Em 1801 foi demolido.
Após a independência da Lituânia e depois de muita controvérsia resolveram reconstruir o palácio, o qual foi inaugurado em 2018, embora algumas partes já estivessem prontas para a Presidência do Conselho da União Europeia, em 2013.
Estátua de Gediminas e do seu lobo de ferro junto ao Palácio
A Igreja de Santa Ana é o edificio mais bonito de Vilnius e permanece praticamente intocada desde o sec XV, quando foi construída. É uma obra prima da arquitetura gótica.
A torre sineira foi construída no séc. XIX a imitar o mesmo estilo. A igreja e mosteiro de S. Bernardino (atrás) foram diversas vezes restaurados.
O Palácio Presidencial é a residència oficial do Presidente da Lituânia. O nosso hotel, muito bem localizado, no centro histórico, ficava atrás.
Um dos mais elaborados complexos arquitetónicos é a Universidade de Vilnius, fundada em 1579 por Jesuitas. Ocupa um grande espaço na zona histórica da cidade e fica ao lado do Palácio Presidencial.
Laurynas Gucevičius (1753-1798) foi um arquitecto e professor da universidade de Vilnius responsável pelos projetos da Catedral e Câmara Municipal em estilo neo-cássico.
A Rua Pilies é a mais antiga. Tem algumas lojas de souvenirs e âmbar, mas nada de especial. Para comprar jóias com âmbar, Varsóvia é a melhor opção.
Portões da Madrugada. Apesar de parecerem uma igreja faziam parte dos 10 portões de defesa da cidade. É o único que resta.
O ícone renascentista da capela, A Madona dos Portões da Aurora é muito venerado por fiéis.
O Bastião do muro de defesa da cidade foi construído no século XVI
Almoçámos num restaurante (Galo do Porto, cujo símbolo cá fora era uma versão do nosso tradicional Galo de Barcelos) com comida pseudo-portuguesa e foi assim servido o pastel de nata enfeitado com laranja cristalizada. Bem apresentado, mas nada de especial. Todo o pessoal é da Lituânia, incluindo o cozinheiro. Realce-se a iniciativa e, sobretudo, a decoração apelativa com muitas peças poruguesas; e também a música ambiente era toda em português.
Perto da CMV encontrámos algumas igrejas e uma zona de comércio com lojas locais interessantes e outras de cadeias internacionais.
Esta bela igreja, um dos mais antigos exemplos de arquitetura barroca de Vilnius foi diversas vezes restaurada e durante o regime comunista era o Museu do Ateísmo. Imagine-se ateístas numa igreja...e o ateísmo em museu...
Em 1991 foi devolvida aos Jesuítas.
Igreja ortodoxa de S. Nicolau
Bonito edificio Arte Nova
Não entrámos na República de Užupis (significa do outro lado do rio). Em 1997, este distrito declarou-se uma república independente com a sua própria constituição.
Passeio de Domingo de Páscoa pela longa avenida Gediminas, com cerca de 2 km, que começa na catedral e acaba no rio Neris.
À chegada foi aqui perto que jantámos, o único sitio aberto até às 23h.
Junto à estátua do poeta Vincas Kudirka (1858-1899)
Monumento à escritora Žemaitė (Julija Beniuševičiūtė-Žymantienė 1845-1921).
Žemaitė foi a primeira escritora lituana, cuja obra dá uma visão da vida das mulheres.
Tentou a agricultura, mas não gostou dessa vida e resolveu dedicar-se à escrita e teve muito sucesso.
A Igreja dos Apóstolos Filipe e Jacob tem um ícone associado a muitos milagres.
A biblioteca e o Palácio Seimas, a sede do Seimas, o parlamento lituano.
O rio Neris marca o fim do longo passeio pela avenida Gediminas. Ainda visitámos a basílica ortodoxa. Enquanto os ortodoxos festejavam o Domingo de Ramos, saindo da igreja com um raminho na mão, os católicos celebravam o Domingo de Páscoa.
Feliz Páscoa!
Em 1994, o centro histórico de Vilnius foi incluido na lista do Património Mundial da UNESCO pela sua originalidade e beleza. De facto, é uma cidade onde estilos gótico, renascentista, barroco e neoclássico convivem lado a lado e complementam-se.
Lembrei-me deste doce tradicional feito por uma amiga lituana, quando o SPOHOM em Bucareste foi dedicado ao seu país
Chegámos a Vilnius de avião, partindo de Viena (1.45 h)
Vilnius, 6 a 9 de abril
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