Com a aproximação da estreia do filme de Ridley Scott sobre Napoleão e estando eu a ler El-Rei Junot de Raul Brandão, vejamos o que este autor diz sobre o imperador francês:
Napoleão, tenente de infantaria
"Incapaz de manobrar um regimento, conquista a Europa. Ignora a táctica; despreza a cómica manobra das antigas batalhas e emprega a estratégia. Refugia-se nos sítios românticos de Malmaison, onde, entre árvores desgrenhadas, em que não repara, porque detestou sempre a Natureza - maquina a devastação da terra, enfileirando exércitos hipotéticos e distribuindo coroas. É nessa paz esplêndida que organiza o saque da Europa.
Todos os que se lhe aproximam são concordes em afirmar que gera um poder estranho. Dele emana, realmente, nos primeiros anos de triunfo, um fluido ainda desconhecido, perante o qual todas as vontades se fundem, e que o leva de vitória em vitória, fazendo marchar para a morte aos gritos de - Viva o Imperador!- a França em peso numa só vontade.No fim da vida faz-se comilão. Engorda. Rodeia-se dum pomposo cerimonial de opereta. Parece um velho actor medíocre, pela vaidade enfermiça e pelo aspecto balofo. Afasta os que o conheceram pobre. Há nele duas figuras sobrepostas: a do instinto, o fantasma, em que a força magnética das multidões actua, e o comediante subalterno que estuda frases de efeito..."
Raul Brandão em El-Rei Junot pag 44
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