O Santuário e a Igreja de Nossa Senhora da Luz, cuja fachada faz lembrar
o ditado "Quem vê caras não vê corações"
A Fonte do Machado era anterior à construção da ermida. Em 1311, já aparecia em documentos. A sua água, dizia-se, era tida como benéfica para diversas doenças.
Quando Pêro Martins encontrou a imagem da Virgem iniciou a construção de uma ermida para a colocar e foi assim que, em 1464, começou a devoção e romagem popular ao sítio de Nossa Senhora da Luz. No dia 8 de setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, a imagem foi introduzida na capela. Foi criada uma confraria ou irmandade, que tinha como objetivo a conservação da ermida e pagar as despesas da festividade. D. Afonso V foi dos primeiros alistados, sendo depois seguido por muitos nobres. (em 1566 D. Sebastião inscreveu-se como irmão assim como a rainha D. Catarina)
Imagem de N. Senhora da Luz como recordação.
O portal manuelino e a cruz de pedra, assim como as peças em azulejo são da primitiva ermida. O escudo com a cruz da Ordem de Cristo é posterior, quando D. João III entregou aos freires da Ordem de Cristo o seu projeto de construção de um mosteiro.
Foi a Infanta D. Maria, filha de D. Manuel e D. Leonor e devota de Nossa Senhora da Luz, quem mandou construir uma capela luxuosa em sua honra.
Neste retábulo de S. Bento dando a Regra aos monges, de autor desconhecido, a jovem infanta D. Maria ocupa o primeiro plano, à direita.
A construção da igreja começou em 1575 e a Infanta incumbiu-se de colocar a primeira pedra. No entanto, morreu em 1577 antes que estivesse acabada, o que só aconteceu em 1596. O seu corpo foi provisoriamente depositado na Igreja da Madre de Deus, em Xabregas até a Igreja de Nossa Senhora da Luz estar pronta.
Lápide da Infanta D. Maria
Com o terramoto de 1755 a igreja desabou, resistindo apenas a belíssima capela-mor revestida de mármores brancos e rosa da Arrábida e o arco-cruzeiro. É desde 1910 monumento nacional.
O que nos chama logo a atenção, quando entramos, é o retábulo maneirista com pinturas de Francisco Venegas, artista espanhol, que Filipe II nomeou pintor régio. Das oito telas, quatro estão assinadas pelo artista e as restantes de Diogo Teixeira.
A Infanta D. Maria, doou todos os seus bens ao Santuário da Luz e determinou a construção de um novo hospital com capacidade para 63 doentes. Tendo a Infanta falecido em 1577, as obras para o novo hospital só arrancaram em 1601 e prolongaram-se até cerca de 1618, data da inauguração. Hoje em dia é onde está instalado o Colégio Militar, cujos alunos são conhecidos como "os meninos da Luz".
Referência:
António de Sousa Araújo, O Santuário da Luz- glória de Carnide, Lisboa 1977
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