Edificada no estilo manuelino, por artistas da escola dos Jerónimos, com um belo portal ladeado por duas janelas alongadas, muito semelhantes às dos Jerónimos, foi mandada construir por D. Manuel I, a pedido da rainha D. Leonor como Igreja da Misericórdia, a qual abriu ao culto em 1534.
Os Jerónimos em Belém, Lisboa
Para assinalar o êxito dos Descobrimentos Portugueses, D. Manuel I ordenou a construção de uma obra monumental, em 1502, no lugar da Ermida de Nossa Senhora do Restelo da Ordem dos Freires de Cristo: o Mosteiro dos Jerónimos.
Aqueles freires D. Manuel ofereceu um terreno, onde hoje em dia se cruzam as ruas dos Douradores e da Conceição, tendo sido aí construída a Igreja da Conceição. Em 1682, outro templo foi mandado construir perto ao qual deram o mesmo nome, passando a primeira igreja a chamar-se de Conceição Velha.
Com o terramoto de 1755 estas igrejas ficaram profundamente danificadas. A da Misericórdia, na rua da Alfândega ficou só com uma capela, que tinha sido mandada construir por uma senhora timorense muito rica, D. Simôa Godinho, que se dedicava ao comércio do açúcar. Em 1770, os religiosos da Igreja da Conceição dos Freires passaram para a antiga Igreja da Misericórdia reconstruída, passando esta a chamar-se Conceição Velha; a da Misericórdia foi transferida para S Roque.
Em 1834, com a extinção das ordens religiosas foi abandonada e esteve em perigo de ser adquirida por particulares...
A atual igreja é apenas um terço da que existia antes do terramoto, sendo o altar-mor, o antigo altar da capela do Espírito Santo. Apesar de ser uma igreja pequena de uma só nave, o seu interesse histórico é muito grande. No século XXI foi requalificada com um grande investimento, que lhe devolveu a sua beleza.
O portal continua a ser o seu cartão de visita. Nossa Senhora da Misericórdia acolhendo sob o seu manto toda a sociedade, clero, nobreza e povo. Em todo o conjunto sobressai a riquíssima decoração.
O teto em estuque pintado, apresenta um baixo-relevo com o Triunfo de Nossa Senhora da Conceição.
Os nichos que ladeiam o arco triunfal contêm as imagens de São Pedro e São Paulo, atribuídas à oficina de José de Almeida. Parecem ser de pedra, mas na realidade são em madeira.
Capela-mor da igreja da Conceição Velha e a do Santuário da Luz
A capela-mor é uma obra do maneirismo, notável pelas pilastras, nichos e almofadados em mármores polícromos, provavelmente da autoria de Jerónimo de Ruão, o arquiteto incumbido de fazer a traça da capela-mor do Santuário da Luz, daí que se note algumas semelhanças.
No entanto, o retábulo da igreja da Conceição Velha, pouco elaborado, é uma obra mais tardia. No centro, sobre o trono, a bela imagem da padroeira, em madeira policromada, esculpida entre 1730-1740 por José de Almeida.
No coro, ao centro da balaustrada, uma imagem setecentista de Cristo Crucificado, que se terá salvado do Terramoto. O órgão de tubos da igreja é oriundo do Palácio das Necessidades.
Na pintura gostava de salientar Nossa Senhora da Pureza de Joana do Salitre, das poucas mulheres pintoras na época e A última Ceia de Joaquim Manuel da Rocha.
Contudo, a visita não estaria completa se me esquecesse de mencionar a belíssima imagem de Nossa Senhora do Restelo, do século XV, a qual veio com os freires da Ordem de Cristo da ermida em Belém, onde os navegadores portugueses rezavam, antes de partirem para as Descobertas. A imagem foi restaurada para a grande exposição da Europália de 1991, na Bélgica.
Em 2021, esteve na exposição do MNAA sobre D. Manuel: Vi o Reino Renovar
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