A minha avó Maria tinha um ar severo, de impôr respeito, mas um coração doce, sobretudo para mim, a neta mais nova.
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| 1892-1975 |
Quando se reformou, a minha avó Maria tornou-se catequista. Contava-me muitas histórias da Biblia e da História e lembro-me de chorar, quando falava do regicidio do Rei D. Carlos e do assassinato do filho, o Príncipe D. Luís Filipe. Também contava como era o Campo da Barca, zona de fazendas, onde viveu e os esconderijos usados por populares na I Guerra Mundial. A Ilha da Madeira foi bombardeada durante aquele terrível conflito.
A minha avó deu uma educação excessivamente rigorosa à minha mãe e não a deixou estudar para ser professora. No entanto, um primo, que vivia na casa da avó estudou em Coimbra e formou-se em medicina, sem qualquer contratempo, porque era homem. E assim fiquei eu a ganhar, pois a minha mãe quis dar-me uma educação responsável, mas livre das amarras que sentiu. Desse modo e já no meu primeiro ano da Faculdade apoiou-me e parti por um mês com uma colega num Interrail. Apesar da sua rigidez em relação às filhas, a minha avó foi sempre paciente comigo e uma das pessoas que contribuíram para o meu gosto pela Literatura e a História, até hoje. Lembro-me das suas histórias com muito carinho.

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