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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Dia dos Avós: 26 julho

 

A minha avó Maria tinha um ar severo, de impôr respeito, mas um coração doce, sobretudo para mim, a neta mais nova.

1892-1975
Ficou viúva muito cedo, a minha mãe era uma criança. Criou três filhas sózinha... Na altura em que as pessoas começavam a ter telefone, na Madeira, (há 80 anos?) trabalhou como telefonista da Telefónica dos CTT. Lembro-me que partiu uma perna, já mais idosa e teve de se mudar para o rés-do chão, porque não conseguia subir as escadas para o seu quarto. O médico que a foi consultar a casa lembrava-se de falarem ao telefone com alguma frequência, pois, quando os médicos saìam à noite, era costume ligarem às telefonistas a dizer onde podiam ser contactados.

Quando se reformou, a minha avó Maria tornou-se catequista. Contava-me muitas histórias da Biblia e da História e lembro-me de chorar, quando falava do regicidio do Rei D. Carlos e do assassinato do filho, o Príncipe D. Luís Filipe. Também contava como era o Campo da Barca, zona de fazendas, onde viveu e os esconderijos usados por populares na  I Guerra Mundial. A Ilha da Madeira foi bombardeada durante aquele terrível conflito.

A minha avó deu uma educação excessivamente rigorosa à minha mãe e não a deixou estudar para ser professora. No entanto, um primo, que vivia na casa da avó estudou em Coimbra e formou-se em medicina, sem qualquer contratempo, porque era homem. E assim fiquei eu a ganhar, pois a minha mãe quis dar-me uma educação responsável, mas livre das amarras que sentiu. Desse modo e já no meu primeiro ano da Faculdade apoiou-me e parti por um mês com uma colega num Interrail. Apesar da sua rigidez em relação às filhas, a minha avó foi sempre paciente comigo e uma das pessoas que contribuíram para o meu gosto pela Literatura e a História, até hoje. Lembro-me das suas histórias com muito carinho. 






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