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quinta-feira, 3 de julho de 2025

D. Leonor de Lencastre (1458-1525)

 


Nesta pintura flamenga do século XV, Panorama de Jerusalém, que terá sido oferecida à Rainha pelo Imperador Maximiliano I (seu primo), havia uma área reservada, no canto inferior esquerdo, onde foi incluída em Portugal a figura de D. Leonor viúva.


fotografia de setembro 2023
Convento Madre de Deus

D. Leonor fundou as Misericórdias para ajudar os mais pobres, apoiou o rei D. Manuel I, seu irmão mais novo, na abertura do Hospital de Todos os Santos, no Rossio de Lisboa e esteve na origem da fundação do hospital termal das Caldas da Rainha, cuja construção e funcionamento custeou.


Porta do antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor de Lencastre (1458-1525) durante o reinado de D. Manuel, portanto, já depois da morte do marido, D. João II (1455-1495)
Pode-se observar as divisas de D. João II: o pelicano a alimentar o filho com o seu sangue e de D. Leonor: as redes de pescador.
No dia 12 de julho de 1491, o Infante D. Afonso, único filho de D. Leonor (o seu marido teve um filho ilegitimo, D. Jorge) foi à caça em Almeirim e ao anoitecer teve um acidente com um cavalo e acabou por morrer. Por ter sido socorrido por um pescador, a rainha resolveu incluir as redes de pescador no seu escudo real.

D. João II e D. Manuel I por Belchior de Matos (sécXVI-XVII)


Igreja da Conceição Velha na rua da Alfândega em Lisboa

Outra obra notável, edificada a pedido da rainha Dona Leonor em estilo manuelino e executada por artistas da escola do Mosteiro dos Jerónimos, com um belo portal ladeado por duas janelas alongadas muito semelhantes aquele convento, foi mandada construir por D. Manuel I, como Igreja da Misericórdia. Abriu ao culto em 1534,  já no reinado do seu sobrinho D. João III.



Retrato de D. Leonor em carvão sobre papel (1885) feito a partir do Panorama de Jerusalém

Museu do Hospital e das Caldas.








Remate arquitetónico proveniente do Hospital Real de Todos os Santos
Museu da Cidade Lisboa

1º quartel séc. XVIII
Museu da Cidade

Hospital Termal Rainha D. Leonor. Caldas da Rainha

Ocorreu também a Dona Leonor fundar um hospital, onde os doentes pudessem recorrer aos banhos medicinais, cujas águas sulfurosas brotavam das nascentes com temperatura superior à normal, por isso denominadas caldas.

O Hospital Termal das Caldas da Rainha, fundado em 1485 pela Rainha D. Leonor, é o mais antigo do seu género em funcionamento no mundo. A sua história está intrinsecamente ligada à da cidade, que nasceu e cresceu em torno do complexo das termas.



Piscina da Rainha. Hospital das Caldas
















Domingos Lopes. Rainha D. Leonor,  cerca 1657.

Talvez por ter sido pintado após a Restauração, a Rainha aparece sem a coroa na cabeça.





Museu do Hospital e das Caldas




 Retrato majestático de D. Leonor imaginado por José Malhoa (1926) e escultura de Francisco Franco (1935) Museu José Malhoa

D. Leonor foi uma notável figura do Renascimento em Portugal. Teve intervenção relevante na vida politica e cultural do seu tempo. Fundou estabelecimentos religiosos e de assistência, promoveu a importação de obras de arte da Flandres e de Itália e fez muitas encomendas a mestres portugueses.

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