Visita aos jardins do Palácio da Rainha Maria da Roménia em Balchik
Chegou a hora de despedir-me de Bucareste, onde vivi três anos. Em breve parto para Bratislava (Eslováquia), onde devo chegar em janeiro, depois de um longo desvio com uma primeira paragem em Lisboa, amanhã.
Levo comigo estes dois quadros para recordar as belas árvores que encontrei, sobretudo, nos Cárpatos da Roménia e nos passeios pelo parque Herastrau, em Bucareste.
Infelizmente, por causa do covid, não organizámos festa de despedida. Foi através de carta ou telefonema que me despedi das pessoas conhecidas, agradecendo o convívio e os bons momentos, que passámos juntas. A associação que pertenci teve programas, que considerei importantes e participei: no lançamento de um livro de culinária com receitas de diversos países com chancela da Custódia da Coroa Romena, a Princesa Margareta; no Clube de Leitura com encontros mensais para discutir um livro; e em aulas de línguas estrangeiras, onde aprendi um pouco de russo.
Hei-de recordar as bonitas festas dos dias nacionais, que permitem sempre conhecer melhor a cultura do país, que comemora o seu dia especial.
O Dia de Portugal o ano passado foi celebrado com fado e senti-me muito orgulhosa de ver o seu sucesso e ter sido comentado por muitas pessoas, como uma bela celebração. Foi produzido um CD com gravação ao vivo.
Antalya, Turquia 1989
Comecei, em 1989, este percurso de acompanhar o meu marido colocado no estrangeiro, uma decisão que me fez suspender várias vezes a minha carreira de professora. Se há algumas desvantagens, principalmente na reforma, acho que o saldo tem sido muito positivo. Abriu-me as portas para uma cidadania diferente...
Todos os países onde vivi têm algo único, que fazem parte do meu "currículo" pessoal. Foi em Bucareste que soube, pela primeira vez, que ia ser avó dos três últimos netos nascidos em 2018, 2019 e 2020 em Portugal (o primeiro nasceu em 2016, em Edimburgo).
Tive a visita da família com filho, filha, nora e genro e dois netos, em 2018. Fiz um plano demasiado ambicioso para quem viajava com dois bébés numa carrinha alugada, com muitas paragens, mas ficámos a conhecer cidades, localidades interessantes e paisagens magníficas deste grande país. Com a minha irmã ainda fomos mais longe e o meu marido e eu aproveitámos muitos fins de semana prolongados para conhecer melhor a Roménia. O último foi ao Delta do Danúbio.
A visita do Papa Francisco à Roménia foi um acontecimento histórico, único e gostei muito de participar em algumas celebraçóes.
Também o ano passado assisti à parada do Dia da Roménia ao lado do meu marido sem ter sido essa a minha intenção. No ano anterior tinha ficado na rua a fotografar, mas o ano passado, encaminharam-nos, talvez porque não havia já espaço nas diferentes tribunas, para o lugar dos VIPS romenos e, inesperadamente, o Presidente da Roménia, quando chegou, ficou à nossa frente. Na semana seguinte, os media publicaram uma foto com uma montagem a referir na brincadeira, que parecia uma moda de chapéus.
Dos muitos convites para almoçar ou jantar, pela primeira vez fui convidada por uma figura da realeza para um almoço, no Palácio Elisabeta onde a Guardiã da Coroa e o marido vivem. Esta figura é semelhante ao nosso D. Duarte Pio- se o país fosse uma monarquia seria a monarca, com exceção que o pai dela foi mesmo Rei, expulso do trono pelos comunistas num país ainda sob ameaça das tropas soviéticas. Recordo igualmente um convite de um simpático ex Ministro dos Negócios Estrangeiros para uma receção no Dia da Mulher destinada apenas a senhoras estrangeiras a viver em Bucareste, tendo oferecido uma ramo de flores a cada uma. Tratou-se de convite único, nestas minhas andanças.
De todos os meus posts enquanto vivi na Roménia, aquele que me deu mais prazer em fazer e também bastante trabalho foi sem dúvida sobre o escultor Constantin Brâncuși. Viajei na Roménia, para conhecer os locais onde nasceu e estudou, estive em Bruxelas na exposição da Europalia sobre ele e, depois em Paris, fui ao seu estúdio. Decidi escrever em inglês também, para partilhar a minha experiência, visto que não há muita literatura sobre este escultor. Também escrevi sobre outro nome inolvidável da cultura romena: Constantin Brâncoveanu, mas a entrada que, ultimamente, tem tido mais visualizadores é sobre o Museu Storck, em Bucareste.
Espero brevemente voltar às nossas vidas como eram antes de março deste ano, com o anúncio mundial, que a epidemia, se tornara uma pandemia, com os efeitos dramáticos, que todos conhecemos.
Gosto de viajar e aproveitar os fins de semana para sair, mas ultimamente com os casos de covid a subir tenho levado uma vida bastante monótona, todo o dia em casa. Antes, felizmente, tive a oportunidade de visitar as principais regiões da Roménia, onde encontrei sempre gente simpática, conheci castelos, igrejas, museus e gozei as belas paisagens romenas, como aqui fui relatando:..Todavia e desfrutando desta minha vida algo errante, nunca fiquei fascinada, porque o que de facto me interessa, para além da minha família ...
"Quero é viver"
Até quando eu não sei
Que me importa o que serei?
Quero é viver
Amanhã, espero sempre um amanhã
E acredito que será
Mais um prazer
E a vida é sempre uma curiosidade
Que me desperta com a idade
Interessa-me o que está pra vir
A vida em mim é sempre uma certeza
Que nasce da minha riqueza
Do meu prazer em descobrir
Encontrar, renovar, vou fugir ou repetir
António Variações
Adeus Bucareste...Olá Bratislava
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